Originalmente a faixa que abria o lado B do álbum de estréia dos suiços do Celtic Frost, uma das bandas responsáveis por revolucionar o metal extremo, a faixa Circle of the Tyrants do To Mega Therion de 1985 chamou a atenção dos americanos do Obituary, que fizeram uma versão matadora para integrar seu segundo álbum, Cause of Death de 1990. A versão ficou tão fiel ao estilo death metal da Flórida, que se você não souber que é um COVER BRUTAL, com certeza passará como uma canção própria do Bitu.
domingo, 21 de dezembro de 2014
domingo, 12 de outubro de 2014
By The Grace of Evil
Toda banda, assim como um produto, tem seu início, ápice e queda. Não a queda no sentido real da palavra, mas muitas vezes elas precisam se reposicionar no mercado para continuar chamando a atenção dos fãs, o que caracteriza os famosos altos e baixos. Mas o ápice pode ser algo relativo, uma vez que depende tanto da aceitação do mercado, quanto do gosto pessoal dos fãs. O ápice criativo do Metallica por exemplo foi o black álbum de 1991, mas grande maioria dos fãs têm Master of Puppets de 1986 como o maior álbum da banda. Particularmente, acho que o Drowned de BH começou com um álbum matador, que foi Bonegrinder, lançou um bom EP, o Back From Hell em seguida, e pecou um pouco no excesso de melodias em Butchery Age. Mas conseguiram lançar seu melhor álbum em 2004, o excelente By The Grace of Evil. A começar pela arte gráfica irretocável e o título (com a letra B como sempre) muito bem sacado, este foi o álbum mais bem trabalhado e diversificado da banda, com uma mudança na construção das músicas, que foi a ênfase nos refrãos, fazendo com que a maioria deles ficasse grudada na memória de quem ouvisse.
Quando uma banda lança um trabalho que te agrada por completo, é difícil citar as melhores, porque elas sempre variam a cada período, mas algumas devem ser registradas, a começar pela melhor música dos mineiros até hoje, AK 47 que ganhou um vídeo clipe na época. O dedilhado acompanhado de baixo e bateria no meio foi um diferencial na banda. Outras que merecem crédito são Hell March, Kill The Lambs, The Son Will Not Return, No God For Apes e ...Only A Business!!!. A banda continua lançando ótimos trabalhos, privilegiando cada dia mais o peso e a técnica. Mas mesmo com tantos bons álbuns acho difícil superarem By The Grace of Evil. Apenas uma questão de opinião. Mas que eu torço para que isso aconteça, eu torço!
domingo, 31 de agosto de 2014
Os Dez Melhores Álbuns do Metal Nacional.
Listas são sempre polêmicas. Sejam elas baseadas em pesquisas ou no gosto pessoal de alguém, pois quando se fala de predileções, cada pessoa tem um gosto diferente, seja ele político, no cinema, ou musical, como é o nosso caso. Estamos chegando perto de completar nossa sequência dos melhores álbuns do metal nacional já lançados mas uma coisa sempre ficou martelando em nossa mente. Quais seriam os melhores dentre os melhores? Uma lista definitiva daqueles álbuns que não têm uma música sequer que não gostemos. Aquele tipo de álbum que já ouvimos duas ou três vezes seguidas sem tirar o disco do aparelho e mesmo assim não ficamos de saco cheio de ouvir a mesma coisa várias vezes. Aqueles que passaram pelo teste do tempo e não foram apenas um alvoroço momentâneo.
Como este que vos escreve é nascido e criado em Minas com certeza a presença de bandas mineiras foi marcante nesta escolha: 7. E álbuns lançados através da gravadora Cogumelo também, porque a facilidade de encontrar material deste selo morando ao seu lado foi muito maior ao longo dos anos. Outro fator que influenciou esta decisão foi o ano em que comecei a ouvir heavy metal: 1992, o que fez com que a maioria dos álbuns aqui presentes tenham sido lançados no início dos anos 90.
A sequência do décimo ao primeiro lugar não é tão importante e não indica que um é melhor que o outro, o que pode sempre variar com o tempo, mas apenas para seguir uma ordem.
Todos estes álbuns já foram resenhados neste blog, portanto deixaremos apenas algumas linhas a cerca de cada um. Quem quiser saber mais sobre cada um deles pode esmiuçar nossas páginas, e boa viagem.
10º - Blood On The Rocks |
Mirror My Mirror poderia estar listado aqui tranquilamente, pois tem as duas melhores músicas já gravadas por esta banda capitaneada por Casito e Paulinho: Mirror My Mirror e A Party For The Sunrise. Mas Blood on the Rocks é mais pesado, consistente e homogênio e cada faixa nos faz banguear loucamente. O thrash aqui é vigoroso e faixas como Blood on the Rocks, God's Growing Older, Looking For War, Terrorist Prize e a pesadíssima e minha favorita Path To The Cemetary são de tirar o chapéu. Se existia algum bom humor nos álbuns anteriores aqui se converteram em fúria e precisão.
9º - I.N.R.I. |
9º I.N.R.I. - Sarcófago
O fato do Sarcófago aparecer duas vezes nesta lista não é surpresa para quem me conhece. Afinal sou fanático por esta horda brasileira e nenhuma outra banda nacional conseguiu ou conseguirá superar este gosto. Este álbum é a maior prova de destruição sonora da história, tendo em Nightmare seu ápice com um dos riffs mais assustadores já criados em todos os tempos. O visual carregado e músicas como Satanic Lust, Christ's Death a citada Nightmare e The Last Slaughter sempre serão lembradas quando o assunto for o extremo do extremo.
8º Jachol Ve Tehilá |
8º Jachal Ve Tehilá - Amen Corner
Ainda não encontrei uma banda de black/dark metal no Brasil tão boa quanto o Amen Corner. E este álbum em especial mostra o quanto eles estavam inspirados. O clima mórbido encontrado aqui através de guitarras arrastadas e os vocais sempre rasgados e chorados de Paulista deixam qualquer fã de bandas européias como Samael, Anathema e katatonia felizes (ou não). A diferença é que ainda hoje o Amen Corner continua gravando álbuns com a mesma podridão de outrora enquanto as 3 bandas citadas já esqueceram como se faz um metal mórbido de qualidade.
7º Circus of Death |
7º Circus of Death - Overdose
Seria impossível uma matéria sobre os maiores álbuns do Brasil sem a presença de Overdose, não é a toa que Século XX foi o pioneiro de nosso especial. E Progress of Decadence também poderia estar nesta lista de hoje. Mas a escolha de Circus se deve principalmente por causa de 3 músicas: Violence, The Zombie Factory e Profit. Todas as outras são maravilhosas mas estas três são perfeitas. Todas representam as principais características do thrash. A primeira com a velocidade, a segunda com o peso e a terceira com as paradinhas e refrão simples e direto. Sem contar os solos de guitarra presentes em todas.
