segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

20 anos de Higher Art of Rebellion do Agathodaimon


Acompanhei a carreira do Agathodaimon desde seu debut Blacken The Angel que, para mim, é um dos melhores (senão o melhor) álbum de Symphonic Black Metal da história. E com muita tristeza soube que eles finalizaram atividades há alguns anos, mas deixaram um rastro de ódio entrelaçado à beleza mórbida, como poucas bandas conseguiram. Com um início conturbado, envolvendo vistos para viagem e gravação cancelados ao vocalista Vlad no primeiro álbum (que pôde apresentar apenas os teclados) tendo Akaias como substituto, a uma produção muito longe do essencial nesta obra prima, nos estúdios Magic Sound da Romênia, a banda que tinha Vlad nascido na Romênia (terra do Drácula) e os demais membros da Alemanha, apresentou neste opus letras em romeno e inglês, porém com um resultado infinitamente superior no romeno, que é uma língua que denota ódio e maldade, se utilizadas da forma correta (ou errada, que seja). Mas nem a produção consegue tirar o brilho de Higher Art. Temos em Ne Cheama Pamintul, inspirada no poema Junii Corupti do romeno Mihai Eminescu, uma canção arrastada como o Samael bem soube moldar, com vozes medonhas e passagens mórbidas que nunca se repetem, fazendo com que a faixa que nem é tão longa passe bem mais rápido. Tongue of Thorns vem na sequência apresentando frases faladas e instrumental cavalgado. O interessante é que com todos os problemas envolvendo o visto do debut, a banda manteve Akaias como vocalista e temos aqui uma variedade de vozes excelente, já que são 3 exercendo a função, Vlad, Akaias e o guitarrista Sathonys com as vozes limpas. Na sequência temos o clímax central do álbum, Glasul Artei Viitoare, iniciando nos teclados e seguindo com instrumental carregado e vozes grotescas, num belo trabalho de guitarras, e passagens melódicas de extremo bom gosto, porém nada bonitinho demais como os noruegueses do Dimmu Borgir vinham fazendo, mas aquela beleza mórbida e irônica, de quem sabe que não nasceu para semear amor, mas para apresentar as tragédias com o maior rigor e sabor amargo possíveis. When She Is Mute é outra com um início magnífico, tendo as vozes limpas em primeiro plano, e é uma das que nos fazem pensar onde a banda teria chegado com uma produção de primeira linha, numa época tão favorável ao estilo. E não podemos esquecer de dizer que Body Of Clay, bem acústica, com vozes limpas e sinistras, carregada de tristeza e emoções negativas, é um dos melhores momentos da carreira do Agathodaimon. A banda se recuperou da produção ruim em um álbum ainda melhor, Chapter III que veio na sequência, mas não podemos esquecer de forma alguma Higher Art of Rebellion, um Frankenstein adorável no mundo do Metal Mórbido.

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