O Bywar surgiu na capital paulista em 1996 e conseguiu lançar "Invincible War", seu primeiro álbum, em 2002, pela extinta Hate Storm. Com capa inspirada em obras como Endless Pain do Kreator, desenhada por Marcos Cerutti, que criava seu primeiro trabalho profissional nesta área e hoje é uma referência no cenário, e um som impossível de não associar ao Destruction da Alemanha, o álbum esbanja energia e caminha com as solas em chamas pela terra do Thrash sem nenhum constrangimento. Rápido e rasteiro, desfila riffs serrilhados, bateria bate estaca e baixo desenfreado, com uma camada de vocais rasgados e perfeitamente bem encaixados. Os shows do Bywar já eram um diferencial, rasgando o país em apresentações insanas, chovendo ou no calor dos infernos, o que lhe deu um status poderoso frente bangers que ansiavam por um retorno do metal nacional em grande estilo, após um período meio sombrio. Adriano Perffeto na guitarra e vocal e Victor Regep na outra guitarra hoje são conhecidos pelo Deathgeist, mas fizeram história no Bywar, enquanto no baixo tínhamos Enrico Ozio e na bateria Hélio Patrizzi. "Invincible War" se tornou um álbum cult entre os metalheads brasileiros e instrumento de orgulho em várias coleções espalhadas por aí, e muito se deve ao fato deles terem feito justamente o que o Destruction não fazia mais, um som mais despojado e furioso, como na época de um Eternal Devastation, por exemplo. A banda venceu barreiras e provou que a guerra não era tão invencível como propõe o título do álbum. O bom é que a banda voltou às atividades durante a pandemia. Resta saber o que nos aguarda.
terça-feira, 27 de dezembro de 2022
quinta-feira, 22 de dezembro de 2022
20 anos de Der Schatten Einer Existenz do Vanitas!!!
O Vanitas é uma banda austríaca de Gothic/Death/Doom e por mais que hoje em dia a mídia insista em negar o termo "A Bela e a Fera", era isso que servia de alcunha para estas bandas no início dos anos 2000. De repente o cenário ficou saturado, algumas bandas acabaram e novas deixaram de surgir, mas algumas cresceram e ainda sobrevivem. Não é o caso do Vanitas, que encerrou atividades em 2007 após 3 álbuns de estúdio. "Der Schatten Einer Existenz" ou "A Sombra de uma Existência" em alemão, foi o segundo trabalho, e deu as caras em 2002, sendo lançado no Brasil pela Hellion, sob licença da desconhecida CCP Records. Todas as letras são em alemão, portanto se você mal conhece o nosso português não se aventure no encarte, mas se tiver de onde copiar e colar no google tradutor, boa sorte. Maria Dorn fez sua estreia neste álbum, já que o Vanitas não tinha uma vocalista fixa no debut, e sua voz não é um destaque absoluto e nem é o artifício mais utilizado, já que os guturais de Andreas Schärfinger se sobressaem a todo momento, enquanto os vocais femininos mais lembram os gemidos de uma moça tímida num sonho caliente. Ela também toca flauta e aqui e ali aparecem violinos, celos e até uma viola. A produção é boa e as músicas são cativantes, temos aqui músicos competentes e as canções seguem um padrão de qualidade, com guitarras fortes e teclados bem encaixados. É estranho a banda não ter ganhado maior destaque na época. Recomendo!
quarta-feira, 21 de dezembro de 2022
20 anos de In The Halls of Awaiting do Insomnium!!!