6º Punishment At Dawn |
6º Punishment At Dawn - Head Hunter DC
O primeiro disco Born Suffer Die, já me impressionou bastante. Mas quando soltaram esta pérola do death metal a coisa ficou séria de verdade. Por um bom tempo eu soube todas as letras deste álbum de cór. Os vocais de Ballof entre guturais e rasgados sempre chamaram a atenção e a bateria bate estaca nunca cansa. O logotipo perfeito contrasta com a capa bela e assustadora. Citar músicas aqui seria desnecessário mas se quiser começar ouvindo Terrible Illusion, Hallucinations, Bloodbath, Searching For Rottenness ou a mais trabalhada e pesada Deadly Sins of the Soul, não se arrependerá.
5º Death is a Lonely Business |
5º Death Is a Lonely Business - Chakal
Tudo bem que Vladimir Korg e Chakal são meio que sinônimos e que Demon King poderia ser listado aqui. Mas acontece que Sérgio, que gravou este álbum também tem um baita vocal e as três melhores músicas já compostas pelo Chakal estão aqui: Beholder, a super pesada Choked com riffs de guitarra simplesmente fantásticos (aquele começo com uma guitarra de um lado e a outra ainda mais pesada do outro tira o fôlego) e a fantástica ultra porrada e precedida de mugidos Fear of Death. Acho que o volume de meu aparelho de som aumenta automaticamente quando começa essa música.
4º Funeral Serenade |
4º Funeral Serenade - SexTrash
Muitos preferem Sexual Carnage, mas Funeral Serenade abandonou de vez qualquer influência thrash e trouxe toda essência do death metal em faixas empolgantes com os vocais de Oswald ainda mais insanos. Não tem música pra completar espaço aqui, todas são trabalhadas para serem identificadas ao primeiro acorde. Espero ansiosamente pelo relançamento deste disco em CD pela Cogumelo. Só pra não passar em branco sem citar alguma faixa fica o registro de Wind Assassin pelo riff da segunda parte e a faixa bônus Hot Juicy & Bitch com os gritinhos femininos no início.
3º The Hangman Tree |
3º The Hangman Tree - The Mist
Não acho que este disco deveria estar apenas na lista dentre os melhores do Brasil mas sim do mundo. Tudo aqui é perfeito. A capa, as letras carregadas de poesia, cada uma das faixas.
Uma sequência de clássicos feita com sangue nos olhos mas com uma técnica e noção de estarem forjando algo sem precedentes de cada um dos membros que nos deixa com lágrimas nos olhos. Só de ouvir God of Black and White Images você sabe que está diante de algo sobrenatural.
2º Arise |
2º Arise - Sepultura
A disputa por um lugar entre os dez melhores fica acirrada quando olhamos para a discografia do Sepultura desde Bestial Devastation até Chaos AD e o principal concorrente de Arise seria Morbid Visions, por toda sua fúria. Mas o thrash metal mundial não seria o mesmo sem Arise. Músicas como a faixa título, Dead Embryonic Cells, Desperate Cry, Altered State e Under Siege ficaram cravadas na história do metal mundial e a verdade é que o Sepultura, ao lado de Pantera e Metallica foram os pilares do heavy metal em uma época em que muitos acreditaram que este gênero estava morto. O nome deste álbum já contradiz isto.
1º The Laws of Scourge |
1º The Laws of Scourge - Sarcófago
O que já era bom ficou ainda melhor. Assim podemos falar deste álbum que mostrou uma banda mais técnica mas ainda assim cheia de ódio. The Laws é a prova de que o death metal pode ser perfeito e ao mesmo tempo primitivo. E quando foi relançado com 2 faixas bônus do EP Crush Kill Destroy ficou ainda mais completo. Minha música favorita muda com o tempo neste álbum, o que demonstra a qualidade que cada uma tem, seja Midnight Queen, Screeches From The Silence, Prelude To a Suicide ou qualquer outra. O Sarcófago mostrou que tinha poder de fogo para se equiparar ao Sepultura no cenário mundial. Mas depois disso preferiu descer para o porão e reinar no underground, que é a casa do metal maldito.
sábado, 23 de agosto de 2014
Demon King
O Chakal estava há 10 anos sem lançar um álbum em 2003 e a banda não tinha um futuro certo. Depois de lançar 03 full lengths, cada um com um vocalista, a banda surpreendeu com o retorno de seu vocalista originou Vladimir Korg (The Mist) e lançou o álbum 'Deadland'. Não vou falar deste trabalho pois não o conheço, aliás, não quis ouvir mais do que alguns minutos na época de seu lançamento, pois não fazia jus aos trabalhos anteriores. Mas a rapaziada chamou Mark de volta e resolveu o problema no ano seguinte, lançando um dos melhores álbuns de sua carreira. Demon King reúne tudo que o Chakal apresentou nos anos 80 e 90. Agressividade, peso (e que peso) e shows de abertura que deixaram as bandas principais de queixos caídos. É indiscutível a força que Korg dá à banda no comando de um show, e a partir deste álbum os shows ficaram repletos de suas músicas e mais umas duas da época do Abominable (Jason Lives é claro, não poderia faltar). 'Morlocks Will Rise' abre a pancadaria sem deixar respirar, thrash de primeira com a voz rouca de Korg e a bateria de Wiz descendo o porrete.
'Demon King' é peso em seu estado bruto, essa música ao vivo, com Korg mostrando os chifres, era um dos pontos altos dos shows.'Christ In Hell' é uma que lembra bem a primeira fase da banda, aquele thrash atropelando, quase à beira de um death metal old school. 'Mirror Made-Tricks' dá sequência alternando partes rápidas e arrastadas. Depois vem um clássico do death metal, 'Evil Dead' da banda de Chuck Schuldiner, muito bem interpretado. 'War Drums', com a participação de Fernando do Drowned foi outra sempre apresentada nos shows, uma ótima música com ótimos riffs de Mark e André. 'Flowers On Your Grave' é uma de minhas favoritas, tem um riff da escola americana, na linha de Testament, matador. Segue com 'Human Remains Banquet' e logo depois outra fantástica, 'Psycho'. 'The Mask of the Red Death' é uma instrumental e o CD fecha com 'Mastered Dogs'. Me lembro de um show, com Sodom no Armazém 841, que o baixista Giuliano Toniolo ficou emocionado quando Korg apresentou toda a banda e frente à receptividade do público. Não é de se assustar, afinal um show do Chakal, apresentando tantas músicas fantásticas deste Demon King, é para emocionar mesmo.
domingo, 17 de agosto de 2014
Profanus
O quarto trabalho de estúdio dos baianos do Mystifier é o que mais o distancia do black metal, pois tem bases de guitarra bem death metal, apesar da parte lírica ainda conservar toda essência black e em algumas passagens de teclado ainda levarem aquela morbidez tradicional. Mas também é o álbum mais bem produzido da banda. Lançado em 2001 através da Encore Records contou com Beelzeebubth nas guitarras, Louis Bear na bateria, Asmoodeeus nos vocais, Leandros nos teclados e Bruno Rheys no baixo.
