Que a minha mão esquerda que ama o "Bonegrinder" não veja o que estou escrevendo com minha mão direita nesta resenha de 20 anos de "By The Grace of Evil" dos mineiros do Drowned. Porque o terceiro full dos quebradores de ossos é o álbum mais notável da discografia da banda. Da arte gráfica, a cargo do vocalista Fernando Lima pela primeira vez em sua própria banda, ao último segundo tocado, este trabalho mostra uma banda com a criatividade escorrendo pelos poros. O título do álbum, para continuar com a saga de nomes com a letra B, é uma sacada inteligente, e mostra bem o que as letras mais demoníacas da banda viriam a dizer, e todas as ilustrações no encarte, com seus pazuzus e afins condizem com o título. Aquele gárgula chifrudo com a língua de fora em tons azuis e borrões de vermelho emulando sangue trouxe uma arte fria e muito bonita (pras pessoas de mal gosto como nós, tenho que concordar). E o que torna este petardo melhor que os anteriores? Logo no início de "XIII Chapter (Nothing Stops the Killing)" temos um som mais cadenciado, e essa característica acaba sendo um pouco mais preponderante no álbum em decorrência de "Butchery Age", "Back From Hell" ou "Bonegrinder", álbuns mais viscerais no sentido da velocidade. Mas "By the Grace..." não chega a ser um álbum arrastado, muito menos cheio de groove, ainda é death thrash em sua essência, e músicas como "... only a Business", para citar só uma, tem muita velocidade e um riff bem forte. Mas as melodias que aparecem em forma de dedilhados, ou os vocais limpos, ou quase limpos do guitarrista Marcos Amorim, dão aquele tom melódico ao petardo, ao contrário de "Butchery Age" onde os riffs de guitarras eram mais melódicos. Este álbum também tem o privilégio de ter a melhor música já composta pela banda, a sensacional "Ak-47", uma música até curta (menos de 4 minutos) para se tonar um clássico, mas que tem um poder de fogo como pequenos petardos têm poder de ter (quem lembrou de Aces High aí?). Ela tem um intervalo onde um dedilhado acompanhado pela bateria te empurra para um clima ameno e logo em seguida te traz de volta para a violência sonora novamente, além de apresentar um solo soberbo de guitarra. Outra preocupação dos músicos do Drowned neste play foi com os refrãos, muito bem encaixados e na maioria das vezes com rimas perfeitas, como em "The Son Will Not Return", além dos riffs cavalgados que esta faixa tem, outra das melhores do álbum. Se você não conhece o Drowned a fundo, ou este álbum em específico, faça o favor de conferir essa pérola, que afirmo com segurança, ser um dos maiores lançamentos do selo Cogumelo nos últimos 20 anos!
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