O Insomnium é uma banda finlandesa de death melódico que flerta bastante com o doom, o que lhe dá um ar austero de regentes da melancolia, ao invés de apresntar apenas riffs melosos e gritaria irracional. Olhando a arte da capa de seu primeiro álbum de estúdio, "The Halls of Awaiting", de 2002, 5 anos após sua fundação, percebemos detalhes frios e pertinentes à natureza, e a partir daí e aliado ao nome da banda, já se tem esta percepção. Não que o som seja arrastado, pelo contrário, temos um ritmo bem cadenciado de bateria, enquanto algumas passagens, como em "Medela" podemos ouvir uma melodia de guitarra que se encaixaria num álbum do Katatonia. O vocalista é Niilo Sevänen e cabe aqui um elogio. Seu trabalho é bem interessante, é um vocal gutural bem semelhante ao de Johan Hegg no álbum "Jomsviking", que é o álbum mais melódico da banda. Não soa exagerado nem melódico, e possui uma veia de death metal tradicional em meio aos riffs que ora lembram algo de Gotemburgo, ora lembra passagens folk como seus conterrâneos do Amorphis, e as guitarras da faixa "Dying Chant" são um bom exemplo disso. Este é um álbum para se ouvir prestando atenção e não enquanto você lava o carro ou cozinha. Aproveite um momento sozinho, beba um vinho e descanse a mente.
terça-feira, 20 de dezembro de 2022
20 anos de King of All Kings do Hate Eternal!!!
A bela arte criada por Andreas Marschall é um claro retrato das bandas dos anos 90. Já o som do Hate Eternal, banda do produtor e ex-Morbid Angel Erik Rutan, tem muito technical death incorporado em seu brutal death. O som é ultra rápido e para situar os "desconhecidos", pense em nosso querido Krisiun em determinados momentos. A faixa título é um arrasa quarteirão, que com menos de 3 minutos consegue sintetizar tudo aquilo que a banda veio fazer neste mundo. Os vocais de Rutan são guturais ao extremo, mas os backing rasgados e gritados do finado baixista Jared Anderson dão um toque especial nesta faixa, e na encantadora "Chants In Declaration", a melhor do álbum. O baterista Derek Roddy parece ter baquetas no lugar das mãos, tamanha desenvoltura e destruição sonora no instrumento percussivo. Ele praticamente dita a velocidade infernal com que as músicas esmagam o solo e derrubam paredes. O trabalho de Rutan na guitarra serve diretamente o estilo da banda, e passagens monstruosas como ouvimos em "In Spirit (The Power of Mana)" servem para tirarmos o chapéu, enquanto o riff principal de "Powers The Be" mostram uma engenhosidade crua e intrincada que merece respeito. Uma frase que aparece no encarte do álbum diz tudo que se precisa dizer a respeito de "King of All Kings": (Para preservar a integridade deste disco e dos músicos que o gravaram, não houve edição alguma na produção de "King of All Kings". Vamos elevar os padrões de Death Metal). 20 anos de padrões elevados!
domingo, 18 de dezembro de 2022
20 anos de Alcoholic Death Noise do Cirrhosis!!!
É até estranho escrever que o primeiro full álbum do Cirrhosis de Uberlândia, Minas Gerais, tenha sido lançado apenas em 2002, uma vez que a banda já era nacionalmente peça importante do cenário extremo. Porém seu principal trabalho até o momento era o saudoso split "Alcohol Rules" ao lado da banda Lou Cyfer em 1991 pela Cogumelo. "Alcoholic Death Noise" bebe na fonte do mais puro death metal mineiro e despeja música extrema de excelente qualidade, tendo à sua frente o saudoso Juarez Távora, nosso amigo Tibanha, que algum tempo depois deste álbum foi expulso de sua banda, por conta de bebedeiras. Mas o que seria do Cirrhosis se não fosse o álcool, isso nem justificaria o nome da banda, não é mesmo? Claro que Tibanha voltaria anos mais tarde, porém sem conseguir completar mais um trabalho, que ele estava gravando quando veio a falecer em 2020 pegando todos nós de surpresa e deixando uma grande lacuna em nosso cenário, tanto na luta do underground por um espaço, quanto na pessoa de coração enorme que era. A capa, com toda luxúria, inferninho e bebedeiras inerentes à banda, foi uma criação de Ricardo Sá, que também desenhou a arte de "Alea Jacta Est" do Dorsal e "Worship Flesh" do Lou Cyfer. O álbum abre com a curta intro "The Sin" no melhor estilo "Bestial Devastation" emendada com uma porrada chamada "Sexual Delight". Guitarras em baixa afinação e palhetadas abafadas, baixo gordo e uma metranca de excelente qualidade, enquanto os urros de Jurez lembrem algo do álbum "Hate" do Sarcófago. A faixa título é a melhor do álbum, com vocais com eco e um trabalho de guitarras sensacional, cru, raivoso e visceral, totalmente MGArea Old School. As letras das singelas canções lembram o que faz o Sextrash, ou seja, sem nenhum pudor e com perversão no maior grau. Produzido por Gerald Minelli, baixista do Sarcófago, o álbum ainda conta em seu desfecho com uma versão matadora para "Midnight Queen", clássico eterno do death metal nacional. Sabe porque este lançamento de 2002 não foi considerado perfeito? Porque não teve "Alcohol Rules" como bônus. Um erro que espero que a Cogumelo corrija algum dia.