O álbum abre com risadas tiradas das profundezas dos infernos e a música Unspeakable Dementia, uma faixa perfeita para abrir o petardo.
O Mystifier desfilou faixas de extremo bom gosto neste trabalho, alternando passagens mais calmas e arrastadas a outras mais aceleradas, uma evolução natural ao EP Demystifying The Mystified Ones...de 1999. Como diferencial os vocais que além de alternarem entre rasgados e guturais ainda aparecem de forma limpa (nada naquele estilo gótico bonitinho) mas gritado. Difícil citar maiores destaques pois o álbum é bem homogênio, mas dá pra perceber uma leve evolução na sequência em que as músicas foram dispostas no álbum, chegando a 'Celebrate the Antichristian Millennium', uma das melhores, 'Showing The Evil in Our Hearts' (matadora) e 'Hangman's Noose'. Um disco para mostrar pra galera que acha que metal nacional de qualidade no Brasil morreu nos anos 90, estava errada.
sábado, 9 de agosto de 2014
XVI
O Miasthenia foi criado em Brasilia em 1994 e depois de demos e splits gravou em 2000 seu primeiro full length, lançado pela Somber Music que mais uma vez deu uma aula de arte gráfica, começando pela capa que tudo tem a ver com o lirismo da banda, acerca do paganismo e culturas obscuras latino americanas. A principal figura por trás da banda é a vocalista, tecladista e historiadora Hécate, que escreve as letras do Miasthenia com embasamento histórico. Após a abertura, com o prelúdio de tempos ruins que se aproximam da cultura pagã, vem a faixa título 'XVI' em referência ao século após o primeiro ano de descobrimento do Brasil, quando várias culturas começaram a ser dizimadas. As guitarras são tipicamente black metal, com distorção mas sem muito peso, acompanhadas constantemente pelos teclados. Hécate canta rasgado mas algumas frases aparecem com sua voz natural, como vemos em 'Lagrimones do Falcão'. Todas as músicas são em português, e 'De Volta ao reino de Paa-zuma' tem ótimas melodias, com guitarras mais arrastadas.
As músicas de 'XVI' são longas mas nem de perto chegam a ser enjoativas, são passagens que mudam constantemente e um dos pontos altos desta é o solo de Thormianak, que destoa do restante da canção de forma positiva, pois te leva a um outro ponto para depois retornar. Uma ótima canção. Já 'Rituais de Rebelião' tem passagens que lembram o antigo Suidakra. Uma música que demonstra que mesmo sendo o primeiro álbum completo o Miasthenia já estava preparado para invadir o mercado nacional com muita qualidade e bom gosto. Tem até uma passagem apenas no baixo de 'Mist' acompanhado da bateria de 'Miclantecutli' que mostra a qualidade dos músicos. 'Onde Sangram Pagãs Memórias', 'Brumas Xamônicas' e a instrumental e pesada 'Malquis Imortais' fecham este excelente trabalho. Depois do conhecido P.U.S. Brasilia nos brindava com mais uma grande banda de metal extremo com uma mulher em suas fileiras.
domingo, 3 de agosto de 2014
...and Evil Returns.
"...dor e ódio são as razões do mal. Vingança e ódio são as razões que me mantêm vivo." Com esta inscrição na contracapa o Murder Rape de Curitiba lançou seu segundo álbum, o '...and Evil Returns', em 1996, agora pela gravadora da própria banda, a Evil Horde Records, sendo este o seu primeiro lançamento. E maldade é o que transpira este CD, com andamentos arrastados e Sabatan cantando bem mais rasgado que no debut 'Celebration of Supreme Evil'. Aliás, além de sempre um novo álbum ter uma música com o título do disco anterior, todos os lançamentos do Murder Rape levam a palavra 'Evil' nos títulos. Detalhes interessantes daqueles que se preocupam com tudo que se identifica com a banda, e não apenas a música, assim como outras bandas como Morbid Angel e Drowned também fazem, e somente os verdadeiros fãs identificam.
São apenas seis músicas, mas todas carregando o espírito black metal e tão bem compostas que nos deixam com vontade de ouvi-las novamente ao final do último hino. 'Pail Air of Melancholy' inicia o trabalho com um riff mórbido e cortante, com o teclado de Sérgio (não creditado como membro da banda), dando uma camada fúnebre ao fundo, bem como em todas as composições. As guitarras de Ipsissimus e Azarack são bem arrastadas, e poderiam muito bem estar em uma banda de death doom ou funeral doom. Em 'For The Glory of Evil Warriors' as guitarras já aparecem em doses mais cavalgadas, porém na mesma velocidade. Nos primeiros álbuns a banda não se preocupava com a velocidade ou pedais duplos acelerados, o negócio era soar mórbido ao extremo. Essa música tem um riff lá pelo um minuto e meio de tirar o chapéu. Depois vem 'Echoes From the New Millenium', a música mais acelerada, com Ichthys Niger ditando o ritmo de sua bateria, ele que viria a se tornar um baita baterista quando saiu do Murder e foi para o Evil War, passando a tocar bem mais técnico e preciso, até sua fatídica morte em 2008, dois dias antes de completar 33 anos. O curioso é que o baixo de Agathodemon não aparece muito, ele que é um dos fundadores da horda, faz backing vocais em todos os álbuns, é o fundador da gravadora Evil Horde e editor da revista 'A Obscura Arte', aquela mesmo em preto e branco com bandas extremas do underground mundial. As outras faixas são 'Descendant From Dark Side', 'Wonders of Shadows' que também é uma das melhores, e tem aquela risada malévola e característica de Sabatan, e 'Celebratrion of Supreme Evil', com um início pra lá de maquiavélico. Só faltou o logo da banda na capa do CD para ser completo.
domingo, 27 de julho de 2014
Barbarian
Em 2003 os baianos do Malefactor lançaram mais um petardo, o terceiro de sua discografia, com o título de 'Barbarian'. Acentuando de vez sua veia épica, através de um epic detah metal repleto de melodia, sem deixar de ser extremo. Agora pela gravadora baiana 'Maniac Records', o Malefactor chegava entre as maiores bandas do novo milênio no Brasil, ao lado de outros como Torture Squad e Drowned. Depois de uma intro no teclado e vozes invertidas vem a poderosa 'Echoes of Lemuria' com vocais predominantemente rasgados e guturais em alguns momentos, teclados acompanhando e guitarras épicas. Um começo perfeito para quem já era fã e também para os que não conheciam mas já gostavam de bandas como Thyrfing. 'The Pit' tem um ótimo riff com as guitarras bem na cara, com aquela camada de teclados ao fundo e o refrão com o vocalista Vlad repetindo as palavras, o que ficou bem bacana, e depois cai em uma passagem estilo marcha de guerra. Simplesmente a melhor música deste trabalho. 'Barbarian Wrath' começa com um teclado que lembra o folk metal e aquele ôôô imitando um coral, característica que aparece em outras músicas também. É a primeira faixa com vocais limpos, após o refrão se repetir a música vai crescendo até os solos de Jafet e Danilo, para entrar em uma passagem mais introspectiva e o retorno com os vocais limpos no melhor estilo do álbum de 2001 'The Darkest Throne', bela música.
