domingo, 29 de dezembro de 2013

Gottverlassen

Os anos de 95 e 96 parecem que foram derradeiros para algumas das maiores bandas brasileiras, pois muitas lançaram seus últimos álbuns nestes anos. O The Mist de Belo Horizonte apresentava ao mundo Gottverlassen. Após a saída do vocalista Korg a banda soltou o EP Ashes To Ashes, Dust To Dust em 1993, com o baixista Marcelo Diaz assumindo os vocais e a banda enveredando para um lado mais industrial. Mas em 1995, com Marcelo sendo substituido por Cassiano, a banda lançou seu disco mais pesado, com as letras falando de coisas mais negativas que as letras mais poéticas de outrora. O nome do trabalho, que traduzido é abandonado por Deus, foi tirado de um livro chamado "O Sapateiro", que conta a história de um serial killer. Para a capa do álbum o guitarrista Jairo utilizou seu filho como modelo fantasiado de canibal, o que ficou muito legal. O disco começa com a faixa "Fangs of a Pig", um thrash porrada que mostra que o grupo não estava para brincadeira, pois a produção estava perfeita para a época. "Drop Dead" vem na sequência, mais cadenciada e pesada e "Godforsaken" é mais uma porrada com riffs de guitarra matadores, principalmente na parte final da música. Depois de uma passagem instrumental chamada "Cannibalism" vem "Switch Off The Body Suckers" e em seguida uma obra prima chamada "Jesus Land". Iniciada com a voz de uma criança dizendo "Lord moves in mysterious way..." um peso de guitarras descomunal sai dos falantes. Excelente riff de Jairo e performance também perfeita de Cassiano nos vocais desta música.

"Untie Me" segue com um trabalho de guitarra diferente e vocais falados que se alternam com partes mais agressivas que até lembram o Fear Factory em Demanufactore. Na sequência vem uma pancadaria tremenda com Pump, também uma de minhas músicas favoritas em Gottverlassen. Com riffs cavalgados e os vocais roucos muito bem colocados de Cassiano é daquelas músicas que nos fazem pensar: como uma banda destas não estourou no exterior? Não só por este trabalho mas por tudo que ela fez anteriormente. "Jailmind Man" inicia no baixo e descamba para um thrash cadenciado e pesado de mais de 6 minutos. E as três últimas porradas são "Eyes", "Devilscreen" e "Breath Of Nothing". Excelente e derradeiro álbum de uma banda fantástica que não deveria ter acabado tão cedo.

domingo, 22 de dezembro de 2013

Scars

Um dos melhores e menos conhecidos álbuns do Overdose, o Scars de 1995, último álbum desta grande banda de Belo Horizonte. Gravado no Brasil e novamente produzido por Gaugin, juntamente com Claudio e Sergio, Scars segue uma tendência mais americana, com músicas mais curtas e diretas, diferente do anterior "Progress of Decadence" com músicas mais longas e solos mais elaborados, como pede o thrash metal tradicional. O que o Overdose manteve em seu som oriundo do disco anterior foi a percussão, agora melhor incorporada ao som dos demais instrumentos. Um dos motivos de Scars não ser tão conhecido é o fato de ter demorado demais para ser lançado no Brasil. O play, lançado pela Fierce no exterior, era encontrado apenas importado àquela época. As novas músicas funcionaram perfeitamente ao vivo, tornando o Overdose daquele período uma das bandas mais poderosas do Brasil no palco. Me lembro do show de abertura para o Megadeth no estacionamento do Mineirão em 1997 em que eles detonaram. Após o show conseguimos pegar um autógrafo com Cláudio David e quando estávamos trocando uma idéia uma fã apareceu e perguntou se poderia lhe dar um beijo. Digamos que ele foi praticamente atacado, então nos afastamos e deixamos a tietagem de lado, hehe.
                                     
Minha faixa preferida é "How To Pray", com um riff de guitarra excelente, um baixo pulsante novamente a cargo de Eddie Weber que substituiu Fernando Pazzini e um refrão matador. Ótima música. Outras canções sensacionais de Scars são "Still Primitive", "School", "Postcard From Hell" e "My Rage". "Last Words" é uma daquelas músicas que misturam partes melódicas e partes mais agressivas que funcionam tão bem no thrash metal (vide Metallica, Pantera e Testament que já fizeram isso com perfeição). O desfecho do CD com "Nu Dus Otro é Refresco" ficou muito engraçado (principalmente no final quando alguém grita ow essa marmita aí é minha - hehehe), muito legal. A capa de Scars trás uma luta entra soldados e militantes do movimento dos sem terra, algo muito em voga naquela época (e que continua, porém em menor repercussão). É uma pena que este disco seja o último lançamento do Overdose e a banda tenha se dissolvido depois de algum tempo. Ainda aguardamos uma reunião, o que vai ficando cada vez mais distante à medida que o tempo passa. Mas enquanto aguardamos temos uma coleção de álbuns maravilhosos desta que é uma das melhores bandas que já passaram pelo Brasil.

domingo, 15 de dezembro de 2013

Straight

E a Dorsal Atlântica seguia firme sua saga. O ano era 1996 e a banda resolveu apostar todas as suas fichas neste álbum. Após o excelente Alea Jacta Est o baixista e irmão do líder Carlos Lopes, Cláudio Lopes, deixou a banda para a entrada de Angelo Arede, que tocava em uma banda de death metal. Por isso talvez os backing vocals aqui tenham ficado tão guturais. Straight foi gravado na Inglaterra no Rhythm Studio e produzido por Paul Johnston, e masterizado no Polifonia em Belo Horizonte. O disco foi lançado pela Cogumelo assim como o disco anterior e apresenta um som muito bem produzido e direto como o próprio nome sugere.
As músicas são mais curtas e se aproximam mais do hard core, através das letras sempre políticas de Carlos "Vândalo", agora vegetariano, e proporcionaram uma turnê bem estruturada pela Europa. Justamente a música de maior duração é a única faixa ruim do disco, "Mothers of Tomorrow" com seus três minutos, não chega perto das demais composições que estão extremamente brutais. Uma das melhores faixas é "Who The Fuck Do You Think You Are", cantada por Rat da banda Varukers e ficou sensacional. A Gutural "Black Mud" também é excelente e outras que se destacam são "Sign of the Times", "Straight", "Dor" (em português), "H.I.V.", "Bollocks" e "Blood Pact". Guga também segura a onda muito bem na batera novamente. Pena que a banda praticamente desapareceu após este álbum, lançando trabalho de inéditas só recentemente, 16 anos depois. Grande trabalho de uma das bandas pioneiras do metal nacional. 

