Se o álbum anterior, "Rebirth", foi na maioria das vezes comandado pelas guitarras, o mesmo não pode se dizer de "Temple of Shadows", quinto álbum do Angra, lançado em 2004. Mesmo que Kiko e Rafael tenham feito um ótimo trabalho, sinto falta dos riffs. Há muita melodia espalhada pelas músicas, que possuem muita identidade cada uma, algo bem difícil de se conseguir em um trabalho com mais 60 minutos de duração, mas que os brasileiros conseguiram com maestria. Por ser uma obra conceitual contando a história de um cavaleiro templário que passa a questionar sua fé e sofre múltiplos perrengues em sua trajetória, acaba influenciando para que tenhamos poucas músicas explosivas, e muitos momentos melódicos, mesmo que eu considere balada mesmo apenas a música "Wishing Well", dentre as demais acusadas de terem seus momentos. "Morning Star" por exemplo, mesmo com toda melodia, ainda tem um trabalho de guitarra bem pesado em algumas partes. Interessante ouvir a voz do Blind Guardian em "Winds of Destination", já que alguns críticos têm o descaramento de dizer que o Angra é uma versão dos alemães, coisa bem bizarra de se dizer. Minha preferência vai para as mais rápidas, como a ótima "The Temple of Hate", um power metal direto ou "Spread Your Fire", que salta aos falantes após a intro "Deus Le Volt" e tem um coral quase à capela para diferenciar seu final. Influência da música popular brasileira? Sim, temos em "Sprouts of Time" e "Late Redemption" com uma participação mais que especial de Milton Nascimento, que fez com que Edu Falaschi se desdobrasse ainda mais para entregar um vocal soberbo. A música "The Shadow Hunter" também deve ser mencionada, com uma estrutura progressiva de bom gosto. A arte da capa mais uma vez merece uma nota alta, que retrata São Jorge numa figura vítrea de igreja, sobre seu cavalo e atacando um dragão, com várias simbologias espalhadas sobre. Se o Sepultura é o lado negro da força do metal nacional, o Angra é o lado da luz.
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