'Nightfall' é a música que tem o refrão mais legal e um belíssimo solo de Danilo em uma passagem ímpar. A qualidade segue com 'Followers of the Fallen', 'Returning...to Unholy Grave', 'Forgotten Idols' com paradinhas e vozes em coro, '300 From Sparta' e volta a surpreender com 'Summoning the Braves' com um belo dedilhado de início, e mais uma bela canção destes bárbaros da Bahia. Mais um álbum que entrou para a história do metal nacional.
domingo, 13 de julho de 2014
Unholy March
A história do Evil War começa de um racha na conhecida Murder Rape. Após lançar o clássico ...And Evil Returns em 1996 os membros Sabatan (vocal), Azarack (guitarra) e Ichthys Niger (bateria) deixaram a banda para unirem-se a Typhon Seth (baixo) e Haborym (guitarra) para dar início a esta horda impiedosa do black metal de Curitiba. E que melhor nome poderia se batizar a banda para representar a guerra do mal que seu som faz passar? Na capa de Unholy March de 2001 já temos um exército de seres medonhos que marcham após deixar um povoado em chamas. E no desenho por trás do CD um escudo contendo um corvo, dois machados cruzados e as letras E e W cravados, o mesmo escudo que aparece esfacelado e sujo de sangue no álbum seguinte, como se fosse mostrado logo após uma batalha sangrenta. Aliás a arte gráfica promovida pela banda em conjunto com a gravadora Somber Music é espetacular. A introdução com sons de raios ao fundo é uma marcha de guerra no teclado com acompanhamento da bateria e uma voz aterrorizante saudando a ideologia black metal. A primeira música é 'Revelations From An Old Age' com os vocais mais rasgados, apesar da característica maior de Sabatan ser o gutural. O trabalho de bateria de Ichthys Niger é fora de série, muita técnica e blast beats muito bem encaixados. A diferença logo sentida em relação ao antigo Murder Rape é a velocidade que o Evil War imprimiu ao som, que outrora era aquele black mais próximo do dark.
'Born By The Rape Of One Beast' segue com toda escuridão que pede o som e vozes dobradas. 'From The Darkness Come The Queen' é a que mais lembra a antiga banda de Sabatan, inclusive com uma passagem muito parecida, com aquela risada sinistra encontrada em Celebration of Supreme Evil. 'Unholy March' é uma faixa épica com os sons de uma batalha no início e uns riffs de guitarras maravilhosos lá pelos cinco minutos e meio. E toda qualidade do Evil War segue latente nas últimas três faixas 'Memories From The Last One', 'Battle Of The Honour' e 'Conqueror's Saga', esta última com um início digno das maiores hordas do metal da guerra. Um trabalho digno e que todo fã de metal extremo deve conhecer.
domingo, 29 de junho de 2014
Darken In Quir Haresete
O Amen Corner do Paraná em 1999 lançou pela primeira vez um trabalho fora da Cogumelo, o EP Darken in Quir Haresete pela Demise Records. Seguindo sua trajetória, após o clássico Jachol Ve Tehilá, a banda lançou um trabalho com as mesmas características, inclusive algumas músicas podem até ser sobras rearranjadas daquele álbum. Darken é um EP que manteve a banda entre as mais cultuadas no Brasil, pelos fãs de black e dark metal. São apenas cinco músicas, onde novamente os vocais de Paulista (Sucoth Benoth) são ainda o diferencial, com uma interpretação macabra, aqueles momentos que parece que o cara está chorando de ódio dentro de uma caverna.
'Endless Solitude' abre de forma arrepiante, cadenciada, com os vocais berrados e vai acelerando gradativamente, bom trabalho dos guitarristas Naberus e Murmúrio. 'Black Empire' já inicia com um riff mais malvado e cai para uma levada bem Jachol, com uma interpretação vocal empolgante. 'Awakening of Evil' é a melhor faixa do EP com o som de uma tempestade no início e Paulista conclamando a que Camos se levante. A música é perfeita do início ao fim. 'The Creators Pride/Anguish of the Accused' é outra que lembra muito o álbum anterior e já por isso merece destaque. E para fechar o trabalho 'Camos God of the Gods', outra com riff maligno a la Samael. Uma pena a banda ter ficado oito anos sem lançar material após este EP, pois está no topo das hordas maléficas do metal nacional.
sábado, 21 de junho de 2014
Goddess Of Tears
O Silent Cry aproveitou a boa recepção que teve na estréia com 'Remembrance' e um ano depois, em 2000, lançou seu segundo full length, 'Goddess of Tears'. Pivô de uma briga entre a Cogumelo e a Demise, que atrasou a entrega dos CDs até que abrisse sua própria loja, e consequentemente teria um belo e aguardado trabalho saindo do forno nas prateleiras, o álbum chegou cercado de expectativas. No line up apenas uma mudança, com a saída de Jaderson Vitorino para a entrada de Roberto Freitas no baixo. Impossível falar deste trabalho sem as comparações com o debut. Primeiro a arte gráfica, que já era bela e ficou ainda melhor, com a estátua do anjo na capa e o belo logo abaixo. O álbum perdeu também um pouco da melancolia presente em 'Remembrance', que era um trabalho mais doom e este é mais gothic, com menos vocais guturais e os teclados de Bruno Selmer mais evidentes. E por falar neles, a introdução de 'Desire of Dreams' é lindíssima. Suelly canta em dueto com Dilpho, com ênfase na voz feminina e um ponto para a produção em detrimento do primeiro disco é o volume das vozes que aqui está bem melhor equiparado. Nesta música ouvimos influências de Anathema aqui e ali, principalmente da fase de 'Eternity', mas você só perceberá se for muito fã das duas bandas.