sábado, 7 de dezembro de 2013

Hate

Sarcófago sempre foi uma banda polêmica, devido à personalidade de seus principais membros Wagner Lamounier e Gerald Minelli. Em 1994, pós o sucesso de The Laws of Scourge eles resolvem chutar o balde. Agora uma dupla, gravam Hate com bateria eletrônica, uma aberração para a maioria dos fans de heavy metal. Além disso rasparam a cabeça e decidiram não tocar mais ao vivo. Muitos viraram a cara para a banda. Mas a essência está presente em Hate, e é um álbum que deve ser apreciado sim, principalmente em se tratando de uma banda tão arrasadora e com discografia tão curta. Após uma introdução estranha entra "Song For My Death", mostrando que a bateria eletrônica foi para esculhambar com a velocidade mesmo. Guitarra cortante e pesada, baixo pouco audível e o vocal de Wagner muito bem, rasgado no mais puro estilo black metal. O que muda destas características entre as músicas são a cadência e velocidade da bateria, os backing vocals espalhados por todo lado, incluindo de Marcos do saudoso Divine Death, e os teclados que foram essenciais para dar aquela camada maquiavélica de fundo.

"Pact of Cum" com toda sua temática sexual mostra que a bateria programada, quando tocada em velocidade humana, pode ser legal, já nas partes ultra rápidas nem tanto, pois esta música alterna claramente estas duas formas. "The God's Faeces" é uma das melhores do álbum, refrão simples e forte. "Satanic Terrorism" é uma pancadaria pura, estilo "Deathrash" do INRI e parece uma homenagem ao pessoal do Inner Circle, já que Wagner andou trocando cartas com Euronymous, lider do Mayhem da Noruega. Depois vem "a" música. Essa é de dar gosto, daquelas que é obrigatório aumentar o volume: "Orgy of Flies". Música perfeita, poderia fazer parte de The Laws. A faixa título começa com uma desafinada canção gospel no piano até que alguém com muito ódio esgana o cantor, quebra tudo e começa a pancadaria. Pouco mais de dois minutos sem tempo pra respirar. "The Phantom" e "Rhabdovirus (The Pitbull's Curse) podem ser comentadas juntas. É o que já falei anteriormente. A primeira parte de cada uma delas não chama a atenção por nada, é só pancadaria com a bateria ao extremo (e mal programada diga-se), mas a segunda parte, em "The Phantom) bem arrastada com o teclado em alta e na "Rhabdovirus" num ritmo bate cabeça natural, elas passam a ser excelentes músicas. Acredito que o Sarcófago foi muito afoito para fazer este álbum com um instrumento que não teve muito tempo de ser entendido e bem explorado. Se fosse, Hate teria sido melhor aceito pois tem músicas de muita qualidade e uma dupla ainda com muito ódio para transformar em arte. "Anal Vomit" vem em seguida bem cadenciada e pesada e Hate é fechado com algo na mesma linha da intro, um troço sem sentido e dispensável. Vou ficar com o som da privada no desfecho de INRI que é muito mais legal. Mas se você é daqueles que parou de ouvir Sarcófago em The Laws of Scourge e acha que o que veio depois não vale a pena, dê uma conferida neste play. Arrependimento é uma palavra que você não dirá depois.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Chaos A D


Nunca o álbum de uma banda nacional foi tão aguardado. Em 1993 todos os headbangers brasileiros aguardavam ansiosos pelo novo petardo da banda que ganhou o mundo com Arise. A capa já causou ótima impressão, seguindo as características de Arise, com muitos detalhes e mais moderna, já dava vontade de abrir logo a embalagem e botar no aparelho para tocar. A foto do encarte assustou um pouco. Os jovens selvagens do Brasil estavam mais velhos, barbados e mais "cheios". E mais "gordo" estava também o som. O início vem com as batidas de coração de Zyon, primeiro filho de Max ainda antes de nascer, e a pancadaria tomou conta dos alto-falantes com Refuse/Resist (erroneamente chamada por alguns de Chaos AD devido o refrão). Batida acelerada, vocais de Max mais roucos, afinação mais baixa das guitarras. Este foi o primeiro video clipe e mostrava cenas de violência policial e militar em todo o mundo. Era o Sepultura direcionando a temática para temas sociais e políticos. Territory é o grande destaque deste disco. Com clipe gravado no Oriente Médio, uma levada com muito groove e refrão grudento, é uma das melhores já compostas pela banda. "Slave New World" volta com a pancadaria pra não deixar nenhum metalhead órfão da bateção de cabeça. "Amen" pra não perder o hábito de criticar a religião tem inspiração em "Under Siege", tanto no tema como no começo hipnótico descambando pro peso. "Kaiwoas", uma instrumental com o nome de uma tribo indígena brasileira que cometeu suicídio em massa em revolta contra o governo que queria tomar suas terras tinha tudo pra provocar a ira dos mais radicais, mas foi muito bem recebida pela maioria. "Propaganda" é outra bem thrash para agradar a galera old school. 
                                         
   "Biotech Is Godzilla" co-escrita e gravada junto com Jelo Biafra, vocalista do "Dead Kennedy's" é curta e grossa, uma viagem meio louca pelos experimentos científicos (alguém lembrou de "Dead Embryonic Cells"?). "Nomad" é outra arrastada na sequência com uma parada com sons indígenas e é também um dos destaques de Chaos Anno Domini. "We Who Are Not As Others" também mostra uma nova face do Sepultura, principalmente nos vocais, uma faixa bem legal. "Manifest" não chama tanto a atenção e "the Hunt" é um cover do "New Model Army" e que ficou interessante. Pra fechar "Clenched Fist" com um início meio industrial. O álbum foi lançado e relançado ao redor do mundo com alguns bônus, mas não posso deixar de mencionar o cover de "Polícia" da banda de rock Titãs, que ficou matador. Ao final uma boa dose de gritos e risadas dos marmanjos que provavelmente estavam bêbados quando gravaram aquela sessão. Chaos AD foi um álbum aguardado e aprovado, apesar de uma minoria não ter digerido bem. Mas é extremo, inovador, pesado e de altíssima qualidade. Pena que é o último grande álbum desta banda pioneira do metal brasileiro, pois de Roots pra cá, nada mais desceu muito bem, com algumas poucas músicas interessantes e a desconfiguração da banda com as trocas de integrantes.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Anarkophobia

