Chamemos apenas de Rhapsody, pois em 2001 era o nome da banda italiana. Um dos pilares do symphonic metal, com grande carga de melodia e uma música sempre comparada a trilhas sonoras de cinema, eles chegavam a seu quarto álbum. Amado por muitos e odiado por alguns fãs mais radicais do Heavy Metal, o Rhapsody colocava a Itália no mapa dos grandes do metal, atraindo olhares para outros gêneros metálicos que começavam a despontar, como o Lacuna Coil. Este álbum é um pouco econômico, mesmo que passe dos 40 minutos, temos apenas 5 músicas com letras (as outras 2 são instrumentais). A faixa título carrega todas as prerrogativas inerentes à banda, mesmo que possamos perceber um avanço nas orquestrações, ocupando mais espaço que o heavy metal em si. Não é uma música que ficou registrada como um grande clássico, como podemos encontrar nos álbuns anteriores, mas vale a pena a audição. Após a bela instrumental "Deadly Omen" temos uma longa faixa chamada "Queen of the Dark Horizons" com corais femininos no início (que duram quase 3 minutos) mas que chama a atenção quando Fabio Lioni abre a boca. Sua voz é única e uma marca registrada para o estilo. Esta música é um espetáculo à parte, com direito a coral em italiano no refrão e interpretação sensacional nos vocais, além de uma letra bem mais obscura sobre bruxaria e não dragões, mesmo que faça parte da história criada pela banda e permeia seus álbuns.. Alessandro Lotta (baixo), Alex Staropoli (teclados) e Luca Turilli (guitarra) se fazem presentes a todo momento, mas aquela passagem aos 10 minutos com solos de Turilli e Staropoli, com o baixo fazendo a camada, ficou linda. Ouça as demais faixas, caso ainda não conheça este trabalho e sinta a magia por trás de uma banda que estourou, mas que após alguns anos ficou maculada por brigas internas. O início de "The Wizard's Last Rhymes" parece o anúncio de uma batalha. Pegue sua espada e aumente o volume!
quinta-feira, 30 de dezembro de 2021
terça-feira, 28 de dezembro de 2021
20 anos de Megalomania do Enslavement of Beauty
Sabe aquele tipo de álbum que você não dá nada por ele ao observar uma prateleira (ou uma exposição no site, que seja), pois quase nunca ouviu falar na banda. A forma do logo da banda talvez faça pensar em algo gótico e o título um death melódico e a imagem talvez será a junção de tudo isso. Mas o pezinho da banda está fincado no black metal sinfônico, com uma enorme porcentagem gótica e a banda nem é sueca, é norueguesa mesmo. Acrescente a este caldeirão uma pitada generosa de Shakespeare e um pano de fundo teatral com letras carregadas de libido. Megalomania é um álbum acima de tudo, muito prazeroso. Você não vai bater cabeça ou cortar os pulsos. Vai saborear como um vinho ou uma peça de teatro onde todos os atores trajam vestes de séculos passados e têm feições vampirescas. Os teclados são o centro das atenções nos instrumentos, mas os fraseados de guitarras parecem fugir da tendência black metal e mergulhar no gótico mais negro que puder encontrar. Você encontra referências a "Covenant" antigo, Cradle of Filth, e coisas do gênero. Os vocais são na maioria das vezes rosnados, com algumas frases e gritos femininos e masculinos e até intervenções eletrônicas de forma comedida, mas o forte mesmo são as melodias que permeiam todo o trabalho. Uma música que indico para quem não conhece a banda seria "Benign Bohemian Brilliance". Ela contém tudo que descrevemos e que irá fazer você amar (ou odiar) a banda. Porque gosto é gosto.
domingo, 26 de dezembro de 2021
20 anos de Chapter III do Agathodaimon!!!