'Last Visions' mostra que o baixo aparece bem e não é apenas mais um instrumento, dando um forte suporte para o trabalho de guitarras. E ouvindo a quase instrumental 'Tears Of Serenity' fica claro como esse pessoal tocava. Em 'Eclipse' Dilpho nos brinda novamente com vocais rasgados, além de uma das passagens acústicas mais belas do álbum com Bruno Selmer e Ricardo Meireles no acompanhamento para Cassio Brandi despejar um solo de tirar o fôlego. 'Crying Violins' é uma canção rearranjada da demo 'Tears of Serenity' que ficou muito melhor. 'Illusions of Perfection' tem um começo digno de um 'Tristania' e 'The End of the Innocence' nos faz sentir saudades da voz de Suelly. 'Good-bye In The Silence' resgata toda a tristeza presente em 'Remembrance' e fecha 'Goddess of Tears' com muita competência. É verdade que quando foi lançado foi um pouco frustrante por ser um disco bem mais 'clean' que o debut. Mas analisado depois de todos estes anos a conclusão é de que não supera, mas é tão bom quanto 'Remembrance'. E pra quem presta atenção nestas coisas sem explicação da vida fica a pergunta: por que logo Bruno Selmer aparece na foto de encarte com uma camisa branca, enquanto todos estão de preto? O resto da história todos conhecem.
sábado, 14 de junho de 2014
Back From Hell
Após o sucesso com a estréia de Bonegrinder o Drowned de Belo Horizonte retornou com um EP acima da média, e em pouco tempo provava que a banda não estava para brincadeiras. O EP foi lançado em dia de festival em BH que reuniu bandas de destaque do metal nacional, como Siecrist, Nervochaos, Distraught e Torture Squad. A capa ficou novamente a cargo do cartunista Zinho, e apesar de mais simples, veio mais diabólica, para encarnar o título do disco.
Neste trabalho o Drowned veio mais cru, com o som mais sujo, para a alegria dos fãs de metal extremo, mas com a mesma técnica demonstrada no debut.
A primeira cacetada é 'Back From Hell', uma faixa que tem um refrão bem forte que gruda na cabeça. 'Rhymes of death' é instrumental e serve de abertura para a poderosa 'Demonic Cross' com Fernando soltando a voz dividida entre guturais e rasgados. 'Evil Darkness Inside' é uma das músicas que já existiam e ganhou novos arranjos para o EP. O primeiro cover é 'Bestial Devastation' do Sepultura, precedida de uma dispensável 'The Curse' que não faz jus à original. Mas 'Bestial' ficou excelente na roupagem do Drowned, mais rápida e Beto descendo a mão na bateria. Aliás, repetir a formação de Bonegrinder contribuiu muito para a qualidade atingida pela banda. 'Bloody Sand' é uma nova roupagem para a instrumental 'Blood Sand' do álbum de estréia. ' Destroyer' segue a destruição sonora com um bom solo e é uma faixa que não ficou pronta a tempo de entrar em Bonegrinder. O outro cover já não agrada tanto, 'The laws of Scourge' do Sarcófago merecia uma gravação melhor, pois é um clássico absoluto do metal nacional e além disso já havia saído no tributo à banda. 'Fuckin Twins' é outra instrumental e o trabalho ainda traz duas versões demos para músicas que saíram no debut, 'Bonegrinder' rebatizada no disco de estréia como 'Men Who Break Bones' e 'Wisdom Without Direction'. A curiosidade é que a banda decidiu lançar todos os seus álbuns com o título começando com a letra 'B'. Mais um EP mineiro que entrou para o roll dos clássicos EPs do metal nacional.
domingo, 18 de maio de 2014
Pademonium
O Torture Squad já havia lançado 3 álbuns desde sua formação em 1990, já fazia algum barulho por aí, mas seu reconhecimento ainda se limitava ao estado de São Paulo. Mas em 2003 as coisas começaram a mudar com o lançamento de Pandemonium e finalmente todo o Brasil conheceu esta máquina destruidora de death/thrash comandada pelo excelente e carismático vocalista Vitor Rodrigues, mais conhecido por Vitinho. Produzido por Heros e Pompeu no estudio Mr. Som, o que contribuiu enormemente para o sucesso do álbum, Pandemonium rapidamente colocou o Torture Squad entre as maiores forças do metal extremo do novo milênio. Com riffs poderosos e intrincados esbanjando muita técnica aliados a solos inspirados de Maurício Nogueira e uma cozinha pra lá de competente com o baixista Castor e o monstro da bateria Amílcar Cristófaro ( o que toca esse camarada não é brincadeira), Pandemonium proporcionou que a banda fizesse um giro geral pelo país e começasse a ser visto no exterior.
Todas as faixas são matadoras mas algumas devem ser destacadas. Depois da abertura a arrasa quarteirão 'Horror And Torture' chega quebrando tudo. O início dessa faixa é perfeito, paradinhas, viradas, riffs que ficam reverberando na cabeça muito tempo. Quando o pau quebra os vocais de Vitor são daqueles que abrem um sorriso na cara de qualquer banger que há muito esperavam por uma obra deste naipe na terra tupiniquim. O refrão é pra berrar junto nos shows, alternando vocais ultra guturais com os rasgados que Vitor fazia muito bem. Ouvindo 'Towers On Fire' chegamos à conclusão de que a técnica, que às vezes deixa o som de algumas bandas muito chato, depende muito do bom gosto dos músicos, pois o Torture consegue fazer de momentos super intrincados verdadeiros momentos de apoteose da arte extrema. A faixa 'Pandemonium' é outro grande destaque e alia perfeitamente bases thrash metal a momentos mais death (principalmente no refrão). Outro destaque é a faixa 'The Curse Of Sleepy Hollow', gravada anteriormente para o projeto Hamlet com participação de várias bandas nacionais, talvez seja a faixa mais thrash deste álbum. Os próximos anos seriam de glória para o Torture Squad, graças principalmente ao pandemônio causado por Pandemonium.
domingo, 27 de abril de 2014
Entrevista com Fernando Lima
Todo fã de Heavy Metal curte muito mais do que simplesmente música. Junto a ela o efeito visual é amado e festejado pelos headbangers ao redor do mundo. Seja o visual das bandas, incluindo aí as roupas, maquiagens e efeitos de palco, seja na arte que compõe os álbuns e fatalmente estamparão as camisetas que os fãs utilizarão com muito gosto no dia a dia. O CD tirou um pouco da mágica que as artes de capa proporcionavam na época do vinil, mas nem por isso as bandas deixaram de investir neste quesito. Nesta entrevista, conversamos com o carismático vocalista da banda Drowned, Fernando Lima, que é artista gráfico e web designer, já há algum tempo criando belas obras de arte para várias bandas de heavy metal.
Fernando,
primeiramente parabéns pelo seu trabalho à frente do Drowned e como designer e
artista gráfico. Fale-nos um pouco de como você começou a trabalhar na área de designer.
E aí Nilson, tudo certo? Obrigado
pelas palavras!... Bem, tudo começou quando eu vi na gondola de LPs do
Carrefour, em 86 ou 87, as capas do Killers e do Somewhere in Time do Iron
Maiden. Comprei o Killers e em casa escutando o som e admirando a capa fiquei
hipnotizado... Comecei a comprar álbuns de Metal e a redesenhar suas capas. Na
minha época de escola eu desenhava o Eddie do Iron e vendia para meus colegas
colarem no caderno, na porta do guarda roupas ou na parede. Quando tive que
decidir o que fazer depois da escola, entrei na faculdade de Design da UEMG.