João Gordo, Jão, Jabá e Spaghetti não perderam tempo. Após lançar Brasil no ano anterior soltaram Anarkophobia em 1990, esse sim o mais metal dos álbuns do R.D.P.. Se alguém torceu o nariz para a sonoridade mais polida de Brasil, com este álbum com certeza se jogou de um viaduto. Este é o play que melhor se consegue entender o que o Gordo está cantando e as bases de guitarra beiram o thrash. Com uma capa bem política estilo quadrinhos o Ratos angariou mais uma legião de fãs com sua música pesada e cheia de letras revolucionárias. "Contando os mortos" já abre o trabalho numa cacetada sonora e ideológica pra quebrar pescoços. O maior diferencial são os 4':50", um marco em se tratando de R.D.P., e uma das características de Anarkophobia. "Morte ao Rei" segue a pancadaria condenando todos os reis de sangue azul. Depois vem um dos maiores clássico dos caras, "Sofrer" tem uma letra que muitos com certeza se identificaram, e toda a estrutura da música é digna de nota 10. Também foi um dos destaques do álbum "Vivo" lançado em 1992. "Ascenção e Queda" fala de uma banda que se deixou levar pelo sucesso, esqueceram seu passado e depois foram consumidos por tudo que o dinheiro trás, mas com o tempo voltaram pro mesmo buraco. Qualquer semelhança com a vida real é mera coincidência. "Mad Society" é cantada em inglês com uma base muito firme e contagiante. "Ódio" começa com um dedilhado (banda punk???) que vira uma base thrash e depois descamba pra pancadaria com o refrão furioso (Detestar,Odiar,Desprezar).
  A faixa título é o grito de revolução do Ratos de Porão. Em seguida outro grande clássico "Igreja Universal", uma crítica à seita fundada por Edir Macedo que enriqueceu às custas de pessoas humildes e alienadas. "Commando" é um cover do Ramones que ficou muito legal, diga-se de passagem. E o álbum fecha com "Escravo da TV". Aquela mesma pra onde João Gordo foi trabalhar e ser apresentador. Hehe.
Grande álbum de uma das melhores bandas de nossa querida terra.

sábado, 26 de outubro de 2013

RETRIBUTION ENGINE

O metal brasileiro é reconhecido principalmente pelo som extremo e brutal, herança de bandas como Sepultura e Sarcófago de meados dos anos 80. Mas também apresenta várias outras vertentes de qualidade espalhadas por seus mais de oito milhões e meio de quilômetros quadrados, inclusive aqueles que fogem à regra do "death metal" incorporando novos elementos, tentando assim alcançar um lugar ao sol. Retribution Engine de Belo Horizonte é uma banda em início de carreira, mas que tem seu estilo definido: o "extreme industrial metal". Sobre isso e o lançamento de seu primeiro single, conversamos com Felipe Zymor (vocal e guitarra) e Willye Rodrigues (vocal e baixo) em entrevista exclusiva. Só no Metal e Loucuras.

Primeiramente agradeço sua participação no Metal e Loucuras. O Retribution Engine lançou seu primeiro single no dia 07 de outubro. O que traz este single?

 Felipe - Nós que agradecemos por esta entrevista! O single lançado dia 07 de Outubro, chamado Uroboros, traz uma música que define bem o nosso estilo, demonstrando um metal industrial mais extremo, rápido e técnico.
Willye – Obrigado pelo espaço aberto a uma banda independente, fico muito feliz de conceder essa entrevista, visto que, acompanho o Metal e Loucuras desde o início. O nosso single Uroboros sintetiza bem a ideia principal da banda, um som rápido técnico e extremo, com influencias diversas dentro da cena de metal extremo e industrial.

 A banda é nova, me lembro que nos encontramos no centro de BH não faz muito tempo, vocês estavam recrutando membros para tocar, mas já tinham o estilo definido dentro do que queriam. O som saiu como planejado ou mudou de acordo com o estilo de cada integrante?


 Felipe - Sim, nosso som sofreu mudanças. Nós (Willye e eu) já tínhamos o estilo que queríamos fazer, Industrial Metal, mas sempre fomos atraídos pela música extrema. Com a formação da banda, o som evoluiu até chegar ao resultado de hoje, mais pesado e técnico.
 Willye – E como sofreu mudanças desde a ultima vez que nos vimos, porque como o Felipe disse, a idéia inicial era fazer Metal Industrial , mas como sempre fomos fãs de Metal Extremo as coisas foram fluindo organicamente para esse lado e hoje temos influências das mais variadas vertentes do metal extremo como Death, Black, Math e Djent Metal. Acredito que o resultado é uma evolução que teve como ponto de partida o que cada um da banda escuta, por que cada um tem as suas preferências e isso acaba por enriquecer o som.

    Vocês se rotulam "extreme industrial metal", vejo que rola até uma influência do Sounds of a New Machine do Fear Factory, pelo vocal gutural. A tendência deve ser seguir cada vez mais o caminho industrial e diminuir o lado death metal?

 Felipe  - Somos grandes fãs do Fear Factory, é realmente uma influência impactante em nosso som. Nosso trabalho está se desenvolvendo homogeneamente na parte orgânica e na parte de efeitos, tendo como objetivo aprimorar sempre para a parte extrema do metal, sem perder na beleza das composições, e aprimorar a produção de efeitos para nossas músicas. De forma mais objetiva, pode-se dizer que estamos trabalhando para que o som fique cada vez mais pesado e brutal, misturado com a beleza e versatilidade dos efeitos eletrônicos. Viemos para brutalizar a música industrial!
 Willye – Somos muito fãs do Fear Factory, inclusive até tenho a capa do Demanufacture tatuada nas costas. Eles foram uma das primeiras, se não forem os percursores dessa mistura de metal extremo com industrial, complementada com a alternância de vocal entre os limpos e melódicos para os guturais extremamente graves e o uso de efeitos e sintetizadores. Acho que nós nunca vamos deixar de dosar os dois lados, o industrial e o extremo, porque são duas coisas que já estão no DNA da banda, a motivação para essa vertente musical já foi bem absorvida por cada integrante, pois todos escutam tanto o metal extremo como o  industrial e  quando estamos compondo uma nova música ou apenas mostrando um novo riff pensamos já nos possíveis efeitos ou teclados a serem aplicados, o que nos dá uma versatilidade maior nas composições, elevando o nível do metal industrial a outros patamares cada vez mais extremos.

       A divulgação está pesada, com promoção no site, camiseta... Como está esta divulgação e os shows?