Finalmente os músicos do Agathodaimon tiveram a calma necessária para a gravação de um álbum completo. Após os problemas com visto de entrada do vocalista Vlad no primeiro trabalho e os problemas com produção do segundo play, agora o capítulo III da trajetória gothic/symphonic/black ganhou vida em um trabalho, no mínimo, espetacular. A capa, em tons azuis como de praxe, é belíssima, e ganhou nome do álbum e logo da banda em baixo relevo prateado, bonito e raro há vinte anos. O som do Agathodaimon ficou um pouco mais direto, reduzindo aquelas nuances black metal que dão certa crueza, fazendo com que sua música tivesse mais pompa, com uma produção lapidada nos padrões do death melódico, e se a banda objetivava uma qualidade superior na produção, ela conseguiu. Infelizmente não temos nenhuma música cantada em romeno, era um diferencial nos álbuns anteriores, pois a língua da terra da Transylvânia tem um apelo maligno que casou perfeitamente com o black metal com passagens doom que eles praticavam. Mas aqui temos vocais rasgados por todos os lados com vocais góticos de beleza negra, algumas vezes estes vocais limpos estão à frente, como em "Departure", mas comumente eles são um complemento. "Chapter III" é um trabalho a ser ouvido do começo ao fim, e apreciado a cada bela nota, mas preciso citar duas músicas que fazem dele um dos melhores trabalhos do gênero. A primeira é "Spirit Soldier", a música mais brutal do álbum, com os vocais rasgados inspirando ódio maquiavélico sobrenatural e riffs rápidos que te farão bater cabeça e cair no mosh sem medo de ser feliz. A segunda é um épico que mistura uma tristeza tão real, intercalada a momentos de desespero tão repugnante, que farão com que ela grude em sua mente de imediato. Falo da linda "Sacred Divinity", música que veio para competir com a clássica "Tristetea Vehementa" do primeiro álbum, em beleza, melodias dark e aquele pé no black/doom. Riffs quebrados e um trabalho de bateria de cair o queixo fecham o petardo com a ótima "Burden of Time". Se você ama este estilo e não conhece este opus, está perdendo uma das melhores obras compostas nesta vida.
quinta-feira, 23 de dezembro de 2021
20 anos de The Dreadful Hours do My Dying Bride!!!
A faixa título que abre The Dreadful Hours tem uma introdução de mais de 2 minutos inesquecível. Você pode ficar anos sem ouvir este que é o sétimo filho dos ingleses mais pesados da trindade death/doom mais famosa do limbo, que esta introdução, extremamente triste, lhe trará todas as lembranças desgracentas no primeiro acorde, pode ter certeza disto. De certa forma o My Dying Bride resgata neste álbum um pouco da aura de eras mais sombrias, como no debut. A capa, que para alguns pode se passar por um borrão abstrato, mostra um anjo em radiografia, em uma paisagem carregada, onde os tons fortes de laranja e verde traduzem um nascer ou pôr do sol. Engana-se quem pensa que este é um daqueles casos em que a melancolia arrastada e por vezes entediante levam você sempre na mesma direção. MDB tem o poder de te fazer percorrer os caminhos da tristeza e desilusão e mergulhar num oceano de ódio e desespero com a naturalidade de uma batida do coração. O peso inicial absurdo de "The Raven And The Rose" não mostra que ao final a depressão seja quase tão certa quanto a morte, ou a melodia progressiva de "Le Figlie Della Tempesta", que remete ao clássico "The Angel And The Dark River" possa te arrastar para o porão escuro, enquanto você torce para não fazer nenhum barulho que chame a atenção daquele demônio que percorre as sombras no seu encalço. "A Cruel Taste of Winter" é outra faixa que te dá prazer em ser apaixonado por este estilo, pois te envolve com uma atmosfera decadente e sofrível (no bom sentido) e de repente entra um riff tão bestial, com rosnados tão demoníacos, acompanhados por teclados que fazem um coro grandioso e arrepiante. Este álbum acorda o dragão que dormia no fundo da caverna e traz o My Dying Bride de volta ao topo da cadeia Doom.
quarta-feira, 15 de dezembro de 2021
20 anos de Digimortal do Fear Factory!
