sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

20 anos de Projector do Dark Tranquility


Claro que falar de uma obra prima é muito bom. Assim é Projector dentro da discografia dos suecos do Dark Tranquility. A banda ostenta o título de um dos fundadores do Gothemburg Sound, que depois se tornou Melodic Death Metal ao quebrar as barreiras continentais e ver nascer discípulos pelo resto do mundo. O quarto álbum dos suecos que contavam à época com Mikael Stanne nos vocais, Fredrik Johansson e Niklas Sundin nas guitarras, Martin Henriksson no baixo e Anders Jivarp na bateria, trouxe também Johanna Anderson, a garota contratada para fazer alguns vocais femininos que deixaram o play à beira da perfeição. Projector é com certeza um dos melhores álbuns de Melodic Death da história, e você não terá nada muito extremo ou veloz aqui. São músicas cativantes e com uma interpretação vocálica que poucas vezes se ouviu em uma banda do estilo. Numa mistura épica entre vocais Death Metal e vocais limpos que passam a sensação de um sofrimento tão legítimo, que se você ouvinte se pegar com lágrimas nos olhos não pense que é um molenga. A música tem o poder de arrancar sentimentos de nossas almas que nem nós mesmos conhecíamos. Freecard é o passe livre que você ganha para curtir esta aventura, após um pequeno arranjo de piano, todo o peso possível e almejado pela banda entra em ação. Mas não demora muito para que a melodia apareça junto a um pequeno refrão de vocais limpos, antes de voltar à sujeira para cair de repente numa estrutura suave e de extremo bom gosto. ThereIn na sequência pode ser considerado um dos melhores momentos do trabalho. Os vocais são um tanto guturais  mas bem inteligíveis, e quando ficam limpos, temos talvez o melhor refrão da história do Melodic Death Metal. Como canta este Stanne. Aposto que gente como Aaron Stainthorpe ou Nick Holmes apreciam muito estas vozes de Projector. Undo Control começa com a doce voz de Johanna, e Stanne manda muito bem nos guturais, sendo outro momento riquíssimo do álbum. Auctioned é outra onde impera a sofrência, ótima para aqueles dias de bode que você não quer ver a luz do sol e apenas curtir o tédio e a solidão. To A Bitter Halt tem um início que deve ter servido de inspiração pouco tempo depois para bandas como Theatre of Tragedy, e The Sun Fired Blanks tenta te lembrar que gritando: " Não morra amigo, ainda somos um álbum de Death Melódico!!". Mas Nether Novas volta a ser pura deprê, mesmo que lá na frente volte ao peso com um belo trabalho de guitarras. E agora pára tudo. Day To End com seus míseros 3 minutos vêm para te jogar no abismo caso ainda não tenha chegado lá. Você vai querer cantar junto e ao mesmo tempo lembrar de todas as desgraças de sua vida, como se fosse a única vítima de um mundo injusto e cruel. Mas acorda criatura, pois Dobermann chega para te tirar do transe em que Day To End te colocou, e também pra te lembrar que a viagem está chegando ao fim, pois On Your Time já está aí balançando as paredes e fechando em grande estilo um trabalho lindo e indispensável na coleção de apreciadores de metal extremo com doses cavalares de sofrimento. São 20 anos mas poderiam ser 20 dias de tão atual que Projector soa.   

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