O Mutilator é uma das quatro bandas que apareceu na mais famosa coletânea de metal do Brasil, a Warfare Noise I, de 1986. Aquele registro mostrou que o metal extremo nacional surgia no mesmo momento em que o metal extremo mundial dava as caras, com o Death e o Black metal surgindo no underground, o que fez com que a cena nacional, em especial a mineira, se sobressaísse junto aos gringos. E o início do Mutilator foi arrebatador, com seus principais registros lançados de 1986 a 1988, arrastando uma legião de fãs, que ficaram extremamente empolgados com o retorno da banda em 2018. Para falar um pouco da trajetória do Mutilator, tivemos a honra de conversar com um dos fundadores, o baterista Rodrigo Neves:
M&L – O Mutilator finalmente retornou às atividades, após muitos anos adormecido. O que motivou esta volta?
Rodrigo - O que fez com que eu e meu irmão (Ricardo) finalmente tomássemos a decisão de retornar com o Mutilator foi um convite feito pelo Igor Podrão (nosso guitarrista) para fazermos um show único num fest de comemoração de 4 anos do programa que ele tinha, o "E aí Cara?!" Ele organizou este fest comemorativo com várias bandas e chamou a gente para participar com um "revival" do Mutilator e aí depois do show decidimos continuar de vez.
M&L – Vocês se surpreenderam ao perceber a força que o nome Mutilator ainda tem após todo este tempo, e o respeito que o logotipo da banda impõe onde aparece?
Rodrigo - Sim, ficamos extremamente surpresos! Isso porque como a banda vinha desativada há anos e anos, a gente não se preocupava tanto em estar observando em redes sociais, revistas e etc, como a banda era querida, respeitada e reconhecida na cena brasileira e até fora do Brasil quando se fala de cena underground, né? Então realmente ficamos muito surpresos.
M&L – Vocês acham que uma parte responsável por este respeito continua sendo a participação na icônica coletânea Warfare Noise I, ao lado de nomes tão fantásticos como Holocausto, Chakal e Sarcófago?
Rodrigo - Certamente que foi sim. Aquela coletânea foi mais um divisor de águas em matéria de metal extremo dentro do país, afinal de contas ela foi lançada em 1986. Eu não me lembro de nada igual lançado no Brasil naquela época.
M&L – Algumas coisas novas que temos ouvido mostram uma banda bem extrema e muito pesada. A ideia é mostrar que a fera acordou faminta?
Rodrigo - Totalmente faminta e com sangue nos olhos. A fim de retomar o que eu e Ricardo sempre tivemos em mente em matéria de Mutilator. Música extrema mesmo, sem se preocupar tanto com trampos complexos.
M&L – Vocês (Ricardo e Rodrigo) não participaram da gravação de "Into The Strange" (segundo full do Mutilator). Qual é o sentimento em relação àquele álbum?
Rodrigo - Cara, eu considero um excelente álbum mas, fazendo uma relação com a resposta anterior, sinceramente não era o que eu e Ricardo tínhamos em mente para os álbuns do Mutilator, depois do Immortal Force. Mas como nós dois estávamos fora e tudo ficou a cargo do grande Magoo (nota: Alexandre Magoo era um dos guitarristas do Mutilator e foi encontrado morto em um hotel da Inglaterra em 1997 quando a banda estava parada), nós respeitamos e o resultado final que ficou registrado. Não deixa de ser o Mutilator de qualquer jeito.
M&L – E quais as principais diferenças entre ele e o Immortal Force?
Rodrigo - Eu enxergo como principais diferenças que foi um disco com menos agressividade e com músicas um pouco mais trampadas. Deixando de ter aquela mescla de Thrash com Death Metal que existia no Immortal Force e fincando mais no Thrash puro.
M&L – Quais são os planos para um novo álbum do Mutilator?
Rodrigo - Opa, temos planos e até composições para um novo álbum, na verdade. Hoje nós estamos com três músicas prontas e que já temos tocado em todos os nossos ensaios. Não vou dizer que estas músicas estarão exatamente como estão hoje quando chegar o momento de gravá-las, mas com certeza a estrutura será a que já esta pronta.
M&L – Como foi a escolha dos membros Igor Podrão e César Pessoa paras as guitarras e do jovem Pedro Ladeira para os rosnados fantásticos?
Rodrigo - Cara, realmente o integrante escolhido por mim e pelo Ricardo foi somente o Igor Podrão, e como nós dois estávamos meio que fora da rota de conhecimento de músicos atuais na cena, nós pedimos para o próprio Igor que se encarregasse de nos indicar mais um guitarrista e um vocalista que ele garantisse que se adaptariam à banda, e ele foi preciso em indicar o César e o Pedro.
M&L – Vocês acham que a cena nacional, em especial a mineira, pode ter o seu melhor momento desde meados dos anos 90, após a pandemia?
Rodrigo - Sim, na minha opinião em particular eu considero que o crescimento da cena brasileira e mineira teve uma melhora a partir de 1995 mais ou menos e daí para frente eu só consigo visualizar crescimento em todos os sentidos
M&L – Uma honra ter o Mutilator em nossa página, em comemoração a 12 anos de amor e divulgação do bom metal. As palavras são todas suas!
bacana ,salve o metal brasileiro
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