domingo, 31 de outubro de 2021

20 anos de Unholy March do Evil do EvilWar!!

 


Este opus excepcional da horda curitibana EvilWar está completando 20 anos de lançamento, mas já foi resenhado duas vezes em nossa página. A primeira, em 13 de julho de 2014 quando fizemos uma seleção com os melhores álbuns do metal nacional, e a outra, em 13 de dezembro de 2020 (13 de novo por pura coincidência?) quando fizemos o dezembro verde & amarelo, e falamos de 31 álbuns fantástico de nosso cenário, cada um num dia do mês. Agora Unholy March completa 20 anos e não é mais tão necessário descrever tudo sobre ele, mas deixaremos os links dos posts citados para quem tiver interesse. Vale ressaltar que para o Black Metal nacional, que já estava consolidado, este trabalho trouxe uma dimensão de qualidade impressionante, tanto na arte gráfica quanto no som, que traz características death metal incrustadas no metal negro. Fica o registro de uma obra que dificilmente voltará a ser relançada, porque a banda está inativa há (novamente) 13 anos!!! 

http://blast-metaleloucuras.blogspot.com/2014/07/unholy-march.html

http://blast-metaleloucuras.blogspot.com/2020/12/dezembro-verde-amarelo-10-unholy-march.html



sábado, 30 de outubro de 2021

Entrevista com Overdose!!!

 


O mundo dá voltas e mais voltas e poeticamente falando, isto é incrível. Ter a oportunidade de conversar com alguém que há quase 30 anos já era seu ídolo, tocando numa banda que você ama desde a primeira audição de Século XX num split emprestado por amigos, é mais que sonho realizado, é um dos ápices nesta jornada gratificante que se tornou o Metal e Loucuras. Overdose faz parte da gênese do metal nacional, e sua importância para a prosperidade desta cena está cravada nos pilares da existência do Heavy Metal. São dinossauros vivos em um país de terceiro mundo que não valoriza esta arte imortal que é o metal e isso já é digno de muito respeito. Cláudio, guitarrista fenomenal e pessoa sensacional, com seu jeito mineirês de ser, desceu do palco de um festival no estacionamento do Mineirão em 1997, quando tocaram junto de Megadeth, Queensrÿche e Whitesnake, e foi abordado por dois moleques que pediram autógrafo num pedaço de papel de pouco mais de 3 centímetros, que ele concedeu com um sorriso no rosto. Um destes moleques era eu, que jamais imaginava que estaria aqui hoje trocando palavras com este músico fenomenal. Um pouco da história do Overdose segue para vosso deleite, criaturas noturnas. Aproveitem, pois o mundo continua dando voltas!

M&L – Há mais ou menos 1 ano conheci uma pessoa, tratando de serviços profissionais e, conversa vai e conversa vem, quando ele soube que tenho um espaço do Heavy Metal em casa, ele disse que tinha o prazer de fazer parte do início do metal em Minas. Pensei que ele estava “viajando” mas se tratava de Rubão, o baterista de uma das primeiras formações do Overdose. O que vocês lembram desta época?

Cláudio - Rubão é um grande cara e foi muito importante no começo do OverDose em 1983. Foi uma época muito divertida, pois foi o nascimento do OverDose. Tudo era novo e nós éramos a primeira banda de Heavy Metal de BH. Os shows eram muito legais, e aos poucos fomos polarizando todos os fãs de Metal. Ensaiávamos na sala de estar da casa do Rubão e vários amigos começaram a ir aos nossos ensaios. Época de ouro, na qual o OverDose começava a se definir enquanto banda e a criar nome no espaço musical da cidade.


M&L – Há muitas lendas envolvendo Sepultura e Overdose nos primórdios, como aquela que diz que vocês convidaram o Sepultura para o split de 1985 e que os caras arranhavam o lado do Século XX do vinil quando iam apresentar o álbum aos gringos. Mas nunca ouvimos o Overdose depreciando a banda dos Cavalera por estas coisas. Elas realmente não passam de lendas ou o Overdose não se ressente delas porque sabe que teve sua oportunidade e espaço no exterior?

Cláudio - Não sei exatamente quais são as lendas, ou o que elas possam trazer de verdade. Essa história dos caras do Sepultura falarem para os amigos arranharem o lado do OverDose foi uma das que mais ouvi, não sei se é verdade ou não. Ainda somos amigos do Paulo e do Andreas, mas não tem como negar que esperávamos ter tido mais apoio do Sepultura em determinados momentos, principalmente quando estávamos no mercado mundial.

M&L – Na virada dos anos 80 para 90 tínhamos bandas do Brasil gravando em Belo Horizonte e procurando um contrato de lançamento com a Cogumelo. Por que Overdose lançou o ...Conscience... pela Heavy Discos (Dorsal, Azul Limão e outros)?

Cláudio - Fizemos uma reunião com os caras do Sepultura e fechamos um acordo no qual iríamos


pressionar a Cogumelo para aceitar algumas exigências no contrato para os próximos discos. Depois de um tempo, sem nenhuma comunicação prévia, ficamos sabendo que o Sepultura tinha assinado com a Cogumelo e já ia lançar seu próximo disco. A Cogumelo acabou negando a nossa proposta e ficamos sem gravadora. Tivemos que gravar o Conscience com o nosso próprio dinheiro e depois fizemos um acordo com a Heavy Discos para distribuir o álbum.

M&L – You’re Really Big! veio com capa futurística e com Nuclear Winter como carro chefe. Muitos fãs aguardam este relançamento. Fale deste álbum.


Cláudio - O Big é um dos álbuns que mais gosto do OverDose! Considero esse álbum como um dos precursores do Prog Metal, pois em 1989 ainda nem existia nada que fosse classificado nesse estilo. As guitarras são muito trabalhadas, com um virtuosismo que não existia na época no Brasil, foi inspiração para muitos guitarristas por aqui. O disco contou com a participação especial do Fábio Ribeiro, tecladista que depois integrou o Angra e o Shaman, entre várias outras bandas. Realmente está sendo um dos relançamentos mais esperados e está previsto para o começo do ano que vem.

M&L – E Addicted To Reality apresentou, além de um logo novo, um som um pouco mais pesado que os dois full anteriores. A receptividade deste álbum foi fundamental para o que viria nos álbuns posteriores?


Cláudio - Pelo contrário, pois a receptividade não foi tão boa na época, hoje em dia mais pessoas gostam dele do que quando foi lançado. O Addicted é um disco de transição entre o Prog Metal do Big e o Thrash do Circus, e acho que ficou mais marcado por isso do que pela qualidade de suas músicas e da originalidade da mistura. Acho que foi muito injustiçado, pois nosso antigo público achou ele muito pesado e a galera do Thrash achou muito leve. Pessoalmente, gosto muito do Addicted, pois acho as músicas muito boas, indiferentemente do rótulo.

M&L – Chegamos em 1992, com um dos melhores registros que o metal nacional já teve, o Circus of Death. Essa mudança de um som mais melódico para a agressividade do Thrash foi natural ou o Overdose resolveu sair do lugar comum e tentar algo diferente?

Cláudio - As duas coisas, de uma certa forma. Tivemos que sair da nossa zona de conforto, pois já tínhamos um estilo próprio de compor e tocar. Mas eu, o Bozó e o André estávamos ouvindo mais bandas de Thrash do que qualquer outra, a pesar de que nunca fomos radicais em nada. Só o Fernando relutou um pouco para aceitar a Sweet Reality, pois achou muito pesada. A partir daí, comecei a compor músicas mais na onda das bandas que estávamos curtindo: Metallica, Anthrax, Forbidden, Exodus, Pantera...