 Felipe - Estamos investindo pesado na banda, divulgando bastante, em prol de uma boa visualização e reconhecimento do público. Temos shows marcados para este fim de ano, começando pelo próximo dia 27, onde tocaremos na Casa Cultural Matriz. Estamos divulgando muito, ensaiando  e trabalhando firmemente,  para fazermos um bom show. Realizamos uma promoção de lançamento para o single Uroboros, onde sortearemos dois kits com Camisa + Adesivo + Bottom, o resultado do sorteio se dará dia 26, véspera do show. 
Willye – Sim, estamos divulgando bastante a banda e como hoje em dia nós temos a internet como aliada, alcançamos a vantagem de manter contato mais próximo com outras bandas, por exemplo, aumentamos o nosso network com algumas bandas de São Paulo, como o Tallene que é uma banda de Southern Metal, o que contribui para promover cada vez mais nosso som. Além dessa rede de interações musicais, decidimos investir em promoções para atrair um público maior do mundo do metal e estamos com camisas, bottons, e adesivos da banda que estão a venda e podem ser pedidos na page do Retribution no facebook . Isso é apenas o pontapé inicial, vamos fazer cada vez mais material para divulgação, pensamos na banda como qualquer outra empresa e sabemos que para nosso trabalho ser conhecido é necessário uma divulgação pesada e investimento de todos os envolvidos e esperamos que a galera goste e que fiquem ligados no nosso sorteio no dia 26/10, véspera do nosso show na Casa Cultural Matriz.    

 Vocês acreditam que o metal industrial tem espaço e pode crescer no Brasil?

Felipe - A música industrial está em constante crescimento. É cada vez mais comum a utilização de efeitos eletrônicos no Metal, e com a propagação do Djent, novo estilo de Metal tendo como exemplo bandas como Animals As Leaders, Intervals e Volumes, essa mescla Metal/Eletrônica tem se tornado ainda mais comum. Existem ótimas bandas adeptas ao metal industrial e/ou possuem grandes influências aqui no Brasil, e é um tipo de som que tem muito a ganhar, por ser muito versátil e evolutivo. Vale lembrar bandas como Elétrika e Optical Faze, banda do Distrito Federal que representam muito bem a cena Industrial, desempenhando um ótimo trabalho.
 Willye – Como o Felipe disse o metal industrial está em constante crescimento e mudança e muitas bandas que não são industriais usam de recursos eletrônicos, bandas de Death Metal Melódico e algumas de Metal Core usam também. No Brasil eu conheço poucas bandas de industrial, o Elétrika daqui de BH liderado pelo Cláudio David do Overdose, o Chipset Zero que é de São Paulo e os nossos amigos do Optical Faze do Distrito Federal que já estão com uma certa projeção nacional e com o último disco deles o The Pendulum Burns bem divulgado e com algumas resenhas positivas em veículos do meio como o Whiplash.net. Com eles tendo essa projeção é natural que outras bandas do gênero acabem aparecendo e isso é bom para essa vertente do metal que é pouco difundida no Brasil, mas bem reconhecida em países vizinhos e na Europa.

Qual o próximo passo do Retribution?

 Felipe - Aprimorar cada vez mais nosso trabalho, continuar empenhado para a criação de nosso EP e espalhar nosso som por aí. Os motores da Retribution Engine não páram!
 Willye – Bom, continuar com a divulgação da banda, terminar a gravação de nosso EP que será lançado no ano que vem,  divulgá-lo e tentar contatos de distribuição dele fora do país, vamos mandar algumas copias para São Paulo e Europa e se possível tocar muito no próximo ano, não só em Minas Gerais mas como em todo o Brasil e quem sabe fora dele, tudo vai depender do lançamento do EP pra galgarmos mais conquistas pra banda. Let´s Industrialize The World

sábado, 19 de outubro de 2013

Brasil.

Em 1989 a paulista Ratos de Porão, composta pelo polêmico João Gordo (vocal), Spaghetti (bateria), Jabá (baixo) e Jão (guitarra) se enveredaram por um lado menos punk e mais metal no álbum intitulado Brasil, apesar das músicas ainda serem curtas, já que o disco tem 18 faixas espalhadas por 30 minutos. A capa é muito bem bolada, ilustrando vários problemas sociais brasileiros ao redor de um campo de futebol, a paixão nacional que faz o povo esquecer as mazelas. As letras como sempre críticas com teor irônico vinham dispostas em um encarte em forma de jornal, onde cada letra é uma notícia. Mais um ponto para a criatividade do Ratos.
O disco todo é muito bom, mas podemos destacar algumas faixas, como "Amazônia Nunca Mais", "Aids, Pop, Repressão", "Lei do Silêncio", o hino "Beber Até Morrer", "Farça Nacionalista" e "Vida Animal". Criticada pelos punks à época, pelo som mais trabalhado, e acolhida de braços abertos pela comunidade metálica, podemos afirmar que apesar de ter um vocalista falastrão, porém com enorme carisma, o Ratos de Porão foi responsável por quebrar as barreiras que existiam entre metalheads e punks no país. Graças ao Brasil.  

sábado, 12 de outubro de 2013

Mais de 5.000 visualizações.

 O Metal e Loucuras neste mês de outubro comemora com muito prazer a marca de mais de 5.000 visualizações de página. Obrigado a todos que acompanham nossas publicações e nos motivam cada vez mais a continuar divulgando o heavy metal e todas as loucuras que a vida proporciona. 

Blood On The Rocks

 Escrever sobre um álbum musical que gostamos é muito bom. Ouvindo este álbum fica excelente. E o prazer de falar de algo que gostamos como se fosse feito por nós mesmo é indescritível. Blood On The Rocks é o terceiro e melhor trabalho do Witchhammer de Belo Horizonte, lançado em 1992. A capa simples com a foto da banda não revela a qualidade materializada em música que cada faixa neste play contém. Me lembro que em nossos ensaios em 1994 eu sempre levava alguns LPs para ouvirmos e Blood On The Rocks sempre estava lá. Aqueles que conheciam apenas os dois primeiros discos da banda assustavam com a pegada deste álbum. Mais um dos vários que conheci através do Headbanger Attack da Extra FM, não tem uma passagem sequer aqui que não empolgue o ouvinte. Quantas vezes batemos cabeça tocando "air guitar" ouvindo esta pérola do metal.  
O início com a faixa título já mostrava que tudo seria fenomenal, O timbre das guitarras, a levada do baixo e o som de bateria estava perfeito. O vocal de Casito, mais rasgado e potente casou perfeitamente com o instrumental. "God's Growing Older" vem mais cadenciada e é uma das melhores já compostas. Fica difícil dizer isso dentro de um álbum tão bom. Os backing vocals foram essenciais  no refrão desta música. Depois vem "The Leather Boy" com uma base bem criativa, aliás as bases deste disco fazem as músicas serem gostosas de ouvir. "The Orchestra Of Irony" emenda na sequência com uma primeira parte bem thrash e uma bela pancadaria na sequência com solo curto e estonteante. "Call: X" é aquela música diferente que a banda sempre coloca em seus álbuns, com pouco mais de dois minutos e o vocal que não sei porque sempre me lembra  Red Hot Chili Peppers. Iniciando o lado B a pancadaria volta a comer solta com "Looking For War" onde os backing vocals continuam fazendo um papel importante. "Bitter Night (Far From Home)" e "Switched On Telly" seguem com a qualidade em alta e em seguida aquela que naquela época era minha preferida, a longa e arrastada "Path To The Cemetery" (alguém lembrou de Ramones aí?). Essa música é simplesmente espetacular, é daquelas que quando chega a vez você aumenta o volume para o máximo. Tem uma base com paradinhas lá pelos três minutos que não dá pra ficar sem banguear. (Obrigado Witchhammer rsrsrs). E o final não poderia ser melhor sem "Terrorist Prize" mandando mísseis no governo. O único problema deste disco reside no fato dele ainda não ter sido lançado em CD após 21 anos de lançamento em vinil. Tem coisas no mundo da música que não dá pra entender.  

