quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

20 anos de Sleep Of The Angels do Rotting Christ


Que uma coisa fique clara. Nada é imutável com o tempo. Posto isso esclarecemos duas coisas. Uma que aquela banda grega que balançou a cena com seu Black Metal ríspido e influenciado pela cena mineira (pasmem, mas Sakis sempre amou o metal nacional dos anos 80), que gravou o lindo EP Passage To Arcturo e chegou ao ano de 1999 para lançar seu álbum mais acessível da discografia. Mudaram sim, mas algum tempo depois os fãs perceberam que não adianta tentar adivinhar a sonoridade de um play do Rotting Christ. Eles estão sempre agregando sonoridades ao seu Black Metal. E segundo que eu, como grande fã da banda já há alguns anos, tive um impacto negativo tão grande ao ouvir Sleep Of The Angels que pensei que abandonaria a banda dali em diante. Ledo engano, pois não só os músicos e bandas mudam, mas os ouvidos dos fãs também sofrem mutações, e hoje ouço muito bem e agradeço pela existência deste play. Ainda pode estar apagado numa discografia tão encantadora (ou aterradora) como é a dos gregos, mas é um grande álbum. E a birra não foi porque a banda se enveredou para o lado mais gótico, se tornando um dos expoentes do Dark Metal, porque A Dead Poem, seu antecessor, já trazia isso em excesso e ainda é pra mim um dos melhores do estilo. Mas Cold Colours tem um charme sensacional para abrir o trabalho, e trás um clima enebriante, que não chega ao extremo mas que com certeza jamais seria um tema de novela. Em After Dark I Feel ainda temos corais criados nos teclados e vocais entre rasgados e graves muito bem encaixados. Victoriatus chega mais extrema e já dava uma prévia do que encontraríamos alguns anos depois em álbuns como Sanctus Diavolos. Der Perfekte Traum que tem partes cantadas em alemão e que deram um clima Rammstein bizarro ao som, tem uma das melhores melodias do álbum, falando de sonhos ruins. Faixa que seria o título de um EP lançado no ano anterior. You My Flesh trás uma melodia inicial que poderia estar num destes álbuns mais progressivos do Iron Maiden e depois entra uma guitarra quase espanhola. The World Made End não chega a chamar muita atenção, apesar da tentativa de soar mais brutal, isto prova que a onda da banda no momento era mesmo o Dark/Gothic. Sleep The Sleep Of Angels vem com uma harmonia de guitarra pouco convencional no metal extremo, e poderia estar num álbum do Amorphis por exemplo. Delusions não é um destaque, então o álbum se encerra com Imaginary Zone que ainda que não tão especial poderia estar em A Dead Poem e Thine Is The Kingdom que também lembra bastante o álbum anterior, além de conter as mesmas partes sussurradas por Sakis em alguns versos. Um álbum que chegou assustando e que se cravou nas estruturas do tempo durante estes 20 anos de existência.

Nenhum comentário:

Postar um comentário