sexta-feira, 16 de dezembro de 2022
20 anos de Depression do GenocÍdio!!!
No álbum "Posthumous" o Genocídio de São Paulo ousou ao incorporar o gótico ao seu death metal, e forjou um dos melhores álbuns do nosso cenário. Porém depois no "One of Them..." exagerou no quesito "gothic" e gravou um álbum meio fora da curva, que desagradou os fãs mais tradicionais não abertos a mudanças drásticas. "Rebellion" veio 03 anos depois não se sabe se para consertar a história, ou se os caras voltaram mais zangados mesmo. Pela arte da capa percebe-se que ao menos as teorias prevalecem conforme o trabalho anterior, naquela vibe de que Cristo era um alienígena, e pra quem quiser se aprofundar no assunto é bom dar uma lida na série "Operação Cavalo de Tróia" de J.J. Benitez. "Rebellion" inicia com a faixa título e um riff que lembra os primórdios do metal nacional, como o grande Holocausto em Campo de Extermínio. O vocal de Marcão voltou a ser o guturalíssimo extremo, para alegria geral da nação. A bateria de Alexandre, que só gravou este álbum, é bem variada nos andamentos. A lenda Wanderley Perna gravou guitarras nervosas, e em "Reflection of Down" temos uma música ainda mais rápida que a introdução. "Hidden Army" vem pra oficializar que este é um álbum death metal "old school" como não se ouvia a tempos na discografia da banda. As músicas passam bem rápido, a maioria em torno de 2 minutos e algumas mal chegam a isso. O que serviu para dar uma dinâmica mais agressiva ao play, com o único inconveniente de que o álbum inteiro só dura 21 minutos, tempo de um EP. A bolacha fecha com uma versão para "Social Sterility" do Napalm Death, com participações pra lá de especiais nos backing vocals, de Vítor Rodrigues do Torture Squad, Marcus D'Angelo do Claustrofobia, Alex Chiovitti do Oligarquia e ainda Ciero do estúdio DaTribo e hoje no Oitão, na guitarra e backing vocals. Quer mais? Ouça Rebellion!
terça-feira, 13 de dezembro de 2022
20 anos de Onisciente Coletivo do Ratos de Porão!!!
E o grande Ratos de Porão chegava a seu "onzimo" álbum em 2002, o bagaceira "Onisciente Coletivo". O que mais impressiona quando você gira essa bolacha é o som da guitarra. Que peso e distorção animal Jão conseguiu reproduzir. Parece que você está ouvindo uma mistura de Discharge e Defecation, e tome isso como um elogio! Tem umas coisas diferentes como o rap xoxo da faixa título ou em "Playbaloser", com uma voz pop repetindo o nome do personagem, mas ainda tem um som de baixo do Fralda, fudido. E por falar em Fralda ele aparece acordando o Gordo pra falar que o mundo estava acabando em "Próximo Alvo", e fica aquela curiosidade de saber se foi assim mesmo que o cara ficou sabendo o que tava rolando no USA com as Torres Gêmeas. Eu me lembro claramente onde estava e como vi a notícia e tenho certeza que qualquer pessoa no mundo com mais de 20 anos também se lembra. "O Sistema me Engoliu" é uma cacetada magnífica, daqueles que deixa qualquer mosh com uns 2 braços quebrados em pouco mais de um minuto de pancadaria. "Fragments of Conquest" é a única cantada na famigerada língua universal, sabe se lá porque, já que nessa altura do campeonato os caras já estavam velhos para almejavarem ser rockstars da Sunset Strip, mas a música é boa e isso que interessa. "Conspiração Subliminar" tem uma letra interessante, mesmo que o assunto já seja antigo no R.D.P. mas a forma colocada é sempre interessante, e aquela parte da Coca berrada com vocal escrachado ficou "ducarai". "Problemão" em minha opinião vem naquela pegada de "Sofrer", num ritmo menos "Velozes e Furiosos" que dá pras pessoas normais cantarem de boa, enquanto a letra te ajuda a se empurrar pro ralo. Vale citar que Boka na bateria continua quebrando tudo e sua eficiência com as baquetas e pedais são um grande diferencial para a banda. Este é mais um capítulo destruidor na carreira da banda do João!