domingo, 29 de setembro de 2013

Death Is A Lonely Business

Sei que os fans de Vladimir Korg vão odiar o que vou publicar aqui, mas "Death Is A Lonely Business" de 1993 foi o melhor trabalho lançado pela banda até aquele momento. Pra não citar o EP dos porquinhos nem "Warfare Noise" que apresentaram um Chakal excelente e criativo, creio que no clássico e cultuado "Abominable Anno Domini" a banda não obteve uma mixagem à altura, o que comprometeu todo o peso das guitarras, e em "The Man Is His Own Jackal" a banda sentiu muita a saída de seu frontman e a solução encontrada do baixista Laranja assumir os vocais não foi a mais acertada. Mas com "Death Is..." o Chakal deu uma aula de thrash metal e com a entrada de Sérgio a banda ganhou cara nova com sua voz poderosa. Podemos dividir o álbum em dois, com quatro músicas cada. Um com uma veia mais divertida com as músicas "Mind Cries, Body Dies", "Panic In The Fast Food", "Useless Denial To Hear" e a instrumental "A Certain Afternoon Havin' Strawberry Jelly On Mars Watching The Dick Birds Fly South", (não sei o que os caras estavam bebendo quando criaram este título, hehe).
 A segunda metade é a parte responsável por este disco ser tão bom. Começa com "Before Is Too Late" que apresenta um Chakal mais cadenciado, as bases criativas e técnicas, uma gravação perfeita oriunda do 108 studio. "Beholder" é ainda melhor e foi a primeira música que eu vi ser apresentada ao vivo em um palco, pois meu primeiro show foi do Chakal em 93 na Praça da Estação. E sobraram duas músicas que geram a maior dúvida sobre este trabalho. Qual das duas é a melhor? "Fear of Death" com aqueles mugidos no início e toda sua brutalidade acelerada e vocais ultra poderosos, ou "Choked" com seu peso absurdo, belo trabalho de guitarras e vocais? Até hoje fico na dúvida mas uma coisa é certa, todas as duas ficariam perfeitas também com a voz de Korg. Sorte que este trabalho a Cogumelo não deixou passar batido e o relançou em CD com "The Man..." em um mesmo pacote, o que nem precisava. "Death Is A Lonely Business" já se garante sozinho. Pena que algum tempo depois o Chakal entrou no estaleiro e ficou 10 anos sem lançar material.

domingo, 22 de setembro de 2013

Progress of Decadence

 "Tudo que eu sei / Que era carnaval / No alto do morro / Cumendo o maio pau / Cadê os marginal ? / É tudo animal / Cadê os policial ? / É tudo marginal...Sai daí Curujão!!!"
É assim que começa o álbum "Progress Of Decadence" de 1993 dos mineiros do Overdose. Depois de mostrar pra todo mundo com "Circus of Death" que o negócio agora era thrash metal, a banda meteu os pés de vez na agressividade e, incorporando a percussão com ritmos nacionais, fez um álbum que agradou gringos e brasileiros. O timbre das guitarras é o melhor já tirado pela banda e é o melhor álbum dos caras pra se ouvir no volume máximo. Aqui o thrash come solto e desembolado. Músicas como "Street Law", "Straight To The Point", a faixa título, a excelente "Aluquisarrera" e "Stupid Generation" foram forjadas com muita técnica.          
Os vocais de Bozó continuam matadores, e a pronúncia em inglês melhorou muito também (hehe) e os shows como sempre eram empolgantes (quando não havia nenhuma Glória pra atrapalhar), eu estava na Gameleira naquele show que só deixaram o Overdose tocar três músicas e mesmo assim sem áudio no microfone, foi uma decepção pois era a primeira vez que eu via os caras no palco. A capa é bem sacada, mostrando os dois lados da sociedade brasileira e o título na época provocava dúvidas, pois alguns achavam que era "Decadence of Progress", o que pra mim foi proposital pois qualquer um dos títulos resumiria a idéia das letras. Época boa para o metal nacional e principalmente o mineiro. Éramos felizes e ...sabíamos sim. O problema é que achávamos que seria pra sempre.





domingo, 15 de setembro de 2013

Arise

O ano de 1991 foi especial para o metal mineiro. Três dos maiores álbuns da história do heavy metal foram lançados naquele ano, "The Hangman Tree" do The Mist, "The Laws of Scourge" do Sarcófago e "Arise" do Sepultura. O bolachão que foi lançado às pressas no Brasil com apenas uma parte da arte da capa e sem o cover do Motorhead para antecipar o Rock In Rio é até hoje o maior álbum dos mineiros que conquistaram o mundo. Lembro me até hoje que a primeira vez que ouvi este vinil na casa de meu amigo Sergio Alexandre, que eu disse "Esse som não é deste mundo, como eles conseguem fazer isso?" Foi uma coisa meio hipnótica mesmo ouvir aquela pancadaria de Arise, a faixa título, perfeita em sua brutalidade e atual até hoje. "Dead Embryonic Cells" também é um dos pontos altos do disco, altamente indicada pra quem quer bater cabeça e "Desperate Cry" que já foi minha favorita vem com melodia, cadência e é fantástica. Murder e Subtraction já são mais no estilo do álbum "Beneath The Remains", aquele thrash mais reto sem muita firula. 
Altered State é outro grande momento e começa com batidas de tambores, nada abrasileirado como foi incorporado mais tarde, mas daqueles tambores sinistros que você imagina em florestas obscuras cheias de tribos de canibais africanas prontas pra te devorar. Ótima música. A crítica religiosa veio em forma de "Under Siege (Regnum Irae), fugindo aos padrões do Sepultura, com cavernosas vozes ao contrário e o início com dedilhado e bateria. Isso mostrava que a banda estava pronta para ousar e agregar novas influências ao seu som. "Meaningless  Movements" também é thrash puro e começa com paradinhas inconfundíveis e que Big Shaw usava nas vinhetas de seu programa "Rock Festival" na 98 FM. "Infected Voice" também vai na pancadaria estilo Beneath The Remains e o cover do Motorhead "Orgasmatron" que Max gravou bêbado e nem se lembrava de ter terminado a gravação, ficou melhor que original e faz sucesso entre os fans até hoje. Se o Sepultura tivesse lançado Arise apenas no estilo das músicas que citei acima no estilo Beneath The Remains talvez não teria conquistado o mundo, pois foram as músicas diferenciadas como "Dead Embryonic, Arise, Under Siege, Desperate Cry e Altered State" que fizeram com que a banda subisse mais alguns degraus na carreira e fosse reconhecida em qualquer parte do planeta. A promessa se tornou realidade em Arise. E a arte da capa? Sem comentários! Uma das melhores da história.