M&L – E por que Circus of Death foi relançado com aquela capa horrível tempos depois? (político com nariz de palhaço) “risos”. Imposição do mercado americano ou a banda queria fugir da imagem de crítica religiosa que a capa original passava?

Cláudio - Por um lado, realmente sofremos muitas críticas pela capa original, como se fosse uma falta


de respeito com Jesus Cristo. Mas a crítica religiosa é somente uma das que pretendemos fazer na capa, acabou ficando uma coisa meio chata ser taxado de satanista! (risos). Mas, o que foi decisivo foi a tentativa de criar um estilo mais próximo do Progress e do Scars, que já haviam sido lançados no exterior. Queríamos que fosse uma foto ao invés de desenho, mas também não gostamos do resultado, por isso o relançamento voltou a ter a capa original.

M&L – Progress of Decadence traz uma sacada no título e na imagem da capa, podendo ser lido como Decadence of Progress. A crítica social foi muito além neste trabalho, que também é um dos mais pesados da carreira. Nele o Bozó começou a tocar percussão, incorporando um pouco de ritmo brasileiro ao som.


Cláudio - A crítica social acompanha o OverDose desde os seus primórdios, mas realmente ficou mais ácida e menos poética nesse álbum. A saída do Fernando contribuiu pra isso. Antes o Fernando era o meu parceiro nas letras, e o Fernando é um puta escritor, muito bom nas rimas e nas poesias. Já o Sergio, que passa a ser o meu parceiro com a saída do Fernando, é mais pro Punk e Hardcore de New York. As minhas letras sempre foram políticas, mais descritivas do que realmente poéticas, então perdemos esse lado poético e ganhamos em críticas sociais. A percussão do Bozó surgiu das brincadeiras que o Bozó fazia nos ensaios desde os anos 80. Ele costumava fazer percussões brasileiras no surdo da bateria. Daí surgiu a ideia de acrescentarmos elementos percussivos no som da banda, queríamos fazer algo que fosse realmente novo dentro do Metal. Logo após o Circus, ainda em 92, já tocávamos Street Law nos shows. Como todos gostaram da ideia, outras músicas com percussão foram surgindo.

M&L – Em 1995 o Overdose lançou Scars por um selo gringo, e só em 2018 este álbum foi lançado no Brasil. Acha que isso fez com que o público tivesse um conhecimento menor deste play? Nele Bozó até criou um dialeto novo que ficou sensacional.

Cláudio - Acho sim, não só por não ter saído no Brasil, mas também porque não teve apoio da


gravadora na divulgação e investimento em geral. Quando o Scars foi lançado, a diretoria da nossa gravadora tinha acabado de ser trocada. O presidente que foi embora foi o A&R que contratou o OverDose, mas o novo presidente contratou o My Dying Bride. Nesse momento deixamos de ser a atenção da gravadora, pois todos os investimentos estavam voltados para a nova banda. O Scars é um disco que não foi trabalhado pela gravadora, considero o mais injustiçado do OverDose!

M&L – A banda encerrou atividades por volta de 1997 e ficou quase 20 anos fora de cena. Os fãs imploravam por um retorno e ele veio. Uma das primeiras apresentações foi aquela ao lado do Mineirão promovida pelo Bloco dos Camisas Pretas. Confesso que a única vez que chorei num show foi naquele dia ouvindo Anjos do Apocalipse, algo que pensei que nunca aconteceria de ouvir. O que significou pra vocês aquela apresentação?

Cláudio - Que doido o lance da Anjos, muito massa saber isso! O Bloco dos Camisas Pretas foi muito foda, mais de 20 mil pessoas, foi emocionante demais!!! A sensação de estar de novo no palco é muito foda, tinha muitos anos que eu não tocava! Foi muito massa ver a galera cantando as músicas do OverDose, principalmente a meninada! É muito gratificante ver que o som da banda sobrevive há décadas!

M&L – Tiago Vitek foi anunciado recentemente como novo baterista e já está ensaiando. Há planos de voltar aos palcos assim que vencermos esta pandemia?

Cláudio - Há sim, estamos ansiosos pra voltar aos palcos!!! E aproveitem, pois eu e o Bozó somos dois velhinhos de 55 com corpinho de 80!!! (risos) Daqui a pouco não vamos mais conseguir subir no palco, principalmente ele cantar! (risos).

M&L – A pergunta que não quer calar. Todos anseiam por um novo álbum do Overdose. Isso está nos planos?

Cláudio - Não temos planos de lançar um novo álbum, talvez um single com 2 músicas. Tenho duas músicas novas guardadas aqui, esperando o Sergio fazer letra pra elas. Também estou na torcida, vamos ver se a gente consegue engatilhar pelo menos essas 2 músicas novas!

M&L - O que vocês acham que vai mudar na cena metal e no mundo, em relação à pandemia que vivemos nos últimos dois anos?

Cláudio - Difícil prever quais serão as mudanças. Acho que uma maior interação entre os fãs e os músicos através das lives e redes sociais deve continuar. Ainda estou preocupado com o fim da pandemia, pois ainda há muita gente morrendo. Após a pandemia, a crise econômica me preocupa muito, pois a bomba sempre estoura para o lado dos mais fracos. Me preocupo muito com a miséria e a fome, que vêm aumentando muito nos últimos anos e cresceu muito com a pandemia. Em um mundo onde temos um incrível acúmulo de riquezas, a fome não pode ser aceita.

M&L – Uma honra ter o Overdose em nossa página, neste momento especial em que comemoramos 12 anos. O espaço é todo seu!

Cláudio - Eu gostaria de agradecer pela oportunidade, é um grande prazer participar dessa comemoração! Gostaria também de agradecer aos fãs de OverDose por quase 40 anos de reconhecimento e carinho. Continuamos na estrada por causa de vocês!!! Sigam o OverDose no Facebook e no Instagram e ouçam no Spotify, Deezer e outras plataformas. Se alguém se interessar pelos relançamentos do OverDose, pode me procurar no Facebook -"Claudio David", que tenho algumas cópias pra vender, ou procurar nas lojas especializadas. Os relançamentos são em digipack, com o CD completamente remasterizado, com DVD de shows de época e livreto com letras e fotos. Abraços para todos!!!

domingo, 24 de outubro de 2021

20 anos de A Fine Day To Exit do Anathema!