segunda-feira, 12 de dezembro de 2022
20 anos de Dance of Shadows do Silent Cry!!!
No final do ano passado fizemos o dezembro verde e amarelo, quando resenhamos 1 álbum do metal nacional todos os dias de dezembro. "Dance of Shadows" do Silent Cry foi a resenha número 24, publicada no Natal, dia 25/12 (sim, tivemos um delay ali). Portanto não justificaria refazer toda a resenha em tão pouco tempo, mesmo que como ouvintes, nossas percepções da música podem variar, mas um ano é muito pouco pra isso. Mas como também não poderíamos deixar passar batido o aniversário de 20 anos de uma obra tão importante, vamos falar um pouco de "Dance of Shadows" e deixar ao final da resenha o link para a resenha anterior. Este álbum é sim mais sinfônico que os trabalhos anteriores, mas o rótulo "doom" não deve ser adjetivo apenas daqueles que se arrastam pelo chão escuro da depressão, mas todo trabalho capaz de evocar sentimentos distintos de uma pessoa durante sua audição, como tristeza, alegria, raiva ou desespero. "Dance of Shadows", mesmo que não se caracterize pelos elementos melancólicos de outrora, ainda tem muito sofrimento na alma da música. A nova vocalista Ana Márcia é a responsável pela maioria destes sentimentos e podemos explicar. Primeiro é a dificuldade de aceitar a falta da vocalista anterior num álbum do Silent Cry, dada a afinidade criada pelos fãs à sua voz. Segundo que não é o tempo todo que Ana consegue imprimir a melancolia que o fã estava acostumado, mesmo com a preciosidade chamada "Only to Love You" em que ela mata a pau. Então é muito necessário ouvir este álbum sem levar em consideração "Remembrance" ou "Goddess of Tears". Conseguindo separar isso em seus miolos, você certamente partirá em direção ao íntimo do trabalho. Além de ser um trabalho honesto, competente e importante para a sequência da banda, temos ainda Dilpho cantando de forma agressiva, do jeito que não fazia a bastante tempo, o que é um ponto positivo a mais. Um ponto negativo é que neste trabalho não tínhamos mais o "maestro da sensibilidade", como Bruno Selmer foi citado recentemente, pois ele havia deixado a banda. Destaques para "Two Worlds", "Only to Love You" e "Devoured By Words".
https://blast-metaleloucuras.blogspot.com/2020/12/dezembro-verde-amarelo-24-silent-cry.html
domingo, 11 de dezembro de 2022
20 anos de Vida: The Play of Change do Imago Mortis!!!