sábado, 24 de agosto de 2013

Funeral Serenade

Após a estréia em grande estilo em 1990 com Sexual Carnage o Sextrash ganhou reconhecimento, tocou muito, trocou a formação e atingiu um grau de qualidade gigantesco para lançar seu segundo filho em 1992. Funeral Serenade não só é o maior registro da banda mineira como está no rol dos maiores álbuns de death metal da história. Faço um paralelo entre os dois primeiros trabalhos do Sextrash com os do Headhunter DC da Bahia. Nos dois casos os primeiros álbuns sofreram influências do thrash, tanto nas bases e solos de guitarra quanto na batida da bateria. Já no segundo trabalho vieram com aquele death metal puro, na linha das bandas européias, cheios de pedais duplos e vocal gutural mais reto, apesar de Funeral Serenade ainda conservar um pouco da influencia thrash nas bases de guitarra. Também conheci este trabalho através do Headbanger Attack apresentado pelo Laranja (Chakal) na rádio Extra em 1993. A introdução soturna nos teclados e a mesma quantidade de músicas (8) que tem o segundo trabalho de cada banda também são coincidências. 
 As músicas são "Funeral Serenade" que já entra arrebentando tudo, Dead Man Visions (excelente), Bizarre e Wind Assassin (a mais trabalhada), Prohibited Angels, Make Sex Not War, Torment of a Suicide (acho que todas as bandas daquela época fizeram música com o tema suicídio) e Your Future. As letras continuam falando de sexo, morte e aversão ao governo. Naquela época este trabalho foi lançado em CD com a faixa bônus "Hot Juicy & Bitch", uma faixa bem legal com aquelas paradinhas no início e garotas dando gritinhos (hehe), ótima música. A Cogumelo está prometendo relançar este CD em formato duplo com algumas raridades da época, mas também virou novela porque não tem previsão de sair. A banda que gravou "Funeral Serenade" tinha apenas dois membros da formação original, Oswald Sheid (vocal) e Tomy Simmons (baixo). Os demais eram Mark Monthebarr (guitarra e teclado), Daniel Medici (guitarra) e Luck Arnold (bateria). Infelizmente Osvaldo morreu em 1997 após um acidente automobilístico.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Punishment At Dawn

Já falamos deste álbum em 2011 quando a Cogumelo o lançou em CD pela primeira vez. Mas seria injusto se não o colocássemos nesta série dos melhores álbuns do metal nacional. O Headhunter DC que já chamava a atenção no debut "Burn, Suffer, Die" de 1991, lançou sua obra definitiva em 1993 e o chamou de "Punishment At Dawn". Pode ser considerado um dos maiores álbuns de death metal concebidos por estas terras. Me lembro de uma entrevista dos caras no Headbanger Attack quando eles disseram que este álbum foi buscar influências no death metal europeu. Na verdade eles apenas eliminaram os elementos thrash que o primeiro álbum  tinha e deram uma verdadeira aula de metal da morte. A introdução no teclado com sons de trovões trazem Forgotten Existence e um Headhunter com a bateria mais bate estaca, os vocais predominantemente guturais, apesar dos rasgados estarem presentes, porém mais contidos. Na sequência "Intense Infanticide", outra boa música, mas a coisa sai de uma nota 9 para 10 mesmo é a partir da terceira faixa, "Hallucinations". Nesta o trabalho de guitarras fica mais evidente e o refrão vomitado de Ballof sem nenhum instrumento ao fundo ficou muito foda. A faixa título é outra longa (como a de abertura) mas se sai melhor, tem aquele clima no meio que ficou bacana para o retorno bem pancadaria.
O lado B, na época do vinil, era irrepreensível. Era meu preferido e eu sabia as letras deste lado de cor (hehe), de tanto que ouvia. "Bloodbath", "Searching For Rottenness" e "Terrible Illusion" são uma trinca pra acabar com qualquer pescoço, o Headhunter tinha a manha de fazer brutal death metal sem que as músicas soassem todas iguais como vemos muito por aí. Pra finalizar uma obra de arte "Deadly Sins Of The Soul", com letra co-escrita com o vocalista do Mystifier, falando de um cara que se arrepende de não ter praticado os 07 pecados capitais depois de morto.Os dedilhados no início e fim da música, ora cadenciada, ora extrema, são um rico detalhe que deixou o som sorumbático no melhor estilo doom metal. A capa é uma pintura chamada "O Pesadelo" de 1781 do artista Henry Fuseli e traz o belo logotipo que substituiu aquele mega tosco do primeiro álbum. Uma obra que tem que ser ouvida e elogiada por todo headbanger que curte o metal nacional.