 


Considero "A Fine Day To Exit" o último registro da segunda fase do Anathema da Inglaterra. Mesmo não tendo acompanhado muita coisa da terceira fase, o que percebemos é que este álbum é um divisor de águas, onde a banda começou a deixar de lado aquele detalhe essencial que ainda interessava aos antigos fãs de death/doom, que é a melancolia. Se o peso e os guturais já eram coisas de um passado distante, a tristeza ainda mantinha fiés seguidores do termo "doom" em seu melhor estado, e assim abre o opus, com "Pressure", uma grande música, mas que talvez mostre Vincent Cavanagh um pouco tímido em relação àquilo que ele já era muito bom, soltando a voz com mais expressão, talvez sentindo o que a música precisava, algo em melhor estado ao ser ouvido ao vivo. Não me entendam mal, a música é perfeita, só senti que o vocalista estava um pouco preso se comparado a músicas do "Judgement" por exemplo. A segunda faixa para muitos é ainda melhor, "Release", mantendo a tristeza em evidência e com o som do baixo destacado de Dave Pybus (que depois foi para o Cradle of Filth), talvez o melhor baixista do Anathema após a era Duncan Patterson. "Looking Outside Inside" muda um pouco o clima do álbum, como se alguém estivesse saindo do limbo acordando para a vida após um longo período de luto, mas com os sentimentos presos ao passado. O play segue com as boas "Leave No Trace" e "Underworld" mas volta a se destacar com a belíssima "Barriers", com a ajuda da voz angelical de Lee Douglas, irmã do baterista John Douglas, na banda desde sempre. Então temos uma música bem diferente, "Panic", tanto na letra que soa confusa, quanto no ritmo acelerado, fugindo do padrão do álbum. Ela destoa? Não! Pelo contrário, é um dos grandes momentos do trabalho, mesmo que isso possa parecer loucura. Então temos outro momento belíssimo, com a faixa que nomeia o álbum. Mesmo que a letra tente provar o contrário ("você tem que enfrentar isso de frente/então você pode inverter essa coisa/porque isso não está certo), o que vemos na arte de capa e contra capa do álbum mostra que o personagem não conseguiu enfrentar da forma correta, não é mesmo? Enfim, a música triste do Anathema mais uma vez nos fazendo pensar e questionar sobre as mazelas da vida! O álbum fecha com "Temporary Peace", com uma das melhores melodias da carreira da banda, totalmente acústica, com Danny Cavannagh mostrando que seus sentimentos gotejam das pontas dos dedos. Temos uma faixa escondida após frases e efeitos sonoros no decorrer do tempo detinado à "Temporary Peace" e uma faixa escondida chamada "In The Dog's House", que não acrescenta em nada ao opus.  

Entrevista com Mutilator!!!

 


O Mutilator é uma das quatro bandas que apareceu na mais famosa coletânea de metal do Brasil, a Warfare Noise I, de 1986. Aquele registro mostrou que o metal extremo nacional surgia no mesmo momento em que o metal extremo mundial dava as caras, com o Death e o Black metal surgindo no underground, o que fez com que a cena nacional, em especial a mineira, se sobressaísse junto aos gringos. E o início do Mutilator foi arrebatador, com seus principais registros lançados de 1986 a 1988, arrastando uma legião de fãs, que ficaram extremamente empolgados com o retorno da banda em 2018. Para falar um pouco da trajetória do Mutilator, tivemos a honra de conversar com um dos fundadores, o baterista Rodrigo Neves:

M&L – O Mutilator finalmente retornou às atividades, após muitos anos adormecido. O que motivou esta volta?

Rodrigo - O que fez com que eu e meu irmão (Ricardo) finalmente tomássemos a decisão de retornar com o Mutilator foi um convite feito pelo Igor Podrão (nosso guitarrista) para fazermos um show único num fest de comemoração de 4 anos do programa que ele tinha, o "E aí Cara?!" Ele organizou este fest comemorativo com várias bandas e chamou a gente para participar com um "revival" do Mutilator e aí depois do show decidimos continuar de vez.

M&L – Vocês se surpreenderam ao perceber a força que o nome Mutilator ainda tem após todo este tempo, e o respeito que o logotipo da banda impõe onde aparece?

Rodrigo - Sim, ficamos extremamente surpresos! Isso porque como a banda vinha desativada há anos e anos, a gente não se preocupava tanto em estar observando em redes sociais, revistas e etc, como a banda era querida, respeitada e reconhecida na cena brasileira e até fora do Brasil quando se fala de cena underground, né? Então realmente ficamos muito surpresos.


M&L – Vocês acham que uma parte responsável por este respeito continua sendo a participação na icônica coletânea Warfare Noise I, ao lado de nomes tão fantásticos como Holocausto, Chakal e Sarcófago?

Rodrigo - Certamente que foi sim. Aquela coletânea foi mais um divisor de águas em matéria de metal extremo dentro do país, afinal de contas ela foi lançada em 1986. Eu não me lembro de nada igual lançado no Brasil naquela época.

M&L – Algumas coisas novas que temos ouvido mostram uma banda bem extrema e muito pesada. A ideia é mostrar que a fera acordou faminta?

Rodrigo - Totalmente faminta e com sangue nos olhos. A fim de retomar o que eu e Ricardo sempre tivemos em mente em matéria de Mutilator. Música extrema mesmo, sem se preocupar tanto com trampos complexos.

M&L – Vocês (Ricardo e Rodrigo) não participaram da gravação de "Into The Strange" (segundo full do Mutilator). Qual é o sentimento em relação àquele álbum?


Rodrigo - Cara, eu considero um excelente álbum mas, fazendo uma relação com a resposta anterior, sinceramente não era o que eu e Ricardo tínhamos em mente para os álbuns do Mutilator, depois do Immortal Force. Mas como nós dois estávamos fora e tudo ficou a cargo do grande Magoo (nota: Alexandre Magoo era um dos guitarristas do Mutilator e foi encontrado morto em um hotel da Inglaterra em 1997 quando a banda estava parada), nós respeitamos e o resultado final que ficou registrado. Não deixa de ser o Mutilator de qualquer jeito.

M&L – E quais as principais diferenças entre ele e o Immortal Force?


Rodrigo - Eu enxergo como principais diferenças que foi um disco com menos agressividade e com músicas um pouco mais trampadas. Deixando de ter aquela mescla de Thrash com Death Metal que existia no Immortal Force e fincando mais no Thrash puro.

M&L – Quais são os planos para um novo álbum do Mutilator?

Rodrigo - Opa, temos planos e até composições para um novo álbum, na verdade. Hoje nós estamos com três músicas prontas e que já temos tocado em todos os nossos ensaios. Não vou dizer que estas músicas estarão exatamente como estão hoje quando chegar o momento de gravá-las, mas com certeza a estrutura será a que já esta pronta.

M&L – Como foi a escolha dos membros Igor Podrão e César Pessoa paras as guitarras e do jovem Pedro Ladeira para os rosnados fantásticos?

Rodrigo - Cara, realmente o integrante escolhido por mim e pelo Ricardo foi somente o Igor Podrão, e como nós dois estávamos meio que fora da rota de conhecimento de músicos atuais na cena, nós pedimos para o próprio Igor que se encarregasse de nos indicar mais um guitarrista e um vocalista que ele garantisse que se adaptariam à banda, e ele foi preciso em indicar o César e o Pedro.

M&L – Vocês acham que a cena nacional, em especial a mineira, pode ter o seu melhor momento desde meados dos anos 90, após a pandemia?

Rodrigo - Sim, na minha opinião em particular eu considero que o crescimento da cena brasileira e mineira teve uma melhora a partir de 1995 mais ou menos e daí para frente eu só consigo visualizar crescimento em todos os sentidos

M&L – Uma honra ter o Mutilator em nossa página, em comemoração a 12 anos de amor e divulgação do bom metal. As palavras são todas suas!

Rodrigo - Eu quero agradecer ao Metal & Loucuras por essa grande oportunidade de falar mais um pouco sobre o Mutilator para as pessoas que curtem o nosso trabalho, desejar tudo do bom e do melhor para todos nós. Muito Metal e Loucuras na cabeça e que todos continuem se cuidando e respeitando todas as recomendações dos especialistas para nos mantermos saudáveis e livres para vivermos o nosso dia a dia.