Depois de um período conturbado na história do metal nacional, que foi da metade dos anos noventa ao início dos anos 2000, várias bandas recomeçavam a pipocar em nosso território lançando álbuns de respeito que hoje se tornaram clássicos. O Imago Mortis do Rio de Janeiro chegava a seu segundo petardo em 2002, o ótimo "Vida: The Play of Change". Formado pelo frontman Alex Voorhees, Fabricio Lopes na guitarra, Alex Guimarães nos teclados, Fabio Barreto no baixo e André Delacroix (Azul Limão e Metalmorphose) na bateria, o álbum lançado pela Die Hard traz uma história conceitual de um cara que de alguma forma começa o álbum em uma ambulância e começa a ter vários devaneios no trajeto e no hospital, como encontros com o Caronte sobre a balsa, depois Deus e o diabo em seus sonhos e alucinações. Vale a pena dar uma conferida nas letras de Vida. Musicalmente falando este álbum é mais sólido que o debut, e tem um trabalho de guitarras que te deixa impressionado. O peso é gritante e as melodias têm enorme bom gosto. Ouça o riff de "Long River" para atestar. Outra música sensacional é "Three Parchae", que é uma música de gente grande, complexa e soberba. "Envy" também é de tirar o fôlego, abusando do "stop and go" e vocais rosnados da melhor qualidade. Voohrees tem a qualidade de cantar limpo com desenvoltura, mesmo que sua voz tenha mais impacto que beleza, ela casa perfeitamente ao som da banda, enquanto os vocais extremos dão aquele prazer a mais na audição, principalmente aos fãs de death/doom. Momentos mais clean também são brilhantes, como em "Me and God" que ainda tem um solo de guitarra espetacular. Excelente álbum, com algumas características mais progressivas, melodias bem tocadas e canções bem construídas, que tem mais agressividade em sua primeira metade e mais viagens na segunda parte.
sábado, 10 de dezembro de 2022
20 anos de Ravishing Beauty do Avec Tristesse!!!
O Avec Tristesse do Rio de Janeiro é uma banda que costumo chamar de progressive gothic doom! Mesmo que algumas passagens tenham cunho mais agressivo, as melodias geralmente remetem a um som melancólico, enquanto as letras são poéticas e profundas. Enquanto em "She, the Lust" temos esta veia mais dark metal com um pouco de raiva incrustada, a beleza de melodias acústicas estão aqui e ali, terminando com um belo violão. O interlúdio "Ravishing Beauty pt 2" não é mero complemento, pois serve para unir a citada faixa anterior a "The Crown of Uncreation" e em sua melodia apresenta até um pouco de canto gregoriano. Já "The Crown of Uncreation" tem a bela voz de Raquel Antunes, que agregou muito ao som do Avec, enquato os vocais masculinos limpos transmitem uma sensação de calma e beleza sensacional. "De Sombre Amour et Souffrance" com letra em francês, que justifica o nome da banda, tem uma melodia bonita de teclado e tem a voz feminina de Denyze Moreira. "In Vain I Cry" começa bem agressiva, próxima do black metal, e tem um riff de guitarra bem legal, e de repente a música se inclina para um ótimo gothic doom com vocais limpos e um solo de guitarra inspirado, mostrando toda dinâmica dos músicos. "Paean" fecha o álbum, lançado pela Hellion, com nova participação de Raquel, algo que pode ter confundido um pouco os fãs associando a banda ao estilo "The Beauty and the Beast" que estava em alta na virada do milênio. A arte da capa é muito bonita e condiz totalmente com a música apresentada. A banda era composta por Bruno Campbell nos teclados, Alexander Woden em uma guitarra (hoje no Land of Tears), Nathan Thrall na bateria e baking vocals, Pedro Salles nos vocais e guitarras e Rafael Gama no baixo. Pena que o álbum não chega aos 32 minutos. Mas é um baita trabalho.
quinta-feira, 8 de dezembro de 2022
20 anos de Order of the Leech do Napalm Death!!!
Enquanto o filme que conta a história do Napalm Death não sai, vamos falando um pouco do décimo álbum da carreira de uma das bandas mais barulhentas que o metal já teve. "ContinuingWar On Stupidity" abre "Order of the Leech" de forma grosseira, como naqueles filmes de ação em que a primeira cena já é um tiroteio com muito sangue. Grind, Death e Hard Core unidos em pouco mais de 3 minutos que vão te fazer relaxar bastante. E é uma martelada atrás da outra, e não há nada muito marcante em cada música que fará você diferenciar umas das outras. Temos uma rifferama suja de Mitch Harris e Jesse Pintado. Na cozinha Shane Embury e Danny Herrera jogam molho e macarrão pelas paredes, misturam as bebidas e explodem panelas, tudo pelo bem geral da nação caótica. Os vocais de Mark Greenway são daqueles mais reconhecíveis do metal extremo e o cara berrou como um touro sendo mutilado. As músicas estão na casa dos 2 e 3 minutos, o que é um bom padrão para evitar lesões nos pescoços. Certamente quem ficou preocupado com algumas inovações no som do Napalm anos antes apreciou as singelas canções deste álbum Para quem se assusta com a duração da última faixa, a "The Great Capitulator", na verdade ela termina e alguns minutos em silêncio perduram para mostrar um diálogo abençoado. Indicado para todos os fãs de agressividade sem limites.
quarta-feira, 7 de dezembro de 2022
20 anos de Nordland I do Bathory!!!