Fui fazendo estágios e trabalhando na área, mas sempre buscando relacionar o
design com o Metal.
Qual foi
seu primeiro trabalho profissional (primeira arte gráfica ou capa de CD) e de onde
vêm suas influências e inspirações?
Meu primeiro trabalho com arte
para uma banda foi a capa da demo-tape do Drowned “Where Dark and Light
Divide...”. Foi totalmente feita a mão. Usei lápis aquarelado para criar e
depois eu recortei os quadrados e os desloquei para ficar mais caótico. Naquela
época não tínhamos os recursos de computação gráfica que temos hoje e tudo foi
feito no recorte e na colagem para conseguirmos os efeitos que queríamos. Nos
álbuns seguintes eu trabalhei somente com os layouts, pois o Quinho fazia as
capas. Eu participava das diagramações junto à Janaína que era a designer da
Cogumelo até meados de 2004. Quando o Drowned estava preparando para laçar o
álbum “By the Grace of Evil” em 2005, eu vi que tínhamos que inovar na arte,
fazer não só uma boa capa, mas também fotos trabalhadas em sintonia a ideia da
arte como um todo. Foi aí que eu me arrisquei em fazer uma arte no computador.
Fui trabalhando também as fotos e as letras para ficar tudo bem ligado, como se
o encarte contasse uma história. Na época esta arte fez muito sucesso, as
pessoas curtiram a ideia. Na
época eu estava muito influenciado pelo Dave McKean (capas do Kreator “Renewal”
– Testament “Low”, “Demonic” e “Gathering” – Paradise Lost “Shades of God”),
Travis Smith (capas do Nevermore “Dead Heart in a Dead World” e “Enemies of
Reality”) e Seth Siro Anton (Capas do Vader “Impressions in Blood” – Belphegor
“Pestapokalypse VI” – Heaven
Shaw Burn “Antigone”)… Até hoje estes artistas
me inspiram... Além destes citados, tenho como referencia o Edward Repka, o
Kelson Frost e o Derek Riggs.
Que tipos de programas você
utiliza para criar?
Algumas vezes eu começo
a criar no lápis e papel, rabisco as ideias e depois escaneio para tratar no
Photoshop. Outras vezes eu já começo direto no Photoshop. Também utilizo o
Flash para desenhar, porque acho uma ferramenta mais natural do que o
Illustrator. Uso também o InDesign para formatar e algumas vezes para
diagramar. Mas o Photoshop é o principal.
O que você acha mais difícil, uma
arte criada com o auxílio de programas de computador ou o desenho a mão livre?
No meu caso, acho o
desenho à mão livre muito mais difícil, pois não tenho o traço maligno
suficiente para criar uma capa de banda de Metal... hehehehe... Sempre que
começo o trabalho a mão livre, termino no computador. As duas maneiras de fazer
arte são válidas e cada artista trabalha como se sente mais confortável. Eu na
verdade utilizo o Photoshop como se fosse uma tela ou um papel, pois não uso
efeitos pré-definidos pelo programa ou plugins de simulação. Procuro trabalhar
tudo na munheca e fazer com que cada capa seja diferente, seja especial. Se
quero um efeito, faço como se fosse real, na hora da criação... como por
exemplo, luz e sombra ou um efeito de envelhecimento. Não uso computador de
forma mecânica. Meu trabalho não é tratamento de imagens ou correção de fotos
de modelos. Eu faço capas para bandas de Metal e Rock. Tenho que expressar um
sentimento...
Antigamente os artistas eram
considerados pessoas com dons voltados para a arte de desenhar ou pintar. Hoje
quem trabalha com arte gráfica, são pessoas com um dom ou o conhecimento das
ferramentas necessárias e a prática podem levar qualquer pessoa interessada em
criar bons trabalhos?
Eu acredito que
qualquer um pode aprender programas e fazer montagens com fotos no computador,
mas criar uma boa arte é outra história... Muito diferente!!! Hoje ainda é como
antigamente, algumas pessoas tem o olhar ou o “dom” de criar arte, porém, o
acesso à informação aumentou e pessoas que não são artistas aprenderam a usar o
pincel e o lápis que no caso, é o computador... Eu nunca fiz curso de programa
e isto nunca me fez falta. Eu me preocupo muito mais em adquirir cultura,
conhecer bandas e artistas para ter uma boa bagagem artística e inspiração do
que ficar correndo atrás de inovações tecnológicas e formas de facilitar o
trabalho. Arte ainda é arte e as pessoas precisam aprender a diferenciar as
coisas para não corromper ainda mais o mercado.
Qual foi a arte que mais lhe
deu trabalho e qual lhe deu maior satisfação?
É engraçado que
geralmente uma arte que dá muito trabalho fica boa no final... Lembro da arte
que fiz para uma banda que queria que eu fizesse um cara forjando uma guitarra,
como se fosse uma espada ou lança... Foi um longo trabalho até finalizar a arte
desta capa, mas o resultado final ficou incrível... Uma das melhores capas que
eu já criei!!! Fiquei realmente muito satisfeito. A arte do Drowned
“Belligerent parte 2” também ficou boa... Esta arte como um todo ficou bem
ligada neste álbum, é como se as ilustrações contassem uma história.
Por outro lado, tem
alguns trabalhos que a banda não sabe o que quer, ou idealiza algo na mente que
se torna impossível reproduzir e resultar em uma boa capa e isto provoca várias
idas e vindas da arte, e não me sinto a vontade para criar. O trabalho acaba se
perdendo e a arte não fica boa como deveria... São poucos casos como este, mas
acontecem.
Você considera que a arte à
mão está fadada ao fim, apesar de algumas bandas ainda viverem aquele movimento
retrô, principalmente o thrash old school?
Creio que não... Acho
que todo tipo de arte tem seu valor. Eu posso citar inúmeras capas feitas a mão
que são fantásticas como por exemplo a do novo álbum do Kreator, “Phantom
Antichrist”, A capa do Hyade “The Worst Yet to Come”, “Sworn to the Dark” do
Watain, que é um desenho mesmo e muitas outras. Mas também posso te falar
muitas capas feitas por computação que são incríveis como a do “Impressions in
Blood” do Vader, “Alpha Noir” do Moospell, “Dead Heart in a Dead World” do Nevermore
e por aí vai... Na verdade o que importa não é como é feito e sim se a capa
impressiona ou não, se é bonita ou interessante de se ver... Muitas vezes uma
simples foto bem tirada e sem efeitos se torna um boa capa...