Muito obrigado!

domingo, 17 de outubro de 2021

20 anos de Destroyer of Worlds do Bathory!!!

 


Quorthon era um daqueles músicos que não se prendia a rótulos e mesmo que alguns trabalhos do Bathory se encaixem cada qual em uma fase da carreira, sempre houveram mudanças entre eles. Claro que ele está no hall dos músicos de metal extremo mais respeitados na história do heavy metal, e talvez por isso, falar de trabalhos abaixo do esperado. seja tarefa árdua e muitas vezes com peso na consciência. Mas vamos aos fatos: quando ouvi este trabalho há 20 anos, eu simplesmente o deixei de lado e a fita cassete em que o gravei deve ter sido ouvida no máximo 2 vezes até então. Claro que ouvindo agora para a resenha, podemos ser mais justos com a obra apresentada. De cara temos 3 músicas que honram a trajetória viking da banda que criou este estilo, mesmo que a produção do álbum não seja a oitava maravilha do mundo. "Lake of Fire" abre com um dedilhado que pode ser um dos mais belos da história do Bathory e a música em si apresenta mudanças de vocais e dentre elas alguns tirados da caixinha do "Twilight of the Gods" que matam a saudade daquela fase mágica. "Destroyer of Words" e "Ode" já poderiam fazer parte de "Blood On Ice", pois seguem aquele som viking mais despojado e se afastando da melancolia que caracterizam "Twilight..." Aí temos "Bleeding", totalmente diferente do que foi apresentado até aqui, remetendo aos álbuns "Octagon" e "Requiem", que são mais próximos do death metal com pitadas de rock 'n roll sujo. Se você é fã daquela fase, vá fundo nesta música. Já "Pestilence" apresenta bastante peso, com o baixo estalando, mas os vocais de Quorthon parecem ter saído direto das fitas de pré produção para o CD final e se estivessem melhor produzidos teríamos outra grande música. "109" até tem bons riffs cavalgados mas os vocais são talvez os piores já gravados por Quorthon. talvez superados em ruindade apenas em "Krom" e "Kill Kill Kill" , faixas do álbum. Na verdade daí em diante pouco se salva, para os pouco conservadores talvez o tom de protesto de "Liberty & Justice", ou para os conservadores a quase épica "Day of Wrath". Claro que o álbum tem seus fieis defensores, mas a verdade é que não passa de uma colcha de retalhos, muito aquém do que seu fundador tinha capacidade de apresentar.



sábado, 16 de outubro de 2021

Entrevista com Attomica!!!

 


O Attomica de São José dos Campos, SP, é um dos expoentes do metal nacional. Formado em 1985, a banda gravou seu primeiro álbum em 1987, um dos álbuns mais agressivos da história do death/thrash nacional, mas ficou mais conhecido com o som mais técnico apresentado no segundo play, o clássico Limits of Insanity. Conversamos com o fundador André Rod, baixista e vocalista que falou de vários capítulos na longa história deste ícone do metal nacional. Aproveite a leitura, ouvindo o melhor do Thrash nacional.

M&L – Vamos fazer um retrospecto da carreira do Attomica. O primeiro álbum foi o homônimo de 1987 com o símbolo da radioatividade ou da bomba atômica em evidência. A sonoridade do debut beirava o death metal e se passaria facilmente por um trabalho da cena mineira, concorda?

André Rod - Nós não tínhamos uma ideia formada sobre a proposta, só queríamos ser uma banda inovadora e mais rápida do planeta. Ali existe um pouco de cada vertente do metal e fizemos isso sem pretensão alguma, apenas aconteceu.


M&L – E aqueles riffs cavalgados de Marching Over Blood são a satisfação de todo headbanger que se preze!

André Rod – Sim, essa combinação riffs de guitarras mais a acentuação pesada da bateria e baixo criaram o clima perfeito para que os headbangers pudessem se satisfazer à vontade. Marching over Blood é até hoje uma das músicas mais cultuadas pelos fãs.

M&L – Ele saiu pela Equinox Discos que em pouco tempo fechou as portas. Houve interesse de outra gravadora a qual poderia ter dado um melhor respaldo à banda naquela época?

André Rod – Na verdade anteriormente tínhamos um contrato com o selo Enigma e logo após as gravações resolvemos cancelar o acordo com a gravadora, assumimos todo o restante da produção e fizemos o lançamento pelo selo Equinox. Acho que nós nos viramos bem mesmo sem gravadora apesar de achar que foi um erro não fechar com o selo Enigma.

M&L – Em 1989 saiu o clássico Limits of Insanity pela Cogumelo, mas ele não conta com o vocalista Laerte Perr. Vocês chegaram a pensar em outro vocalista ou você assumiu a bronca naturalmente, mesmo os estilos de voz sendo tão diferentes?

André Rod – Esse álbum era pra ter sido gravado por Fabio Moreira vocalista do álbum Disturbing the Noise. Ele chegou a estar com a banda no início das composições, mas como morava em outro Estado foi difícil mantê-lo em nossa cidade por muito tempo, foi aí que tive que assumir os vocais.

M&L – Neste segundo álbum temos uma banda mais técnica e menos agressiva. Houve algum tipo de


reação negativa dos fãs por isso, ou pelo contrário, o álbum foi melhor aceito que o debut?

André Rod – Os fãs mais radicais acredito que tenham se incomodado mais pelo fato da mudança radical nos vocais e nem tanto pela parte instrumental. Tivemos uma melhora expressiva na qualidade de gravação comparado com a do primeiro álbum e hoje Limits of Insanity que foi lançado pelo selo Cogumelo Records ganhou seu espaço na cena juntamente com os demais trabalhos da banda.

M&L – Então em 1991 vocês gravaram um dos melhores álbuns de Thrash do metal nacional, o poderoso Disturbing The Noise, com outro vocalista, Fábio Moreira. Fale sobre aquela época.

André Rod – Disturbing the Noise foi o segundo álbum lançado pela Cogumelo Records e também gravado no Estudio JG assim como Limits of Insanity. Fabio Moreira retornou para ajudar nas


composições e gravar os vocais, estivemos em Belo Horizonte para os trabalhos de gravação por volta de quinze a vinte dias.

M&L – Estes dois álbuns foram gravados nos estúdios J.G. de Belo Horizonte. Era o que havia de melhor no Brasil entre o fim dos anos 80 e início dos 90?

André Rod – Sem dúvidas, acho que para o estilo era um dos melhores para época. Contava com a produção e técnica de Gauguin que com certeza foram determinantes para qualidade sonora dos álbuns.

M&L – Algum tempo depois a banda entrou num hiato e retornou anos depois com uma mudança sutil no nome, voltou atrás novamente e lançou o destruidor álbum 4 em 2012.

André Rod – Sim... a pausa teve início em 1994 e a volta dos ensaios foi por volta de 2002 que resultou no show que deu origem ao álbum ao vivo Back and Alive de 2004. O show aconteceu em dezembro de 2003 e teve a participação de todos os integrantes da formação que gravou o álbum Disturbing the Noise. Este álbum ao vivo foi lançado pela Hellion discos com a supressão de um T no nome da banda. Fabio Moreira foi convidado somente para este show. A banda continuou em formato quarteto até se consolidar com uma nova formação para a gravação do novo álbum de estúdio o Attomica 4 já com dois T’s de volta para o nome.