domingo, 4 de agosto de 2013

Beneath The Remains


O Sepultura conseguiu um contrato com a norte americana Roadrunner depois do lançamento de Schizophrenia e o 1º album desta nova parceria surgiu em 1989, o Beneath The Remains. Gravado no Rio de Janeiro, a evolução dos músicos se tornava cada vez mais latente e este trabalho abriu os olhos do mundo para o metal brasileiro. A faixa título que abre o álbum é uma cacetada que apresenta  uma banda entrosada e com gana para conquistar o mundo. Apesar da inspiração nos americanos do Slayer, o Sepultura soava autêntico e original, e sua arte passou a ser referência para centenas de bandas que surgiram nos anos 90. "Innerself" mostrou um som cadenciado, excelente para a bateção de cabeça e gerou o primeiro (e tosco) video clipe. A música foi e ainda é um sucesso. "Stronger Than Hate" dá sequencia à pancadaria, com uma levada bem thrash metal e backing vocals acompanhando Max. Depois vem "Mass Hypnosis", uma das melhores de "Beneath", com o refrão mais cadenciado que o restante da música e paradinhas perfeitas, o pedal duplo comendo solto e a música cresce ainda mais em qualidade depois do 1º solo.
O ritmo acelerado continua em "Sarcastic Existence" e depois outra que está entre as melhores: "Slaves of Pain", que Andreas Kisser trouxe de sua ex banda, o Pestilence. Fecham "Lobotomy", "Hungry" e "Primitive Future". A capa que o Sepultura iria usar é a arte do álbum "Cause of Death" que os americanos do "Obituary" roubaram (ou seria a Roadrunner privilegiando seu filho preferido?) e que é bem mais bonita que esta que saiu em "Beneath The Remains". O que não tira o brilho do play deixando o Sepultura pronto para conquistar o mundo nos anos 90.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

The Hangman Tree

É, parece que a água que os mineiros bebiam em 91 era diferente do resto do país e fazia muito bem. Ou seria o álcool? No mesmo ano em que clássicos eternos foram forjados (The Laws of Scourge e Arise), "The Hangman Tree", uma das obras mais fantásticas e originais lançadas no Brasil também ganhava vida. Se a frase que abre o álbum realmente for "você pode sentir um vento frio na espinha?" sussurrada por Vladimir Korg, então pode saber que muitos arrepios virão até que você chegue ao final da audição deste disco. Um trabalho conceitual, com todas as músicas amarradas, onde as letras de Korg são pura poesia. A entrada de Jairo Guedz, ex guitarrista do Sepultura ajudou a elevar o grau de qualidade do "The Hangman". A música que abre o trabalho é a melhor criada pela banda, "God of Black And White Images", obscura e até então a música mais pesada já composta, com belos teclados no início. Aquela parte mais lenta pouco antes do final é perfeita, e lembra aquelas viagens que o Iron fazia em canções como "Rime Of The Ancient Mariner".
Depois vem uma sequencia de clássicos que fazem um bem tremendo aos ouvidos, "Scarecrow", "Peter Pain Against The World", "Falling Into My Inner Abyss", "The Hangman Tree Act One". Assim fechava o lado A do vinilzão. Poucos vocalistas conseguiram colocar a emoção certa na hora de cantar em um disco de thrash metal como Korg em "The Hangman Tree", se você não percebeu isto ouça o álbum novamente e preste atenção e me diga se não tenho razão. E a saga continua com "The Hell Where Angels Live", "My Life Is An Eternal Dark Room" (é só uma passagem, mas a frase é profunda como um abismo) "My Pain", "The Hangman Tree - Epilogue", "Broken Toys" (cacetada), "Leave Me Alone" (emocionante) e o cover do Psychic Possessor "Toxin Diffusion" que poderia se passar por uma música própria tranquilamente. A capa (dupla) talvez seja também a maior obra prima de Kelson Frost e no CD perdeu todo o brilho. Quem sabe a Cogumelo relance esta obra remasterizada em formato digipack com um encarte digno deste que é um dos melhores álbuns do metal mundial. Os músicos que gravaram este trabalho devem se orgulhar, pois é o melhor trabalho registrado por todos eles, contando todas as bandas em que já passaram. 

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Crush, Kill, Destroy

Em 1992 o Sarcófago aproveitou a boa repercussão de "The Laws Of Scourge" e lançou o EP "Crush, Kill, Destroy". Relançando as músicas "Midnight Queen" e "Secrets of a Window" a banda apresentou duas músicas inéditas. A faixa título é tipicamente Sarcófago desta fase, rápida, trabalhada, com backing vocals nos refrões. É uma música que quebra tudo pela frente. Já "Little Julie" é uma "balada" para o estilo do Sarcófago. A música que fala da memória de uma garota (à época com 11 anos) despertou a ira de alguns fãs mais ortodoxos que disseram que o Sarcófago havia se vendido. Pura bobagem, pois esta é uma das melhores músicas que a banda já compôs, e de comercial não tem absolutamente nada. A banda apenas provou que sabia compor música ultra pesada com melodia, assim como fizeram monstros como Metallica e Pantera em "Fade To Black" e "This Love", para citar apenas dois. Infelizmente Fábio e Lúcio saíram da banda após este EP e a banda se tornou uma dupla, voltando de vez as caras para o underground, pois com esta formação eu acredito que ela poderia se tornar ainda maior do que conseguiu ser. Posteriormente estas músicas apareceram no formato de "The Laws" em CD.

domingo, 21 de julho de 2013

ENTREVISTA COM CASITO - WITCHHAMMER

Todos nós sabemos que para fazer heavy metal no Brasil existem alguns fatores primordiais para atingir o reconhecimento: talento, amor pelo estilo e ser guerreiro. Em um país que ainda engatinha quando o assunto é o apoio aos artistas, é somente com muita garra que uma banda de metal consegue sobreviver desde meados dos anos 80 até os dias atuais sem qualquer exposição na grande mídia. Apenas pela força de vontade de seus integrantes em união com seus fãs que os apoiam sempre. O Witchhammer de Belo Horizonte é um exemplo de humildade e perseverança na cena nacional, uma das bandas que ajudou a difundir este estilo que amamos tanto. E é com muita honra que o Metal e Loucuras apresenta uma entrevista exclusiva com Casito, baixista e vocalista e um dos fundadores do Witchhammer.

M&L - Fale-nos um pouco de você hoje. (Trabalho, projetos...)
Casito: Tenho 43 anos hoje e sou músico e professor de inglês na Achieve-Oxford University Press. Dou aulas de inglês para business internacional e inglês geral para adolescentes. Nascido e criado em Santa Tereza, hoje, moro onde nasci, com minha companheiríssima amada Tânia e nossa filha Melissa. Estamos em gravação do novo CD "Metallanguage". A idéia é ainda uma 'pré'  para o negócio final, e está acontecendo nos estúdios do nosso guitarra, Rogério Sena, o Trip & Trip Prod., onde vou a pé. Ótimo, né não? 

M&L - E o Witchhammer, como estão os planos para lançamento deste novo álbum?