A tentativa infrutífera de voltar ao viking metal no ano anterior com "Destroyer of Worlds", que resultou em uma colcha de retalhos, foi corrigida em 2002 com Nordland I, o primeiro capítulo da derradeira história da banda comandada por Thomas Börje Forsberg, mais conhecido como Quorthon. Não que Nordland consiga rivalizar com "Hammerheart", "Twilight of the Gods" ou "Blood On Ice", que são totalmente "fora da curva", mas este álbum transpira os sentimentos vikings com muita naturalidade. A intro "Prelude" já deixa transparecer os sentimentos que você poderá ter durante a audição do álbum, mas o início da faixa título, com uma bateria e distorção de guitarra que te remetem diretamente aos anos dourados, garante que Mr. Quorthon ainda sabia fazer música com extremo bom gosto. O que se percebe de imediato é sua voz, que está bem mais natural, sem forçar aquela rouquidão que lembrava fragmentos dos rosnados da época de "Blood Fire Death". Ouvir este álbum na época de lançamento não carregou tantas emoções como acontece agora, já que ninguém esperava que nosso músico caminharia para Valhalla 2 anos depois. Mesmo porque em sua totalidade ele não é um trabalho que carregue raiva, o que pode confundir muitos imaginando que a banda estava sem pegada, mas na sequência com "Vinterblot" e "Dragons Breath" descobre-se que a melancolia ganhou novos ares, por baixo das inserções folk. E os corais também aparecem nestas músicas como um "upgrade" enquanto nesta segunda o Mister solte mais sua voz. E o que dizer de "Ring of Gold", acústica, misteriosa, linda, e a música de Nordland que mais nos traz sentimentos de perda ouvindo este opus, do primeiro dedilhado ao último trovão. Já "Foreverdark Woods" que bem poderia ser a faixa de abertura, traz instrumentos de corda pouco usuais tratando-se de Bathory, e é uma viagem a bordo de um drakkar à noite e tomando hidromel. Grande obra, saudade grande!
terça-feira, 6 de dezembro de 2022
20 anos de Versus the World do Amon Amarth!!!
E os vikings do death metal conquistavam cada vez mais espaço e fãs ao redor do mundo com sua música pesada. "Versus the World" é o quarto álbum dos suecos e mais uma vez pela Metal Blade, mostrado uma banda que se tornava mais coesa a cada lançamento. Com mais uma capa utilizando as mesmas cores de sempre, e confundindo os fãs pra variar, temos novamente um viking erguendo sua espada desta vez para atacar aquele globo terrestre que a professora da sua escola girava pra te mostrar os continentes e oceanos. O play abre com uma porrada chamada "Death in Fire" com aqueles elementos corriqueiros que você já conhece na banda. Peso, guitarras com riffs grudentos e pesados, e vocais rosnados e até inteligíveis. Outra que chama bastante a atenção é "Where Silent Gods Stand Guard", num ritmo menos acelerado e com um riff sensacional pra bater cabeça com ou sem elmo. Parece que o Amon havia encontrado a fórmula para sua música e não estava disposto a mudá-la, pois até então, estes três álbuns na sequência são bem regulares e primos. Johan Hegg raramente muda sua forma de cantar, mas quando resolve inventar algo diferente, acaba acertando, como no vocal falado no início de "Thousand Years of Opression". Honestamente, quando uma banda se repete a cada álbum, existe uma tendência de alguns fãs se afastarem, mas há também aqueles que só querem mais do mesmo e morrem de medo de mudanças. Se você chegou a "Versus the World" sem enjoar dos vikings, certamente faz parte do segundo grupo. Destaque ainda para "Bloodshed" com berros vocálicos extremos e empolgantes, te colocando no centro de uma batalha, e a épica "...And Soon the World Will Cease To Be" com ótimas melodias.
segunda-feira, 5 de dezembro de 2022
20 anos de Deliverance do Opeth!!!