M&L – No quarto álbum o saudoso Alex Rangel era o vocalista, e também a quarta voz diferente. Você acha que a troca de vocalistas impediu o Attomica de ser ainda maior ou chegar mais longe do que a posição em que está hoje?


André Rod – A troca de vocalista em uma banda sem dúvida nenhuma é o fator que causa maior impacto em comparação aos outros integrantes, mas acho que isso não influiu na condição atual, existem vários fatores mais determinantes.

M&L – Daí você deu um basta nesta troca e resolver gravar os vocais novamente no álbum seguinte, o ótimo The Trick. Mas sua forma de cantar hoje é bem diferente.

André Rod – Com o falecimento de Alex Rangel resolvi assumir os vocais novamente, tínhamos compromissos para cumprir e essa foi a solução imediata que achamos pela urgência.

M&L – The Trick é muito bem gravado, tem ótimas músicas como a empolgante Feeling Bad, a cavalgada Kill The Hero, uma porrada chamada The Last Samurai e também The Trick-You Bet, que tem um momento que lembra os mestres do Black Sabbath. Há uma riqueza de variedades no álbum e mesmo assim ele soa homogênio. A experiência contou muito na concepção deste álbum, não?

André Rod – Acho que sim ... Também optei em não mais compor no estúdio, faço isso em casa e depois do mapa da música pronto apresento aos músicos e fazemos os arranjos e adaptações necessárias se for preciso. Talvez isso tenha contribuído também para a homogeneidade das composições.


M&L – E ele é dedicado a Alex Rangel, contando com a música Mistery cantada por ele. Foi o resgate de algo antigo até então não aproveitado ou o Attomica contava com o Rangel para a gravação de mais um álbum?

André Rod – Alex Rangel seria o vocalista do álbum The Trick, a música Mistery foi gravada para servir como um single de divulgação do novo álbum que ainda nem tinha um nome. O álbum é dedicado a ele em forma de homenagem por seu companheirismo, dedicação e contribuição.

M&L – Obrigado pela conversa, é um prazer ter o Attomica em nossa página neste momento em que comemoramos 12 anos de celebração ao nosso querido Heavy Metal. As palavras são suas.

André Rod - Nós é que agradecemos o convite para estar com vocês, obrigado a todos os fãs, amigos e parceiros. Forte abraço Nilson Blast e parabéns ao Metal e Loucuras ! Vida Longa !!!

domingo, 10 de outubro de 2021

Prophetic Age rolando no barraco de Beavis e Butt-Head!

E você, o que tá ouvindo?


 

Sextrash rolando no barraco de Beavis e Butt-Head.

E você, o que tá ouvindo?


 

20 anos de World of Glass do Tristania!!

 


Poucas vezes uma banda teve a chance de nascer dentro de um movimento efervescente, se tornar um dos ícones deste estilo e conquistar o mundo em pouco tempo. O Tristania da Noruega lançou seus dois primeiros trabalhos em 98 e 99 e de cara se tornou a maior banda do popular "A Bela e a Fera", uma mistura de death, gótico, doom e metal sinfônico, que se alastrou pelo planeta com ótimas e péssimas bandas ganhando notoriedade. Eles sobrepujaram inclusive seus conterrâneos e um dos fundadores do estilo, o Theatre of Tragedy, no quesito popularidade. Tinham tudo que o estilo pedia, uma banda jovem, com garra, com músicas bombásticas e uma vocalista linda que balançava marmanjos (e moçoilas) pelo mundo. Mas uma mudança drástica estava por vir antes do lançamento deste álbum que completa 20 anos. A saída de seu fundador e principal mente criativa, o guitarrista e vocalista Morten Veland. E este trabalho foi o último a conter influências de seu fundador. Ok, o estilo teve uma queda grotesca de popularidade e decaiu com a mesma força com que havia subido, mas na era World of Glass ele ainda era predominante, com bandas como Epica ainda por surgir, e o terceiro full do Tristania vendeu horrores, tanto pelo que o álbum apresenta, quanto pelo que a banda significava, mas ele não tem o mesmo apelo dos anteriores, apesar de ser um grande álbum. Sem analisar o contexto e apenas a banda, um dos fatores que chama a atenção é que a melancolia teve uma queda, sendo mais forte em uma ou outra música como "Deadlocked" e "Selling Out". Outro fator é que com a saída de Morten, Vibeke ganhou mais espaço com suas vozes angelicais e o álbum não traz o mesmo peso nas guitarras de outrora, com baixo, teclados e violinos se destacando mais. Duas faixas são inquestionáveis e foram as escolhidas para abrir World of Glass, as excelentes "The Shinning Path" e "Wormwood", enquanto o exagero em elementos eletrônicos em "Lost" acaba sendo um dos responsáveis pelo desequilíbrio homogênio que um clássico pede. Ainda temos ótimos momentos em "Hatred Grows" adicionando mais peso,"Tender Trip On Earth" e na faixa título. World of Glass conserva a vontade de ser grande dos álbuns anteriores, com pompa, mas foi o último com esta característica, pois os trabalhos posteriores mostram uma banda tímida fazendo um som mais simples. Ele também marca a saída da banda da Napalm Records, retornando anos depois. Quando foi lançado, torci o nariz. Com os anos me arrependi de não tê-lo adquirido. Com o relançamento no Brasil há pouco pela Hellion, finalmente posso apreciar melhor, e com certeza perceber qualidades que há vinte anos ignorei. 

sábado, 9 de outubro de 2021

Entrevista com Scars!!!

 


Formado no início dos anos 90, o Scars de São Paulo se tornou um dos maiores nomes do Thrash nacional em pouco tempo, com o rápido reconhecimento do EP "The Nether Hell", que se tornou um trabalho cultuado e proporcionou enorme visibilidade para a banda. Para falar desta época e um pouca da história do Scars até os dias de hoje, temos o amigo guitarrista Alex Zeirab, que nos proporcionou ótimos momentos nas palavras que seguem:

M&L – O primeiro trabalho de impacto nacional do Scars foi o EP The Nether Hell de 2005. É um álbum baseado na Divina Comédia de Dante? O que ele significou para a banda?



Alex -  O The Nether Hell teve toda sua temática tecida sobre as faixas depois que elas já estavam compostas e já estávamos em estúdio gravando-as. Eu havia lido "O Inferno de Dante" poucos anos antes, e me deliciei com toda a atmosfera e detalhe com o qual Dante Alighieri escreveu essa obra-prima. Fomos fiéis às passagens nas músicas que citam a obra e trouxemos uma arte gráfica rica, toda com as gravuras de Gustave Dorè. Esse "pequeno álbum" teve um impacto mundial totalmente inesperado por nós que repercute até hoje, possuindo uma legião muito fiel de ouvintes e divulgadores. Acho que esse ficou para história mesmo e nos orgulhamos muito disso. Esse registro foi muito importante para posicionar o SCARS entre as grandes bandas do Brasil e seus grandes álbuns, porém com somente seis faixas - e assim mesmo fez mais barulho que muitos "full-lengths", até mesmo o Devilgod Alliance. Em comparação ao Predatory, ainda é muito cedo para dizer. Só o tempo e sua maturidade confirmarão isso.


M&L – Três anos depois o Scars lançou Devilgod Alliance, com uma formação bem diferente, conservando apenas você na guitarra. O que pode falar deste álbum?

