O metal brasileiro é reconhecido principalmente pelo som extremo e brutal, herança de bandas como Sepultura e Sarcófago de meados dos anos 80. Mas também apresenta várias outras vertentes de qualidade espalhadas por seus mais de oito milhões e meio de quilômetros quadrados, inclusive aqueles que fogem à regra do "death metal" incorporando novos elementos, tentando assim alcançar um lugar ao sol. Retribution Engine de Belo Horizonte é uma banda em início de carreira, mas que tem seu estilo definido: o "extreme industrial metal". Sobre isso e o lançamento de seu primeiro single, conversamos com Felipe Zymor (vocal e guitarra) e Willye Rodrigues (vocal e baixo) em entrevista exclusiva. Só no Metal e Loucuras.
Primeiramente agradeço sua participação no Metal e Loucuras. O Retribution Engine lançou seu primeiro single no dia 07 de outubro. O que traz este single?
Felipe
- Nós que agradecemos por esta entrevista! O single lançado dia 07 de Outubro,
chamado Uroboros, traz uma música que define bem o nosso estilo, demonstrando
um metal industrial mais extremo, rápido e técnico.
Willye
– Obrigado pelo espaço aberto a uma banda independente, fico muito feliz de
conceder essa entrevista, visto que, acompanho o Metal e Loucuras desde o início.
O nosso single Uroboros sintetiza bem a ideia principal da banda, um som rápido
técnico e extremo, com influencias diversas dentro da cena de metal extremo e
industrial.
A
banda é nova, me lembro que nos encontramos no centro de BH não faz muito
tempo, vocês estavam recrutando membros para tocar, mas já tinham o estilo
definido dentro do que queriam. O som saiu como planejado ou mudou de acordo com o
estilo de cada integrante?
Felipe
- Sim, nosso som sofreu mudanças. Nós (Willye e eu) já tínhamos o estilo que
queríamos fazer, Industrial Metal, mas sempre fomos atraídos pela música
extrema. Com a formação da banda, o som evoluiu até chegar ao resultado de
hoje, mais pesado e técnico.
Willye
– E como sofreu mudanças desde a ultima vez que nos vimos, porque como o Felipe
disse, a idéia inicial era fazer Metal Industrial , mas como sempre fomos fãs
de Metal Extremo as coisas foram fluindo organicamente para esse lado e hoje
temos influências das mais variadas vertentes do metal extremo como Death,
Black, Math e Djent Metal. Acredito que o resultado é uma evolução que teve
como ponto de partida o que cada um da banda escuta, por que cada um tem as
suas preferências e isso acaba por enriquecer o som.
Vocês
se rotulam "extreme industrial metal", vejo que rola até uma influência do
Sounds of a New Machine do Fear Factory, pelo vocal gutural. A tendência deve
ser seguir cada vez mais o caminho industrial e diminuir o lado death metal?
Felipe
- Somos grandes fãs do Fear Factory, é
realmente uma influência impactante em nosso som. Nosso trabalho está se
desenvolvendo homogeneamente na parte orgânica e na parte de efeitos, tendo
como objetivo aprimorar sempre para a parte extrema do metal, sem perder na
beleza das composições, e aprimorar a produção de efeitos para nossas músicas.
De forma mais objetiva, pode-se dizer que estamos trabalhando para que o som
fique cada vez mais pesado e brutal, misturado com a beleza e versatilidade dos
efeitos eletrônicos. Viemos para brutalizar a música industrial!
Willye
– Somos muito fãs do Fear Factory, inclusive até tenho a capa do Demanufacture
tatuada nas costas. Eles foram uma das primeiras, se não forem os percursores
dessa mistura de metal extremo com industrial, complementada com a alternância
de vocal entre os limpos e melódicos para os guturais extremamente graves e o
uso de efeitos e sintetizadores. Acho que nós nunca vamos deixar de dosar os
dois lados, o industrial e o extremo, porque são duas coisas que já estão no
DNA da banda, a motivação para essa vertente musical já foi bem absorvida por
cada integrante, pois todos escutam tanto o metal extremo como o industrial e
quando estamos compondo uma nova música ou apenas mostrando um novo riff
pensamos já nos possíveis efeitos ou teclados a serem aplicados, o que nos dá uma versatilidade maior nas composições, elevando o nível do metal industrial a
outros patamares cada vez mais extremos.