Para uma banda como o
Drowned, que não precisa mais desembolsar muito para criar a arte de um CD ou
pagar horas em um estúdio para gravação, pois tem um estúdio próprio, isso
torna tudo mais fácil ou acaba sobrecarregando os músicos com outras funções?
No caso da arte, eu não
vejo uma sobrecarga porque eu me envolvo 100% no trabalho e como eu escrevo
letras é uma forma de expressar com imagem o que eu escrevo e canto. Para mim,
é um trabalho contínuo, complementar.
Quais as bandas nacionais e
de fora do Brasil você tem curtido ultimamente?
Ultimamente estou
escutando o Carcass “Surgical Steel”, curti muito este retorno deles. O mais
novo do Legion of the Damned também ficou muito bom. Tenho ouvido muito bandas
brasileiras como o “Hate Metal” do Scourge, Soul Stone “Metal Machine”, o álbum
mais recente dos camaradas do Zênite “Following the Funeral” ficou ótimo...
discão!!! E muitos outros...
Fale um pouco dos artistas a
seguir: Derek Riggs – Andreas Marschall – Gustavo Sazes – Kelson Frost – Ed
Repka.
O Marshall assim como o
Repka foi um dos caras que mais colocou capas em discos nos anos 80 e 90. De
Heavy Metal a Death Metal. Eu aprecio algumas capas que ele fez. Principalmente
para o Obituary, Sodom e Kreator.
Eu curto muitas das
capas que o Gustavo Sazes produziu. Foi uma das primeiras capas totalmente
digitais que eu tive contato. Uma de suas capas que curto muito a do Nightrage
“Wearing a Martyrs’s Crown”.
Eu colecionava capas do
Kelson Frost... Comprava os LPs, que em alguns casos eu nem curtia a banda ou o
estilo da banda, só para ter a capa do Kelson... O Kelson também influenciou
muito minha decisão em trabalhar com arte/design.
Obrigado pela entrevista. É um prazer tê-lo em
nossa página.
Eu é que agradeço a oportunidade de
divulgar meu trabalho e expor minhas ideias... Muito Obrigado! Se quiserem ver
algumas de minhas artes ou se precisar de arte para sua banda meus contatos
são: email – fernando.drowned@gmail.com
/ site – www.themostdestructiveart.com
/ Facebook - fernandodrowned
domingo, 30 de março de 2014
Remembrance
Eis que de Governador Valadares, no interior mineiro, em 1993 surge o pioneiro brasileiro do estilo "A Bela e a Fera", ou Gothic Metal com vocais guturais e femininos. E nenhuma banda nacional ainda conseguiu superar a obra do Silent Cry, principalmente este debut de 1999 chamado Remembrance. Tristeza pouca no som dos mineiros é bobagem, o negócio aqui é a melancolia mesmo. Não é a toa que na demo "Tears of Serenity" a banda já apresentava influências de Anathema daquela mesma fase. Me lembro até hoje de ter presenciado o Wilson Júnior da Demise Records comentando que o som do Silent Cry era lindo, só ouvindo pra saber como era. Ele estava vendendo seu peixe pois estava prestes a lançar este que seria o sétimo trabalho da gravadora, mas não estava mentindo de forma alguma. A começar pela arte da capa criada pelo inglês Sandy Gardner, com aquela mocinha indefesa sozinha em uma floresta escura.
A instrumental "Forgotten Dreams" abre o trabalho de forma brilhante, onde os teclados dão a tônica da canção que é muito agradável e é uma mostra do que está por vir, a bela "Tragic Memory", que nos dá a noção do belo trabalho do tecladista Bruno Selmer. Os vocais guturais do lider guitarrista Dilpho Castro estão um pouco baixos, mas nada que comprometa, é aquele gutural arrastado (assim como o som). Neste debut o som é doom mesmo, nada de canto lírico e orquestrado como bandas como Nightwish e Tristania fariam depois, a onda é a mesma do Theatre of Tragedy e a voz de Suelly Ribeiro é um caso à parte. O Silent Cry teve sorte e competência por ter uma voz tão bela em seus primeiros álbuns, o que foi em parte responsável pelo crescimento da banda. Ouçam a menina cantando em "Celestial Tears" que entenderão o que estou falando. Mas de preferência à noite em um quarto escuro tomando uma taça de vinho. "Ages" é menos densa, pois começa com as guitarras choradas de Dilpho e Cassio Brandi em primeiro plano. "My Last Pain" é a menor das faixas com vocais, com apenas 2:50. Depois vem "The Devil Invites To Dance", bem doom, dando uma "clareada" quando entra a parte acústica e a voz triste de Suelly. "Innocence" é uma das mais belas deste trabalho onde a garota até canta de uma forma um pouco diferente e os vocais guturais são acompanhados dos vocais limpos de Cassio Brandi, o que ficou bem legal, e já sugeria que o próximo trabalho teria menos vocais agressivos. "Remembrance" de quase oito minutos fecha o álbum com mais vocais limpos no início, e é a faixa menos pesada do play, bem viagem mesmo. Completam a formação o baixista Jaderson Vitorino e o baterista Ricardo Meirelles. Uma pena que justamente os dois integrantes que mais se destacaram nesta formação do Silent Cry não permaneceram por muito tempo. Suelly só gravaria mais um álbum com a banda por causa da distância (ela vivia em São Paulo), e Bruno Selmer que nesta época tinha apenas 17 anos gravaria mais um álbum e um EP e deixaria a banda em 2002, cometendo suicídio em 2004, aos 21 anos. Uma enorme perda para o metal nacional. O que torna a audição de Remembrance algo ainda mais melancólico.
domingo, 23 de março de 2014
The Darkest Throne
Após aparecer na épica coletânea "The Winds of a New Millenium" da gravadora Demise e lançar o full length "Celebrate Thy War", o Malefactor da Bahia finalmente encontrou seu estilo neste grande álbum "The Darkest Throne" de 2001, através da Demise. Com um black metal épico, recheado de melodias e corais, o álbum é um prato cheio para apreciadores de bandas que falam de guerras medievais, folk e tudo mais que o estilo pede. Um ponto que chama a atenção neste trabalho é uma pequena diferença entre as 4 primeiras faixas e as 4 últimas. Enquanto as últimas que são "Prelude To a Battle", "Behind The Mirror", "The Darkest Throne" e "A God That Doesn't Lie" são mais para aquele lado War Metal, com mais bumbos acelerados e com maior influência black metal escandinavo, as primeiras faixas são mais sombrias e trabalhadas, com os vocais limpos de Lord Vlad melhor encaixados e mais melancólicos.