Alex -  Esse é um ótimo trabalho, com muita qualidade na gravação e peso nas composições. Há muita influência de

outros estilos fora do thrash nele, porém breves e não predominantes. Metade desse álbum foi composto durante a turnê do The Nether Hell, a outra metade por mim após a desmembração da banda. O que fez mais falta nesse registro é o vocal e a arte de finalização de estúdio do Régis, que fizeram muita falta durante o processo de gravação e escolha dos temas e letras para o CD. Todas as letras do Devilgod são minhas e tiveram sua execução em estúdio por um grande amigo meu, o André Guilger, que recebeu tudo pronto e não teve muito tempo de criar grandes linhas de voz e arranjos, mas fez um excelente trabalho não obstante. Eu e o João Gobo temos uma afeição especial por este álbum, talvez por estarmos nele. O Marcelo Mitché adora esse álbum, talvez mais que eu, e insiste para que toquemos pelo menos duas faixas dele no setlist atual, o que será feito eventualmente. Eu tenho emoções controversas sobre ele: de realização e missão cumprida, mas ao mesmo tempo ele representa também uma época de término e interrupção na minha carreira musical.

M&L – Temos um instrumental bem forte nele, e uma versão para Scars do Overdose com a cara da banda Scars. Isso pode até confundir algumas pessoas sobre a origem do nome da banda, mas quando o álbum dos mineiros foi lançado a banda Scars já existia há alguns anos, certo?

Alex -  Esse grande álbum do icônico Overdose foi lançado em 1996, e sim, o SCARS foi formado em 1991 e o Régis já havia batizado a banda inspirado no álbum do Dark Angel - Leave Scars - de 1989. Adoramos fazer essa versão para o tributo ao Overdose de 2007. Gostamos muito do resultado final, apesar e principalmente por esta ter ficado bem diferente da original, que é mais devagar e tem as tradicionais percussões brasileiras nela.

M&L – Então a banda deu uma pausa nas atividades e retornou em 2018, e com Régis novamente nos vocais lançou Predatory em 2020. Por que lançaram o álbum justo no período em que não poderiam fazer shows para promovê-lo?

Alex -  Quando a pandemia se instaurou nós havíamos acabado de realizar todos os takes de gravações e estávamos prestes a começar a mixagem, que foi realizada totalmente online e remotamente entre a banda e o produtor Wagner Meirinho. Durante esse processo, conseguimos o contrato de lançamento com a americana Brutal Records, que sugeriu a data de lançamento para começo de agosto de 2020, logo no "início" da pandemia. Não quisemos perder esse timing e decidimos não esperar para lançá-lo. Com isso, a turnê do álbum ainda está por vir em breve. Sobre o Régis, quando ele saiu da banda em 2007, ele levou parte da identidade do SCARS consigo. Assim, felizmente, trazendo tudo o que havia levado, e muito mais, de volta para a banda em seu registro de retorno Armageddon, que gravamos em setembro de 2018 (14 anos após seu último registro de estúdio com a banda). Alí ele mostrou que a criatura estava dormente, mas não deixando de evoluir. Com seu registro de vocal na faixa que abre o álbum, Régis confirmou que estava em sua melhor forma desde a fundação da banda e não somente fez sua parte com primor, como também " assustou"  a todos nós da banda. Ele realmente só soltou a voz e mostrou o que tinha preparado para o álbum no primeiro dia das gravações de voz, ficamos realmente impressionados com a potência e timbre que o vocal dele havia alcançado. Ele é um talento nato. Uma alma a serviço do metal.

M&L – Predatory é um trabalho bem nervoso, resgatando aquela energia de The Nether Hell, porém com uma criatividade muito além, e uma produção poderosa. Músicas como Ancient Power deixam qualquer pescoço dolorido.


Alex -  Muito obrigado por suas palavras. Uma curiosidade: Ancient Power quase ficou de fora do álbum e hoje vemos que ela é uma das de maior destaque do Predatory. Sobre a produção, o Wagner tem um talento único e é um excelente produtor musical, especialmente de metal. Ele é muito metódico, seguro de si e aberto à participação da banda em todo o processo da gravação. Essa abertura possibilitou que chegássemos a um resultado muito próximo do que havíamos envisionado para o álbum, com idéias sendo geradas por diversas mentes brilhantes e dedicadas ao projeto. A parte cristalina e de precisão métrica se devem totalmente ao Wagner e sua equipe. A parte dos timbres e sonoridade do álbum é um crédito da banda, que não se deu por satisfeita até realmente chegar a um resultado que agradasse a todos os envolvidos. O Wagner foi muito receptivo e altruísta em sua figura de autoridade da produção e registro da obra, possibilitando a divisão de méritos e responsabilidades igualmente entre todos. Adoramos trabalhar com ele e sua equipe e queremos repetir a dose muito em breve.

M&L – E vocês mostraram que nem só de velocidade vive o Thrash, com a ótima Sad Darkness of the Soul.

Alex -  Essa é a menina dos meus olhos. Totalmente diferente do que o SCARS já tenha feito. Haviam rascunhos de uma música que o Régis havia começado com o primeiro guitarrista solo na volta do SCARS, o Edson. Essa parte era a linha de voz e o refrão. Quando as inspirações acabaram em dado momento das composições, eu prometi ao Régis reviver essa música e transformá-la em algo completo e diferente. Eu só tinha uma certeza: queria que ela fosse inteira guiada pelo baixo, com momentos só dele com os tambores da bateria. Aliás, o primeiro dueto de solos dela é meu. Raramente gravo solos nos discos, mas esse eu quis registrar me inspirando no James Hetfield solando na Orion e na Master.

M&L – Vocês lançaram vários vídeo clipes e lyric vídeos para as músicas de Predatory, inclusive um para Ghostly Shadows neste fim de semana (entrevista na metade do mês de agosto). Vocês acham que após o fim da MTV, o YouTube e demais plataformas áudio-visuais estão tornando este formato forte novamente?

Alex -  A tecnologia de hoje permite ao usuário ter o mundo do entretenimento dentro do seu bolso e "on demand", isto é, ele pode fazer a sua programação e não depender de um VJ ou DJ  para dizer o que ele vai ver e ouvir. Como o SCARS esteve dormente durante 10 anos, nós não podemos desfrutar dessa era digital. Assim, no final de 2017 e começo de 2018, eu decidi trazer todo o material do SCARS para o novo mundo digital, do qual não havíamos participado antes. Assim, com gigas e gigas de músicas, vídeos, fotos, cartazes e muita coisa mais em back-up, criei um canal no YouTube e uma página tributo no Facebook, disponibilizando assim toda a discografia da banda e sua rica história para o novo mundo. A agência Distrokid, de Nova York/EUA, foi a responsável por lançar toda a discografia para streaming e vendas/downloads em todas as plataformas digitais como Spotify, Deezer, iTunes/Apple Music, Amazon, etc...Hoje todo o material da banda está disponível no bolso do nosso público. E é nossa obrigação disponibilizar material de qualidade para que todos possam selecionar o que escutar e assistir do SCARS.

M&L – Comparações entre bandas é algo até normal, e geralmente associamos novos sons a bandas gringas, mas neste álbum o Scars gravou algo tipicamente brasileiro, e talvez a maior referência sejam os paulistas do Korzus. Eles realmente são uma inspiração para o Scars ou apenas o timbre do Régis lembra o de Pompeu?

