A faixa título que abre The Dreadful Hours tem uma introdução de mais de 2 minutos inesquecível. Você pode ficar anos sem ouvir este que é o sétimo filho dos ingleses mais pesados da trindade death/doom mais famosa do limbo, que esta introdução, extremamente triste, lhe trará todas as lembranças desgracentas no primeiro acorde, pode ter certeza disto. De certa forma o My Dying Bride resgata neste álbum um pouco da aura de eras mais sombrias, como no debut. A capa, que para alguns pode se passar por um borrão abstrato, mostra um anjo em radiografia, em uma paisagem carregada, onde os tons fortes de laranja e verde traduzem um nascer ou pôr do sol. Engana-se quem pensa que este é um daqueles casos em que a melancolia arrastada e por vezes entediante levam você sempre na mesma direção. MDB tem o poder de te fazer percorrer os caminhos da tristeza e desilusão e mergulhar num oceano de ódio e desespero com a naturalidade de uma batida do coração. O peso inicial absurdo de "The Raven And The Rose" não mostra que ao final a depressão seja quase tão certa quanto a morte, ou a melodia progressiva de "Le Figlie Della Tempesta", que remete ao clássico "The Angel And The Dark River" possa te arrastar para o porão escuro, enquanto você torce para não fazer nenhum barulho que chame a atenção daquele demônio que percorre as sombras no seu encalço. "A Cruel Taste of Winter" é outra faixa que te dá prazer em ser apaixonado por este estilo, pois te envolve com uma atmosfera decadente e sofrível (no bom sentido) e de repente entra um riff tão bestial, com rosnados tão demoníacos, acompanhados por teclados que fazem um coro grandioso e arrepiante. Este álbum acorda o dragão que dormia no fundo da caverna e traz o My Dying Bride de volta ao topo da cadeia Doom.
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