Os americanos do Fear Factory chegavam a seu quarto álbum em 2001, e ficava claro que o processo de digitalização de seu som foi elaborado de forma gradativa a cada trabalho. Se em "Souls of a New Machine" tínhamos uma banda de Death Metal com incursões industriais, em Digimortal temos uma banda de Industrial com elementos post-thrash agressivos com muito groove. Mesmo que o som mantenha a pegada e a distorção do álbum anterior, o acima da média "Obsolete", aqui o metal perde mais espaço. Mas o peso está lá, fazendo os alto-falantes vibrarem como se estivessem prestes a explodir. Os vocais de Burton Bell continuam sendo um dos maiores atrativos, mesmo que as partes mais clean às vezes soem enjoativas, quando o cara berra, se torna uma fera descontrolada. Na faixa que abre o play, a ótima "What Will Become?" ele até soa como Max Cavalera, em trabalhos do Soufly ou Cavalera Conspiracy, Em "Invisible Wounds (Dark Bodies) o frontman surpreende com vocais que vão dos limpos (com uma captação excepcional) aos gritos com uma propriedade que poucos (naquela época) se arriscavam. "Acres of Skin" é uma das músicas mais pesadas da carreira, mostrando que o carismático Dino Cazares se consolidava como um dos guitarristas mais pesados do planeta. Se você aprova misturas inusitadas no metal, "Back The Fuck Up" é um prato cheio, com o vocalista B-Real do Cypress Hill dando uma palhinha num rap rasgado, daqueles que se tu botar pra rolar no talo, seu vizinho vai chamar a polícia achando que alguém invadiu sua casa e ligou seu som sem seu consentimento. Estas miscelâneas ficam legais, desde que você faça em uma única música em toda sua carreira. O baixo de Christian Wolbers não quer aparecer mais que ninguém, mas se faz presente e preenchendo espaços, como na agressiva "Hurt Conveyor". E o batera Raymond Herrera continua martelando muito bem seu kit, principalmente nas partes mais furiosas. Produção, equalização e timbragens perfeitas. O álbum fecha com a forte e introspectiva "(Memory Imprints) Never End".
terça-feira, 14 de dezembro de 2021
domingo, 12 de dezembro de 2021
Vamos de HeadHunter DC, criaturas!
Vamos de Headhunter D.C. criaturas!
Música: Why Wars
Álbum: Burn...Suffer...Die...(1991)
Selo: Cogumelo Records
Por quê Guerras?
O sofrimento, a dor e a solidão
Entre suicídios e terror
O medo cria desespero
Será que este inferno tem um fim, ou não?
Gritos de sofrimento espalhado
Através do obscuro
O sentido da vida é matar
Ou morrer agora!
Morte, sangue, dor
Guerras, por quê guerras?
Porcos sujos lutando contra si mesmos
Se destruindo lentamente
Basta pensar sobre seu próprio poder
E foda-se o resto!
Não podemos deixar que esses filhos da puta
Fodam com tudo
Porque um dia tudo vai terminar
Não haverá lugar para o verde ou azul
Haverá um mundo podre
Onde a dor e a solidão vai reinar
Acima de lágrima de sangue e de culpa
Não há nenhum significado para essas coisas
As guerras não têm nenhum sentido!
Nós não precisamos delas para viver
Nós não precisamos de um pesadelo
Precisamos de paz e conscientização
Que a vida não é apenas o poder e os triunfos
20 anos de Rebirth do Angra!!!
A vida do Angra nunca foi das mais tranquilas, principalmente após o sucesso alcançado com o primeiro álbum, o aclamado "Angels Cry" de 1993. Em 2001 a banda, que já era um sucesso gigante, em mercados como o nacional e o japonês, lançava seu quarto trabalho sob o olhar apreensivo de fãs e atento dos críticos, pois apresentava um novo vocalista, o pouco conhecido Edu Falashi, até então frontman do Symbols, assim como o baixista Felipe Andreoli, (Karma, Firesign, Di'Anno) e do baterista Aquiles Priester (Hangar), depois da ruptura repentina de André Matos, Confessori e Luis Mariutti. A arte, mais uma vez criada por Isabel de Amorim, é de tirar o fôlego, e mesmo que a imagem original da estátua do anjo já existisse e também estampou capas de álbuns do Death SS e The Doors anos depois, a montagem da artista sobre um mundo com o que parecem reservatórios de petróleo (10 anos antes vivíamos a guerra no Golfo e o controle do petróleo foi um dos maiores motivos) e as cores utilizadas por ela, deram vida própria à imagem que é uma das mais belas do Angra até hoje. Já o som do Angra foi um deleite para seus admiradores, considerado por muitos uma volta às raízes da banda, sem muitas influências brasileiras (ok, Unholy Wars parece desmentir isso) ou a velocidade inerente ao power metal melódico. "Rebirth" é um álbum com mais alma, e os novos integrantes chegaram prontos para fazer história, cada um se destacando em seu posto, mesmo que as guitarras de Kiko Loureiro e Rafael Bittencourt ditem a maioria das regras. Complicado citar as melhores, temos momentos excelentes em todo o álbum, aquela sensação meio "Savatage" na faixa título, a complexidade muito natural da já citada "Unholy Wars", os momentos de teclados e violão de "Judgement Day"... Um grande álbum, senão um dos melhores da carreira da banda. A prova de que mudanças trazem desafios àqueles que tiverem inteligência e talento para se superar,
quarta-feira, 8 de dezembro de 2021
20 anos de Monumension do Enslaved!