Alex - Eu sou um grande fã do KORZUS e todos nós da banda admiramos e respeitamos muito sua história. Já fizemos incontáveis shows juntos e sempre foi uma honra poder dividir o palco com eles. A influência das guitarras do KORZUS são uma influência natural no meu jeito de tocar e compor, pois eu cresci escutando eles junto com Forbidden, Metallica, Exodus. O mesmo deve acontecer com os vocais do Régis, mas naturalmente, não planejado.

M&L – O que vocês acham que vai mudar no cenário do metal nacional após a pandemia?

Alex - Há muita especulação sobre o retorno de tudo após a pandemia. Eu não consigo especular nada como real, prefiro esperar para ver acontecer. O que posso sim expressar é a minha esperança de que possamos nos encontrar de novo em um show, tomar aquela gelada e bater cabeça juntos. Esse dia chegará, mas o caminho  e prazo ainda são incertos para mim neste momento. Principalmente por estar claro que nós não trabalhamos juntos como sociedade / civilização para superar esse mal e evoluir, há muita discórdia e falta de uma consciência coletiva comum em prol do bem geral e não individual. A nossa comunidade do Metal foi muito afetada e dividida nesse período, o que me entristece muito.

M&L – Um prazer ter o Scars em nossa página para comemoração de nossos 12 anos. Sucesso à banda, e o espaço está aberto às suas considerações.

Alex -  Muito obrigado pelo espaço e por seu suporte, Metal e Loucuras! Somos imensamente gratos por nossa parceria. A todos que acompanham o SCARS, muito obrigado por esses 30 anos, especialmente pelos últimos 02 anos, onde talvez fizemos muito mais do que nos anos anteriores - e tudo isso graças a vocês! Sem nossos fãs não há SCARS. Nós tocamos por e para eles! Amamos todos vocês, muito obrigado por tudo!




domingo, 3 de outubro de 2021

20 anos de In Torment In Hell do Deicide!!

 


Se "Insineratehymn" de 2000 sofreu o trauma de suceder quatro obras seminais, "In Torment In Hell" sofreu o trauma de suceder um álbum criticado. Mas ouça os 31 minutos desta pancadaria sonora que qualquer reação negativa será permanentemente rejeitada. A arte da capa remete ao Cannibal Corpse, porém com os símbolos capetísticos inerentes ao abençoado Glen Benton, trazendo o tradicional logo e o título do álbum em vermelho sobre tons cinzas. Aliás que fique registrado que mesmo o trabalho anterior não tendo o nome da banda na capa, o Deicide jamais abriu mão de seu logotipo tradicional.  In Torment ainda traz bons riffs de Death Metal, mesmo que anos depois Glen tenha dito que os irmãos Hoffman já não contribuiam com nada mais tão criativo para a banda, mas a velocidade do instrumental aqui nos remete ao clássico "Serpents of the Light", mesmo que o impacto das duas obras tenham sido bem diferentes cada um em sua época. Benton ainda urra belas blasfêmias agonizantes, como sempre, e a vociferação atinge a perfeição em faixas como "Christ Don't Care", além de trazer uns berros diferentes do usual em uma parte de "Vengeance Will Be Mine". "Child of God" é outro grande momento, com riffs furiosos, vocais que você não consegue imaginar onde o cara consegue tirar fôlego, bateria de Steve Asheim martelando impiedosamente, mesmo que os solos de guitarra não sejam nenhuma reinvenção da roda. Alguns criticam a produção deste álbum e a banda realmente acusa a Roadrunner de apressá-los a finalizar o trampo, o que não é de assustar visto que a gravadora naquele período estava dando as costas àqueles que ajudaram a colocar grana na conta bancária da gravadora, mas a produção a meu ver não reduz em nada a pontuação deste play (se houvesse pontuação mas não, isto não é uma prova escolar). "In Tormet In Hell" pode não estar entre os melhores lançamentos do Deicide, mas se o compararmos ao já citado e quase arrastado álbum anterior ou trabalhos que vieram entre 2006 e 2011, com certeza ele tira de letra. Gostaria que este play fosse relançado e tivesse maior visibilidade nos dias de hoje. 

sábado, 2 de outubro de 2021

Entrevista com Posthumous!!

 




Poder acompanhar o crescimento de uma banda, desde seus primeiros lançamentos, e ver sua fidelidade e vontade de apresentar um trabalho honesto e de qualidade, desde o visual, lançamentos físicos a apresentações, é admirável. E a internet, muito criticada por muitos, por um lado é de suma importância para esta aproximação daqueles que dão forma à sua arte e aqueles que querem ajudar na divulgação e espalhar o conhecimento acerca desta arte a quem busca por isto, pois os verdadeiros bangers buscam detalhes da carreira daqueles que embalam seu dia a dia com o melhor que o heavy metal possa oferecer. E o Posthumous de Criciúma, em Santa Catarina, é uma destas bandas que nos dão orgulho por produzir um metal extremo de ótima qualidade, e que nos presenteou com um dos melhores lançamentos do estilo neste ano. Vamos ver o que nosso amigo, R. Mutilator tem a nos dizer.


M&L – O Posthumous ficou praticamente 12 anos longe do cenário, retornando às atividades em 2017. Por que esta pausa e o que fizeram neste período?

R. Mutilator - "Ao som de Nephast, Immortal Unholy Triumph..." Esta foi uma situação que foi se construindo desde o lançamento do “My Eyes, They Bleed em 1999, quando após o lançamento do mesmo o Marlon (bateria) deixou a banda. Passamos de 1999 a 2005 tentando firmar um baterista e vários passaram durante esse período e isso nos prejudicou bastante, pois tínhamos recém lançado um álbum e acabávamos por ter que negar shows devido a isso. Porém vínhamos compondo normalmente e mesmo com músicas suficientes para mais de um álbum, não vislumbrávamos gravar logo, ou seja, vínhamos ensaiando, ensaiando e ensaiando, sem perspectivas de tocar ao vivo ou de gravar o novo álbum. Esse desgaste, somado aos compromissos profissionais de cada um, acabou por levar a parada em 2005. Durante esse período, basicamente, cada um se dedicou ao trabalho e a família.

M&L – E a primeira participação após o retorno foi em um tributo ao Bathory? Conte sobre ele.


Mutilator - Na verdade não. A gravação de “Reaper" se deu antes de voltarmos em 2017 e foi gravada pela formação anterior. A proposta era participarmos de um tributo ao Bathory que seria lançado na Europa por uma gravadora alemã e como a gente já vinha há anos amadurecendo uma ideia de voltar à ativa, resolvemos aceitar o convite. “Reaper” foi então gravada pela formação do “My Eyes, They Bleed", mas ainda sem baterista, sendo esta programada. Porém aconteceu que a tal gravadora acabou desistindo do projeto e neste momento já tínhamos gravado a música. Foi então que em contato com o Headhunter DC descobrimos que eles também já tinham gravado uma música para o mesmo tributo e daí começou a surgir a ideia de fazermos um 7” EP. Ele foi lançado em 2019 pela Misanthropic Records com o título “A Brazilian Tribute To BATHORY: Anthems Of Blood, Fire & Death” contendo 3 músicas: Reaper (Posthumous), Total Destruction/Reap Of Evil (Headhunter DC) e Raise The Dead (Tripalium). Vale ressaltar aqui que 1 ano depois, em 2020, “Reaper” entrou na nossa compilação “The Frightening Cold Tomb (Compendium Mortis)”, lançada pela Hammer Of Damnation, mas desta vez com a bateria gravada pelo nosso atual baterista J.V. Acordi.