A
divulgação está pesada, com promoção no site, camiseta... Como está esta
divulgação e os shows?
Felipe
- Estamos investindo pesado na banda, divulgando bastante, em prol de uma boa
visualização e reconhecimento do público. Temos shows marcados para este fim de
ano, começando pelo próximo dia 27, onde tocaremos na Casa Cultural Matriz.
Estamos divulgando muito, ensaiando e trabalhando
firmemente, para fazermos um bom show.
Realizamos uma promoção de lançamento para o single Uroboros, onde sortearemos
dois kits com Camisa + Adesivo + Bottom, o resultado do sorteio se dará dia 26,
véspera do show.
Willye
– Sim, estamos divulgando bastante a banda e como hoje em dia nós temos a
internet como aliada, alcançamos a vantagem de manter contato mais próximo com
outras bandas, por exemplo, aumentamos o nosso network com algumas bandas de
São Paulo, como o Tallene que é uma banda de Southern Metal, o que contribui
para promover cada vez mais nosso som. Além dessa rede de interações musicais,
decidimos investir em promoções para atrair um público maior do mundo do metal
e estamos com camisas, bottons, e adesivos da banda que estão a venda e podem
ser pedidos na page do Retribution no facebook . Isso é apenas o pontapé
inicial, vamos fazer cada vez mais material para divulgação, pensamos na banda
como qualquer outra empresa e sabemos que para nosso trabalho ser conhecido é
necessário uma divulgação pesada e investimento de todos os envolvidos e esperamos
que a galera goste e que fiquem ligados no nosso sorteio no dia 26/10, véspera
do nosso show na Casa Cultural Matriz.
Vocês
acreditam que o metal industrial tem espaço e pode crescer no Brasil?
Felipe - A música industrial está em constante crescimento. É cada vez mais comum a utilização de efeitos eletrônicos no Metal, e com a propagação do Djent, novo estilo de Metal tendo como exemplo bandas como Animals As Leaders, Intervals e Volumes, essa mescla Metal/Eletrônica tem se tornado ainda mais comum. Existem ótimas bandas adeptas ao metal industrial e/ou possuem grandes influências aqui no Brasil, e é um tipo de som que tem muito a ganhar, por ser muito versátil e evolutivo. Vale lembrar bandas como Elétrika e Optical Faze, banda do Distrito Federal que representam muito bem a cena Industrial, desempenhando um ótimo trabalho.
Willye
– Como o Felipe disse o metal industrial está em constante crescimento e
mudança e muitas bandas que não são industriais usam de recursos eletrônicos,
bandas de Death Metal Melódico e algumas de Metal Core usam também. No Brasil eu
conheço poucas bandas de industrial, o Elétrika daqui de BH liderado pelo
Cláudio David do Overdose, o Chipset Zero que é de São Paulo e os nossos amigos
do Optical Faze do Distrito Federal que já estão com uma certa projeção
nacional e com o último disco deles o The Pendulum Burns bem divulgado e com
algumas resenhas positivas em veículos do meio como o Whiplash.net. Com eles
tendo essa projeção é natural que outras bandas do gênero acabem aparecendo e
isso é bom para essa vertente do metal que é pouco difundida no Brasil, mas bem
reconhecida em países vizinhos e na Europa.
Qual
o próximo passo do Retribution?
Felipe
- Aprimorar cada vez mais nosso trabalho, continuar empenhado para a criação de
nosso EP e espalhar nosso som por aí. Os motores da Retribution Engine não
páram!
Willye
– Bom, continuar com a divulgação da banda, terminar a gravação de nosso EP que
será lançado no ano que vem, divulgá-lo
e tentar contatos de distribuição dele fora do país, vamos mandar algumas
copias para São Paulo e Europa e se possível tocar muito no próximo ano, não só
em Minas Gerais mas como em todo o Brasil e quem sabe fora dele, tudo vai
depender do lançamento do EP pra galgarmos mais conquistas pra banda. Let´s
Industrialize The World