Este é um dos álbuns em que mais tive dificuldade em começar a resenhar. Começando pela arte da capa, que parece simples, mas contém vários elementos embutidos, e sentindo falta do logo clássico. E mesmo que a clareza não seja sua maior qualidade, é uma bela arte. Mas e o som? Longe de ainda ser o clássico e indecifrável black metal norueguês, Monumension se inicia com "Convoys To Nothingness", uma das músicas mais estranhas que você ouvirá na vida. As mudanças de andamentos, ritmos e melodias é tão abrupta e repentina que a sensação é de estar num carrinho de trem fantasma dentro do labirinto de Fauno numa velocidade não permitida. Os vocais de Grutle Kjellson de início caminham pela escuridão a que estamos acostumados, mas o instrumental parece uma jam frenética. O primeiro sentimento é de desorientação e uma certeza de que será a última audição do opus. Quando entra "The Voices" esta certeza vai ganhando força e você já não sabe porque ainda não apertou o stop e venceu a tentação de colocar Frost no lugar. E quando rola "Vision: Sphere of the Elements" você já descobriu que quer ouvir o álbum até o fim. Sim, em meio ao borrão de piche ainda se encontra muitas flores e o jardim das trevas poderia ser aquele rodeando a torre negra perseguida pelo pistoleiro e Vision... em especial, é uma faixa bem interessante, assim como outras como "The Cromlech Gate", "Enemy I" e a quase tradicional "Smirr". Os vocais limpos acabam sendo um aperitivo bem vindo e a faixa bônus "Sigmundskvadet" uma canção viking sensacional. Imaginei que não voltaria a ouvir este trabalho após a resenha, mas já voltei a algumas músicas enquanto termino. Como é louco e caótico o nosso mundo.
domingo, 5 de dezembro de 2021
20 anos de At The Gates of Utopia do Stormlord!!!
O Stormlord de Roma, na Itália, continua percorrendo os caminhos do underground e acredito que exclusivamente por ter nascido em um país de quase nenhuma expressão no metal extremo, salvo alguns exemplos, porque se dependesse apenas do som excepcional que praticam, com certeza teriam cruzado oceanos conquistando o mundo. Em "At The Gates of Utopia", seu segundo trabalho, os italianos seguem o mesmo caminho de "Supreme Art of War", com um black metal rápido e épico, com temática bélica e muitos teclados acompanhando riffs ora cavalgados, ora beirando a antiga escola do thrash alemão. A diferença é que este play está melhor produzido dando um pouco mais de força nas guitarras de Pierangelo Giglioni. Um segundo guitarrista foi adicionado ao grupo pouco depois, Giampaolo Caprino, e o vídeo clipe nojento para a ótima "I Am Legend" foi produzido com ele no line up. O vocalista Cristiano Borchi se soltou bem mais neste play, além de melhorar a performance nos vocais que não são os tradicionais rasgados. A cozinha continua sendo preparada por David Folchitto na bateria e Francesco Bucci no baixo, e para os teclados foi recrutado desta feita Simone Scazzocchio, que continuou a proposta inicial de acompanhar o instrumental sem destoar da pancadaria. O álbum em um todo é melhor que o debut, porém é mais homogênio, o que torna o debut um clássico com músicas que têm vida própria. "At The Gates of Utopia" tem no peso da guitarra quase death metal de músicas como "A Sight Inwards", "I Am Legend" e a poderosa "The Curse of Medusa" um diferencial que alegra os batedores de cabeça. A versão mexicana do álbum, pela Scarecrow Records, traz 2 covers, um para "Baphomet" do Death SS e outra ao vivo para "Creeping Death" do Metallica, mostrando que o lado thrash presente no instrumental da banda não é por acaso.
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