M&L – Anos atrás o Posthumous já havia sido um dos destaques do Tributo ao Sarcófago, lançado pela Cogumelo. Qual sua opinião sobre aquele tributo?

R. Mutilator - Porra, foi uma baita honra. Ter nosso nome lembrado para participar de um tributo ao Sarcófago por si só já seria uma enorme satisfação, por tudo que ele representa no metal extremo mundial, ainda mais sendo lançado pela gravadora ícone da cena metálica brasileira e por estar junto de bandas renomadas no cenário mundial como Impaled Nazarene, Satyricon, Angel Corpse, Sextrash, Mystifier, Mysteriis...

M&L – Em 2020 o clássico My Eyes, They Bleed foi relançado pela Hammer of Damnation em formato duplo com o nome de The Frightenning Cold Tomb. O que encontramos no CD 2 deste lançamento?

R. Mutilator - A idéia era não fazer um relançamento simples, optamos então por lançar uma compilação contendo toda a nossa história. No CD 1 você encontra o “My Eyes, They Bleed” remixado e remasterizado com exceção de “Christ’s Death” do Sarcófago que está com o áudio original da época e no CD 2  nossa 2ª Demo Tape de 1997 “Lust Upon The Altars Of Blasphemy” remixada e remasterizada, 6 músicas inéditas gravadas em 1996 que também foram remixadas e remasterizadas, nossa 1ª Demo Tape “Posthumous” de 1994 com o áudio original da época e mais 5 covers que gravamos para tributos.

M&L – Vocês já mostraram que gostam de homenagear seus ídolos, e além das versões para Sarcófago e Bathory, temos algumas versões incríveis nesta compilação. Fale sobre elas.

R. Mutilator - Então, foram todos covers gravados para tributos, exceto o de “Christ”s Death” que foi originalmente gravada para entrar no nosso álbum “My Eyes, They Bleed” e que após entrou no tributo da Cogumelo. “Go To Hell” do Motorhead e “The Phantom Of Black Hand Hill” do Running Wild foram convites da gravadora Alemã Remedy Records para participar dos respectivos tributos: “Motormorphosis: A Tribute To Motorhead” e “The Revivalry: A Tribute To Running Wild”, “Reaper” do Bathory está no 7” EP “A Brazilian Tribute To Bathory: Anthems Of Blood, Fire & Death” lançado pela Misanthropic Records e “Riff Raff” do AC/DC foi convite da Secret Service Records para o tributo: “For Those About to Brazil - The Brazilian Tribute To AC/DC”. Todas são bandas que curtimos e que de alguma forma nos influenciaram na nossa jornada musical.


M&L – Quando soltaram a compilação, já havia planos para o lançamento do novo álbum, ou sua repercussão foi o empurrão necessário para a criação deste novo full?

R. Mutilator - Na verdade o que poucos sabem é que quando lançamos a compilação, o novo álbum “Unholy Ceremony” já estava gravado. A nossa idéia sempre foi lançar a compilação para em seguida partirmos para a gravação do novo full, mas como comentei anteriormente, nossa ideia nunca foi fazermos um relançamento simples, queríamos remixar e remasterizar o debut, porém estávamos com uma dificuldade enorme em “ler” as fitas masters de 1998, como o tempo foi passando e não vislumbrávamos conseguir lê-las logo, resolvemos por seguir com a idéia de gravar o novo full, então após a gravação do mesmo eis que o brother Trek de Magalhães conseguiu ler as famigeradas fitas e dar seqüência na remixagem do debut, com isso resolvemos deixar o “Unholy Ceremony” em stand by e soltar primeiro a compilação.

M&L – Muitos fãs já elegeram Unholy Ceremony o melhor lançamento do ano de 2021. Vocês esperavam esta receptividade?


R. 
Mutilator - Fico realmente envaidecido em ouvir isso, foi um trabalho feito com muito empenho e honestidade e é muito bom saber que nossa obra agrada a muitos outros ouvidos. Falo isso porque acho que quem faz música para tentar o sucesso ou para agradar alguém, está fadado ao fracasso. O Posthumous faz música para auto-satisfação, ou seja, eu componho para me agradar, não pensando se irão gostar ou não, isso realmente pouco me importa. E quando você pergunta se esperávamos essa receptividade, digo que é lógico que não, porém sei que para nós ele ficou perfeito e isso é o que nos importa, mas é óbvio que ficamos muito felizes com todas as mensagens e elogios recebidos porque não existe melhor prêmio para um músico do que ter sua obra reconhecida.

M&L – Fale sobre Unholy Ceremony, começando pela bela arte gráfica até as músicas, que mostram a banda ainda mais próxima do Black Metal trabalhado.

R. Mutilator - A parte gráfica de “Unholy Ceremony” se divide basicamente em 2 excelentes trabalhos, a linda capa de Marcelo Vasco e a magistral diagramação de Luis Lozano. Na capa eu passei uma ideia simplória para o Marcelo e ele desenvolveu com toda a excelência que lhe é própria. Já no design do encarte e do CD em si eu deixei livre para que o Luis criasse e ele magistralmente não se acomodou em criar um fundo qualquer e montar tudo, ele leu a letra de cada música e cada fundo que você vê no encarte do CD tem alguma referência com a letra ali posta. Quanto às músicas, são todas composições entre 1999 e 2005, todas elas deixamos prontas quando paramos em 2005 e acredito que elas seguem aquela linha que estamos acostumados a compor, que é unir a agressividade na sua forma mais veloz ou mais cadenciada com melodias que remetem ao Metal antigo, junto a letras que podem navegar entre as questões mais soturnas e doentias da morte, demonologia, história, o imaginário perverso, blasfêmias, guerras, anti-religião... Quero também aqui exaltar o excelente trabalho feito pela Hammer Of Damnation que não mediu esforços para que tudo saísse perfeito, mostrando uma dedicação e um profissionalismo ímpar.

M&L – Do seu ponto de vista, quais as principais diferenças entre ele e o debut My Eyes, They Bleed?

R. Mutilator - Na verdade eu vejo mais similaridades do que diferenças, pois como já citei todas as músicas foram compostas entre 1999 e 2005, tendo inclusive algumas músicas que poderiam até mesmo ter entrado no “My Eyes, They Bleed”. Acho que a maior diferença foi realmente na questão de gravação, pois neste novo trabalho tivemos mais condições de chegar ao som que queríamos, diferente de 1998 onde tudo era mais difícil e limitado, a questão da formação também pode ser um diferencial porque membros novos, queira ou não, sempre deixam seu jeito ou toque pessoal marcado na músicas.

M&L – Agradeço muito a participação de vocês, por comemorarem juntos os 12 anos de nossa página e o lançamento de seu novo e poderoso álbum. Espaço aberto às suas considerações finais.

R. Mutilator - Nós é que agradecemos pelo espaço e digo que nos sentimos muito honrados em estarmos juntos nesta comemoração dos 12 anos do Metal e Loucuras. Não vejo grandes diferenças entre o trabalho de manter um site/página e uma banda, ambos exigem dedicação e empenho, ainda mais nesse tortuoso caminho que é o Metal Extremo. Agradeço a todos que nos apóiam e quem se interessar por nosso Merch (CD’s e Camisetas) é só nos procurar através de nossa página do Facebook e Instagram, Canal do YouTube, pelo e-mail posthumoushorde@gmail.com ou direto pela loja Black Metal Store. Hail to the true warriors!!!