M&L – O Posthumous ficou praticamente 12 anos longe do cenário, retornando às atividades em 2017. Por que esta pausa e o que fizeram neste período?
R. Mutilator - "Ao som de Nephast, Immortal Unholy Triumph..." Esta foi uma situação que foi se construindo desde o lançamento do “My Eyes, They Bleed em 1999, quando após o lançamento do mesmo o Marlon (bateria) deixou a banda. Passamos de 1999 a 2005 tentando firmar um baterista e vários passaram durante esse período e isso nos prejudicou bastante, pois tínhamos recém lançado um álbum e acabávamos por ter que negar shows devido a isso. Porém vínhamos compondo normalmente e mesmo com músicas suficientes para mais de um álbum, não vislumbrávamos gravar logo, ou seja, vínhamos ensaiando, ensaiando e ensaiando, sem perspectivas de tocar ao vivo ou de gravar o novo álbum. Esse desgaste, somado aos compromissos profissionais de cada um, acabou por levar a parada em 2005. Durante esse período, basicamente, cada um se dedicou ao trabalho e a família.
M&L – E a primeira participação após o retorno foi em um tributo ao Bathory? Conte sobre ele.
R Mutilator - Na verdade não. A gravação de “Reaper" se deu antes de voltarmos em 2017 e foi gravada pela formação anterior. A proposta era participarmos de um tributo ao Bathory que seria lançado na Europa por uma gravadora alemã e como a gente já vinha há anos amadurecendo uma ideia de voltar à ativa, resolvemos aceitar o convite. “Reaper” foi então gravada pela formação do “My Eyes, They Bleed", mas ainda sem baterista, sendo esta programada. Porém aconteceu que a tal gravadora acabou desistindo do projeto e neste momento já tínhamos gravado a música. Foi então que em contato com o Headhunter DC descobrimos que eles também já tinham gravado uma música para o mesmo tributo e daí começou a surgir a ideia de fazermos um 7” EP. Ele foi lançado em 2019 pela Misanthropic Records com o título “A Brazilian Tribute To BATHORY: Anthems Of Blood, Fire & Death” contendo 3 músicas: Reaper (Posthumous), Total Destruction/Reap Of Evil (Headhunter DC) e Raise The Dead (Tripalium). Vale ressaltar aqui que 1 ano depois, em 2020, “Reaper” entrou na nossa compilação “The Frightening Cold Tomb (Compendium Mortis)”, lançada pela Hammer Of Damnation, mas desta vez com a bateria gravada pelo nosso atual baterista J.V. Acordi.
M&L – Anos atrás o Posthumous já havia sido um dos destaques do Tributo ao Sarcófago, lançado pela Cogumelo. Qual sua opinião sobre aquele tributo?
R. Mutilator - Porra, foi uma baita honra. Ter nosso nome lembrado para participar de um tributo ao Sarcófago por si só já seria uma enorme satisfação, por tudo que ele representa no metal extremo mundial, ainda mais sendo lançado pela gravadora ícone da cena metálica brasileira e por estar junto de bandas renomadas no cenário mundial como Impaled Nazarene, Satyricon, Angel Corpse, Sextrash, Mystifier, Mysteriis...
M&L – Em 2020 o clássico My Eyes, They Bleed foi relançado pela Hammer of Damnation em formato duplo com o nome de The Frightenning Cold Tomb. O que encontramos no CD 2 deste lançamento?
R. Mutilator - A idéia era não fazer um relançamento simples, optamos então por lançar uma compilação contendo toda a nossa história. No CD 1 você encontra o “My Eyes, They Bleed” remixado e remasterizado com exceção de “Christ’s Death” do Sarcófago que está com o áudio original da época e no CD 2 nossa 2ª Demo Tape de 1997 “Lust Upon The Altars Of Blasphemy” remixada e remasterizada, 6 músicas inéditas gravadas em 1996 que também foram remixadas e remasterizadas, nossa 1ª Demo Tape “Posthumous” de 1994 com o áudio original da época e mais 5 covers que gravamos para tributos.
M&L – Vocês já mostraram que gostam de homenagear seus ídolos, e além das versões para Sarcófago e Bathory, temos algumas versões incríveis nesta compilação. Fale sobre elas.
R. Mutilator - Então, foram todos covers gravados para tributos, exceto o de “Christ”s Death” que foi originalmente gravada para entrar no nosso álbum “My Eyes, They Bleed” e que após entrou no tributo da Cogumelo. “Go To Hell” do Motorhead e “The Phantom Of Black Hand Hill” do Running Wild foram convites da gravadora Alemã Remedy Records para participar dos respectivos tributos: “Motormorphosis: A Tribute To Motorhead” e “The Revivalry: A Tribute To Running Wild”, “Reaper” do Bathory está no 7” EP “A Brazilian Tribute To Bathory: Anthems Of Blood, Fire & Death” lançado pela Misanthropic Records e “Riff Raff” do AC/DC foi convite da Secret Service Records para o tributo: “For Those About to Brazil - The Brazilian Tribute To AC/DC”. Todas são bandas que curtimos e que de alguma forma nos influenciaram na nossa jornada musical.