O que pode justificar estas diferenças é que a parte final foi gravada em abril de 2000 no Tribal Studio com um produtor e a primeira parte 6 meses depois no estúdio Som das Águas com outra produção e mixagem. Mas tudo bem, mesmo que eu prefira a primeira parte, a segunda tem a clássica faixa título que inclusive é tocada e festejada nos shows da banda até hoje, com um refrão simples e forte. "Necrolust in Thulsa Abbey" abre o álbum com uma cacetada, onde vocais rasgados e guturais são intercalados e os teclados numa camada constante de fundo. A parte em que a música muda para a entrada dos vocais limpos é de tirar o chapéu, daí pra frente ela é um hino de guerra onde o que podemos imaginar é um exército marchando em direção à batalha. "Into The Silence" já abre com os vocais limpos, que se transformam no refrão, daqueles que ficam grudados na cabeça. "Luciferian Times" é a melhor faixa do álbum e uma das melhores da banda até hoje. Ela é uma porrada das melhores até que pára tudo e entra uma flauta maravilhosa, dando um toque fantástico e enriquecedor ao trabalho dos baianos. E "Breaking The Castles" é daquelas faixas épicas pra ficar na história. Violões, flautas e teclados com vocais limpos na melhor escola "Suidakra", pra deixar bem claro onde o Malefactor queria chegar. Dizem que a Cogumelo acompanhou a pré produção do álbum e na última hora não assinou contrato com a banda que foi para a concorrente Demise. Provavelmente se arrependeu, porque hoje o Malefactor está entre as maiores bandas do Brasil em atividade, e muito se deve à repercussão que "The Darkest Throne" causou.
sábado, 8 de março de 2014
Jachol Ve Tehilá
O título do álbum é complicado de entender e de pronunciar. Mas gostar de Jachol Ve Tehilá não é nada difícil. Isso porque estamos diante do maior trabalho de black/dark metal do Brasil e um dos melhores da história. O Amen Corner formado em 1992 em Curitiba, após lançar um full lenght e alguns outros trabalhos, incluindo o EP "The Last Celebration" onde aparece a clássica e infame The Five Glories, conseguiu registrar em 1995 seu ápice, uma obra prima inegável, novamente através da Cogumelo Records. Após uma longa introdução no teclado a melancólica "Seventy Seven Guardians", que depois de um dedilhado com a batera acompanhando começa com guitarras pesadas e melódicas e o vocal forte de Paulista, agora Sucoth Benoth, cantando, diga-se de passagem, muito melhor que em "Fall, Ascension, Domination", o álbum de estréia. Mas a música ganha agressividade e é um dos maiores clássicos da banda. "Lamentation And Prize" vem em seguida, com os mesmos andamentos arrastados, que aceleram um pouco aqui e ali, mas nada super extremo, a melodia é o que manda, tendo um final bem melancólico. "Black Thorn" é para mim a melhor faixa deste trabalho, com algumas paradinhas e o vocal muito bem encaixado, no ritmo que o instrumental pede. Essa música tem um grande trabalho dos guitarristas Murmúrio e Flach, com solos fantásticos sobre uma base bem eficiente.
"Babilon, Might And Glory" também está entre as melhores do "Amen Corner", com bases que lembram o Samael em seus melhores dias. "The Cult of The Pagan Gods" inicia com uma narração sobre cultos a deuses e punições aos homens, mergulha em um dedilhado soturno a la Katatonia e entra um riff mórbido com Benoth arrebentando novamente. "My Soul Burns In Hell", "Nitz Achon Ve Shlitá" (quase um doom), "A Vision of the Valley of the Querubins" e "Zigurates Baal" fecham o álbum, todas com maestria, cada uma com identidade própria, percebe-se que nenhuma faixa entrou para alongar o trabalho, todas muito bem executadas pelos paranaenses. Paulista provou que era um dos melhores vocalistas do black metal nacional, e a banda, composta ainda por Cléio no baixo e Paulo Costa na bateria, estava mais do que inspirada quando gravou Jachol Ve Tehilá. Se fosse o caso de dar uma nota aqui, esta seria com certeza um 10.
domingo, 23 de fevereiro de 2014
Posthumous
O Genocídio de São Paulo já havia lançado alguns trabalhos e dois full lengths, inclusive o bom Hoctaedrom de 1993, quando em 1996 soltou este ótimo Posthumous. E saindo um pouco do death metal de raiz de outrora e entrando no universo doom/gótico sem perder a base death metal, lançou o trabalho considerado mais original e interessante de sua discografia. Claro que o sucesso que a trindade absoluta do doom (Anathema, Paradise Lost e My Dying Bride) vinha alcançando ajudou a banda a enveredar por este estilo, porém o Genocídio já era uma banda consolidada no cenário nacional, e tendo a experiência de seu guitarrista fundador Wanderley Perna, deixou o trabalho com a cara da banda e muito criativo. Cada música tem sua peculiaridade, inclusive os covers que ficaram muito bons, tanto "Black Planet" do Sisters of Mercy com os vocais narrados de Murillo Leite, quando a hidden track "Agressor" do Hellhammer, a mais extrema do trabalho.
Um dos destaques do disco é a faixa de abertura "Pilgrim", que começa no baixo e descamba para um riff de guitarra muito legal. O que mais chama a atenção neste trabalho é a afinação das guitarras que está lá embaixo, o que poderia ser um tiro no pé, mas você se acostuma à medida que o álbum vai rolando e chega em um momento que nem chama mais a atenção, pois as nuances das músicas pedem por isso, quando os outros instrumentos se destacam, ou até mesmo um vocal sussurrado. Exemplo claro é a faixa "Condemnation" com dedilhados, solos e a bateria de Juma se destacando bastante. "Lilit e Nahemah" , "The Sphere of Lilit" e "The Sphere of Nahemah" são músicas que se completam, não é a toa que aparecem na sequência, com destaque para as vozes de Murillo e o baixo de Daniel na segunda e para os solos desta última, muito bem encaixados na estrutura da música. "Black Depth" é uma das mais pesadas, com um refrão que fica na cabeça, e um gutural extremo. "Luciferic Man" também tem um bom trabalho de guitarras e mostra que até mesmo nas músicas mais death metal do disco as influências góticas aparecem com muita naturalidade. "Goodbye Kisses" é uma faixa melancólica tocada no violão e violino, cantada por Irene Sailte, e ficou muito legal, algo que o Genosha até repetiria no próximo álbum. "Cloister" segue com boa pegada enquanto "Ways" é uma das músicas mais bonitas do CD, com ótima melodia, e um final alucinante. "Illusions" fecha de forma extrema o trabalho (antecedendo a faixa escondida). O Genocídio apesar de sua discografia não tem a atenção merecida do público brasileiro, talvez até pela diversificação de sua obra. O que importa é que a banda nunca teve medo de ousar, lançar trabalhos medianos acontece com várias bandas, mas nem todas conseguem registrar uma obra de arte que será ouvida por muitas gerações. Mas o Genosha conseguiu isso com Posthumous, ousou e se saiu muito bem.
Assinar:
Postagens (Atom)