É até estranho escrever que o primeiro full álbum do Cirrhosis de Uberlândia, Minas Gerais, tenha sido lançado apenas em 2002, uma vez que a banda já era nacionalmente peça importante do cenário extremo. Porém seu principal trabalho até o momento era o saudoso split "Alcohol Rules" ao lado da banda Lou Cyfer em 1991 pela Cogumelo. "Alcoholic Death Noise" bebe na fonte do mais puro death metal mineiro e despeja música extrema de excelente qualidade, tendo à sua frente o saudoso Juarez Távora, nosso amigo Tibanha, que algum tempo depois deste álbum foi expulso de sua banda, por conta de bebedeiras. Mas o que seria do Cirrhosis se não fosse o álcool, isso nem justificaria o nome da banda, não é mesmo? Claro que Tibanha voltaria anos mais tarde, porém sem conseguir completar mais um trabalho, que ele estava gravando quando veio a falecer em 2020 pegando todos nós de surpresa e deixando uma grande lacuna em nosso cenário, tanto na luta do underground por um espaço, quanto na pessoa de coração enorme que era. A capa, com toda luxúria, inferninho e bebedeiras inerentes à banda, foi uma criação de Ricardo Sá, que também desenhou a arte de "Alea Jacta Est" do Dorsal e "Worship Flesh" do Lou Cyfer. O álbum abre com a curta intro "The Sin" no melhor estilo "Bestial Devastation" emendada com uma porrada chamada "Sexual Delight". Guitarras em baixa afinação e palhetadas abafadas, baixo gordo e uma metranca de excelente qualidade, enquanto os urros de Jurez lembrem algo do álbum "Hate" do Sarcófago. A faixa título é a melhor do álbum, com vocais com eco e um trabalho de guitarras sensacional, cru, raivoso e visceral, totalmente MGArea Old School. As letras das singelas canções lembram o que faz o Sextrash, ou seja, sem nenhum pudor e com perversão no maior grau. Produzido por Gerald Minelli, baixista do Sarcófago, o álbum ainda conta em seu desfecho com uma versão matadora para "Midnight Queen", clássico eterno do death metal nacional. Sabe porque este lançamento de 2002 não foi considerado perfeito? Porque não teve "Alcohol Rules" como bônus. Um erro que espero que a Cogumelo corrija algum dia.
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