M&L – Quando soltaram a compilação, já havia planos para o lançamento do novo álbum, ou sua repercussão foi o empurrão necessário para a criação deste novo full?
R. Mutilator - Na verdade o que poucos sabem é que quando lançamos a compilação, o novo álbum “Unholy Ceremony” já estava gravado. A nossa idéia sempre foi lançar a compilação para em seguida partirmos para a gravação do novo full, mas como comentei anteriormente, nossa ideia nunca foi fazermos um relançamento simples, queríamos remixar e remasterizar o debut, porém estávamos com uma dificuldade enorme em “ler” as fitas masters de 1998, como o tempo foi passando e não vislumbrávamos conseguir lê-las logo, resolvemos por seguir com a idéia de gravar o novo full, então após a gravação do mesmo eis que o brother Trek de Magalhães conseguiu ler as famigeradas fitas e dar seqüência na remixagem do debut, com isso resolvemos deixar o “Unholy Ceremony” em stand by e soltar primeiro a compilação.
M&L – Muitos fãs já elegeram Unholy Ceremony o melhor lançamento do ano de 2021. Vocês esperavam esta receptividade?
R. Mutilator - Fico realmente envaidecido em ouvir isso, foi um trabalho feito com muito empenho e honestidade e é muito bom saber que nossa obra agrada a muitos outros ouvidos. Falo isso porque acho que quem faz música para tentar o sucesso ou para agradar alguém, está fadado ao fracasso. O Posthumous faz música para auto-satisfação, ou seja, eu componho para me agradar, não pensando se irão gostar ou não, isso realmente pouco me importa. E quando você pergunta se esperávamos essa receptividade, digo que é lógico que não, porém sei que para nós ele ficou perfeito e isso é o que nos importa, mas é óbvio que ficamos muito felizes com todas as mensagens e elogios recebidos porque não existe melhor prêmio para um músico do que ter sua obra reconhecida.
M&L – Fale sobre Unholy Ceremony, começando pela bela arte gráfica até as músicas, que mostram a banda ainda mais próxima do Black Metal trabalhado.
R. Mutilator - A parte gráfica de “Unholy Ceremony” se divide basicamente em 2 excelentes trabalhos, a linda capa de Marcelo Vasco e a magistral diagramação de Luis Lozano. Na capa eu passei uma ideia simplória para o Marcelo e ele desenvolveu com toda a excelência que lhe é própria. Já no design do encarte e do CD em si eu deixei livre para que o Luis criasse e ele magistralmente não se acomodou em criar um fundo qualquer e montar tudo, ele leu a letra de cada música e cada fundo que você vê no encarte do CD tem alguma referência com a letra ali posta. Quanto às músicas, são todas composições entre 1999 e 2005, todas elas deixamos prontas quando paramos em 2005 e acredito que elas seguem aquela linha que estamos acostumados a compor, que é unir a agressividade na sua forma mais veloz ou mais cadenciada com melodias que remetem ao Metal antigo, junto a letras que podem navegar entre as questões mais soturnas e doentias da morte, demonologia, história, o imaginário perverso, blasfêmias, guerras, anti-religião... Quero também aqui exaltar o excelente trabalho feito pela Hammer Of Damnation que não mediu esforços para que tudo saísse perfeito, mostrando uma dedicação e um profissionalismo ímpar.
M&L – Do seu ponto de vista, quais as principais diferenças entre ele e o debut My Eyes, They Bleed?
R. Mutilator - Na verdade eu vejo mais similaridades do que diferenças, pois como já citei todas as músicas foram compostas entre 1999 e 2005, tendo inclusive algumas músicas que poderiam até mesmo ter entrado no “My Eyes, They Bleed”. Acho que a maior diferença foi realmente na questão de gravação, pois neste novo trabalho tivemos mais condições de chegar ao som que queríamos, diferente de 1998 onde tudo era mais difícil e limitado, a questão da formação também pode ser um diferencial porque membros novos, queira ou não, sempre deixam seu jeito ou toque pessoal marcado na músicas.
M&L – Agradeço muito a participação de vocês, por comemorarem juntos os 12 anos de nossa página e o lançamento de seu novo e poderoso álbum. Espaço aberto às suas considerações finais.
R. Mutilator - Nós é que agradecemos pelo espaço e digo que nos sentimos muito honrados em estarmos juntos nesta comemoração dos 12 anos do Metal e Loucuras. Não vejo grandes diferenças entre o trabalho de manter um site/página e uma banda, ambos exigem dedicação e empenho, ainda mais nesse tortuoso caminho que é o Metal Extremo. Agradeço a todos que nos apóiam e quem se interessar por nosso Merch (CD’s e Camisetas) é só nos procurar através de nossa página do Facebook e Instagram, Canal do YouTube, pelo e-mail posthumoushorde@gmail.com ou direto pela loja Black Metal Store. Hail to the true warriors!!!
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