Deliverance não é como um prato de feijão com arroz, que você já comeu várias vezes e sabe a sensação, restando apenas descobrir se o prato está quente ou frio, temperado ou sem gosto. Não. Deliverance é como pedir um prato descrito em um restaurante árabe sem ter a mínima noção do que virá à sua mesa. As músicas são extensas, todas com mais de 10 minutos, exceto a instrumental "For Absent Friends". Quando um amigo te chama para ouvir um som novo e você mal consegue terminar a música de 2 minutos fica chato, mas imagina quando ele te mostra algo de 13 minutos? É a mesma sensação de alguém com medo de altura tendo que atravessar uma ponte estreita de 20 metros sem nada pra segurar. A sorte é que a mente de Mikael Akerfeldt sabe que quanto mais móveis colocar num quarto escuro, mais difícil fica de sair dele, e as músicas não se tornam cansativas, pois tem muita coisa acontecendo progressivamente. Para apurar isso preste atenção apenas na bateria da faixa título e tente anotar em apenas uma folha tudo que ela tem para lhe ensinar. Não tenho a intenção de rasgar seda em prol do Opeth aqui, pois esta banda sueca não está entre as que eu venero, ao longo destes 30 anos consumindo metal, mas é necessário ser imparcial sempre que necessário. O som do Opeth não é bonito por natureza, e nem o pretende ser, mas ele carrega uma beleza selvagem em vários momentos, ao passo que o som se molda em volta de si mesmo o tempo todo e em determinadas passagens precisa ficar feio para te dar uma dimensão de alcance desejado. Os vocais limpos de Mike são calmantes para almas desesperadas, e melodias sensíveis como em "A Fair Judgement" mostram que outras bandas não precisavam ter desapontado tanto seus fãs em prol de um som mais alternativo, abrindo mão totalmente do peso e da agressividade. Em "Deliverance" o Opeth faz isso com tranquilidade e não te deixa com a sensação de pisar em ovos. Ouça sem esperar nada para não confundir sua mente!
domingo, 4 de dezembro de 2022
20 anos de The Will to Kill do Malevolent Creation!!!
E o Malevolent Creation que começou a carreira em Nova York e depois se mudou para a Flórida, a casa do death metal americano, lançava seu oitavo álbum de estúdio e novamente com mudanças no line-up. Para a bateria foi recrutado Justin DiPinto (o cara tem sorte de não ser brasileiro) e Kyle Symons estreava como frontman, vindo do "HatePlow", uma espécie de projeto paralelo dos músicos do Malevolent. Tudo bem que eu prefira o finado Brett Hoffmann no posto de vocalista da banda, mas Kyle mostrou que sua voz doentia também poderia conduzir o caos difundido em "The Will to Kill". Como o singelo título propõe, a banda nos entrega um trabalho bem violento, com a bateria do novato Justin arrebentando tudo com bastante eficácia. Os riffs de Phil Fasciana e Rob Barret viajam do death ao thrash sujo e veloz, como podemos ouvir por todo o play mas em especial na ótima "With Murderous Precision", que certamente teve a letra influenciando a arte da capa criada por Travis Smith. Esta faixa tem mudanças de andamento bem equilibrados e "blast beats" no volume certo e constantes. O baixo de Gordon Simms segura a massa sonora com um paredão sólido, deixando os guitarristas à vontade para elaborar seu poder de fogo sem se preocuparem em preencher todos os espaços. Outra faixa excepcional é "Rebirth of Terror", numa pegada bem extrema típica da Flórida e com um dos melhores momentos de Kyle no álbum, e para quem quer um riff com mais groove e peso absurdo, "Divide and Conquer" e sua temática bélica são um prato cheio de sangue e ossos. Os riffs de "Superior Firepower" também devem ser ouvidos com atenção. "The Will to Kill" é uma pedrada e você precisa saber se desviar para não ser atingido em cheio.
sábado, 3 de dezembro de 2022
20 anos de To Welcome the Fade do NOvembers Doom!!!
A banda americana de death/doom Novembers Doom chegava a seu quarto lançamento em 2002, com "To Welcome the Fade". A arte da capa um tanto abstrata foi criada novamente por Travis Smith (Amorphis, Anathema, Death com "The Sound of Perseverance") e sempre gostei de artes com tons mais claros, apesar de preferir uma ilustração, coisa pouca usada nas obras deste estilo. As 3 primeiras faixas, "Not the Strong", "Broken" e "Lost In a Day" servem para afirmar algo que eu penso da banda. Que ela é uma das bandas deste estilo com menos pegada melancólica por aí. Os riffs, a bateria e os guturais de Paul Kuhr são pesados, e o som gira numa rotação superior ao das outras bandas do estilo, mas mesmo assim não tornam o Novembers uma banda de death metal, mas uma banda mais raivosa que triste, como se as desgraças da vida e o período de luto já tivessem passado e se transformado em revolta. Já "Within My Flesh" soa mais melancólica, com riffs mais "slow" e se enquadra melhor no estilo como um todo. Não que a banda não se enquadra naquilo em que se propôs a fazer, pelo contrário, ela buscou uma identidade própria em um nicho em que você só se destaca se conseguir se diferenciar do eterno arrastar de correntes e rosnados sem sentimento. O álbum segue uma linha mais progressiva com "If Forever" e "The Spirit Seed", onde aparece a doce voz de Nora O'Conner, como uma pequena degustação do que viria em "Torn", onde a moça realmente canta num dueto com Paul (que mostra que manda bem nos vocais limpos também) num momento bem legal do petardo. Indicado para todos os fãs do estilo, principalmente para os que não querem entrar em depressão.
sexta-feira, 2 de dezembro de 2022
20 anos de Crimson Thunder do Hammerfall!!!
Conheci o Hammerfall justamente por "Crimson Thunder" e é claro que tenho um carinho especial por este álbum, mesmo que com o passar dos anos talvez prefira "Renegade" ou "Legacy of Kings". Mas este álbum, lançado em outubro de 2002, foi o grande responsável pelo reconhecimento em diversas partes do globo onde a banda ainda não era tão aclamada. Produzido por Charlie Bauerfeind (Blind Guardian, Angra, Helloween, só para citar alguns dos grandes do currículo), este play é uma verdadeira coletânea de hits, que começa com um arregaço chamado "Riders of the Storm" e emenda com a conhecidíssima "Hearts of Fire". Ouvir estas duas faixas na sequência e não se empolgar já é motivo suficiente para procurar outra coisa para ouvir. "Hearts..." em especial tem uma guitarra estilo Maiden antes daquela seção de vocais criada para o público cantar junto e um refrão que gruda mais que cola de sapateiro. O riff de "On the Edge of Honour" é mais tradicional, com a bateria acelerada e os clássicos corais no refrão. Joacim Cans é um grande vocalista, e conseguiu até alguns inimigos em sua terra natal após a fama estrondosa que a banda conseguiu naquela ano, sofrendo uma agressão em um bar, por um suposto fã de black metal que lhe causou 25 pontos em volta de um dos olhos, e o resultado você vê claramente no rosto do vocalista no clipe oficial de "Hearts of Fire" que a banda preferiu não adiar já que as gravações já estavam marcadas e o álbum próximo do lançamento. Oscar Dronjak e Stefan Elmgren fazem um grande trabalho de guitarras, com solos e riffs que preenchem a atmosfera melódica do álbum. O baixo de Magnus Rosén é bem tocado mas não ganha maior destaque com a produção, enquanto a bateria de Anders Johansson cumpre bem seu papel. O instrumental do Hammerfall é mais pesado que a maioria das bandas de metal melódico, às vezes jogando no meio termo entre o Power Metal, porém os vocais de Joacim impedem que a banda pise com força no terreno do Power. "Trailblazers" traz uma avalanche de riffs que justifica isso e a melodia da faixa título levanta qualquer arena. Claro que temos uma balada, "Dreams Come True" que não chega a ter a beleza incontestável de "The Fallen One", mas assim mesmo passou no teste. Há que se destacar também uma versão maravilhosa para "Angel of Mercy" da banda Chastain. Clássico!
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