Casito: Como estava falando, hoje temos dificuldade em nos encontrarmos tão frequentemente como a paixão exigiria, mas procuramos nos ver e gravarmos em horários alternados. Quase sempre, quando estamos todos juntos, ficamos bêbados e vamos recriando o grupo, compondo todo tipo de coisa. Ótimo também! É a base do que vai ser tudo depois, a linha-mestra dos discos e dos shows, que são mais frequentes na época do lançamento dos CDs. Metallanguage será todo costurado em si mesmo. Como sendo Meta-alguma-coisa, ele fala de si mesmo, o Metal usado pra contar estórias do Metal. Usaremos as letras das músicas para falarmos exatamente da arte de escrever letras para músicas, exaltando letristas famosos como Freddie Mercury, Bob Dylan, Bowie, Hendrix, Neil Peart, King Diamond, Bob Marley, etc. Citaremos também grandiosos escritores como Edgar Alan Poe, Humberto Eco, Márquez, Shakespeare, Stephen King, estes gênios que nos inspiraram tanto com suas estórias, vocês sabem quais, não? Metalinguagem Metametálica, é isso somente. O escrito falando do 'escrever' e o Metal falando da arte de se 'metalear'. Pretendemos lançá-lo em outubro, juntamente com o documentário "Witchhammer: somos feitos de pessoas", que está sendo feito pelo brother Richardson Pontone.

M&L - O Witchhammer é um dos grandes representantes da maior cena underground que o país já teve. Qual a visão que a banda tinha de si naquele contexto?

Casito: A gente achava que era mais underground mesmo, como você falou. Em 1985, as roupas eram rasgadas mesmo, era colete brutal, coturno, cabelo do jeito que crescesse era aquilo mesmo, tipo Sabbath e Deep Purple  no início, sabe? Era cruz de cabeça prá baixo a torto e a direito, todo mundo usava, todo mundo. Patches muitos... Hoje vejo que a nossa primeira demo é tosquêra braba, a Warfare Noise 2 é uma loucura de atentados ao metrônomo e tem execução das músicas rudimentar. Aamonhammer também, toscão.O Mayhem e o Megatrash se mantinham bem no compasso. Já as bandas anteriores a nós estavam bem certinhas nos andamentos, Distorção Neurótica, Destillery, Kamikaze, Overdose, Sepultura, Chakal, Mutilator, tinham uma pegada já bem certinha. A gente era bem underground mesmo, os shows iam acontecendo e se revelando a cada segundo, rolava muita improvisação também. Difícil imaginar isso num show de metal mas juro que rolava. A gente curtia demais aquela vida e queria conhecer todo mundo, todos os mestres, tão jovens quanto nós, ou pouco mais velhos, que faziam aquele som inédito, aqui, em outros estados e países. Éramos pouco mais jovens que nossos ídolos e isso era muito legal, diferente do geral. Cronos era 7 anos mais velho por exemplo. Era uma avalanche, estávamos dentro do acontecimento e nos sentíamos todos brothers. Tudo interligado, era um movimento mesmo. Quanto à visão que tínhamos era que tocávamos bem mais ou menos mas a gente agradava demais, até mais, às vezes. Aí no Mirror, a gente já tinha aprendido um pouco, um pouco. Fomos crescendo bem, rápido, viajando muito. Tivemos muita atenção, até mais do que merecíamos por nossos dotes musicais ainda limitados, mas sempre fomos sinceros e esforçados.



M&L - Vocês tinham o sonho de fazer sucesso no exterior ou nunca foi uma preocupação?
Casito: Em 1990, ficamos em primeiro lugar em duas rádios da Europa com a música Mad Inspiration. Aí, duas gravadoras se interessaram em nos contratar, mas somente caso gravássemos o disco todo naquele estilo de música da Mad Inspiration. Aí não, né? (risadas)... Todos do movimento tínhamos esse sonho, não era exclusividade de uma banda ou outra, se é que é isso que você quer saber. Desafio alguma banda falar que, em algum momento, não sonhou em tocar no Brasil todo, no mundo todo. Ganhar milhões de dólares. Sonhava e sonho até hoje, meu caro. Sucesso não mais, só uma tour bem simples com a banda. E os milhões, claro. Sucesso era só sonho de adolescente. Ficamos no lado B da história, o que é um lucro. Não podemos reclamar de nada. Quantas bandas não foram (ou ainda são) o lado C, D, E... Z da história? Bandas boas que nunca tiveram uma chance sequer? Tenho certeza que pra várias delas, tocar em BH é um sonho. Com o banger local apoiando as bandas, teríamos grandes shows lotados frequentemente. O que levaria às ótimas bandas autorais de BH mostrarem e terem suas músicas cada vez mais amadas, e cantadas pelo povo metaleiro. Cantadas, imagina só. Isso é o que chamaria de cena. Uma 'cena' é o que reimpulsionaria a força, é o que geraria notícia, digamos. Aí, teríamos milhares de bandas do Brasil todo querendo tocar aqui. Seria fácil realizar o sonho delas. Já temos bastante sucesso pensando bem.

M&L - Qual foi o momento mais marcante de sua carreira?

Casito: Quando eu peguei o álbum The First and the Last nas mãos e olhei bem pra ele. Depois coloquei ele junto com os meus outros discos de vinil: Slayer, Destruction, Kreator, Venom, Queen, Stones. Coloquei ele bem lá no meio. Sentiu?

M&L - É, com certeza foi uma emoção indescritível. O Witch sempre foi ousado ao gravar músicas que fugiam às regras do thrash metal, como "Mad Inspiration, The Lost Song, Hair e Call:X". De onde surgiam estas idéias?
Casito: Alguma coisa do Nuclear Assault, outras pitadas do Suicidal, Red Hot, blues demais, a gente ouvia todo dia blues, rock clássico demais também, Led Zeppelin, toda hora, Sabbath, todo dia, Raul Seixas direto, esses malucos aí. A outra metade das ideias vinha da gente mesmo, do álcool. (risadas)  

M&L - Bandas como Sarcófago e Headhunter D.C. (Ba) sempre deixaram clara sua postura agnóstica nas letras. Já o Witchhammer deixa meio indefinido este aspecto, principalmente analisando letras de músicas como “From A Suicide Man To God” e “God’s Growing Older”. Considerando que você é o principal letrista da banda, em que você acredita?

Casito: Sou agnóstico. Os temas das letras nunca representaram somente o que acreditamos. Elas são textos literários antes de tudo. Tratamos de temas diversos e a religião católica sempre foi um foco de nossas músicas. A crítica é exatamente essa - Deus é então visto como velho e sem o poder que classicamente se dá a tal ser. As letras refletem a falta de esperança e fé, os valores já caquéticos e reacionários da igreja católica. Às vezes, as pessoas já veem a palavra 'God' e se assustam.  



M&L - Você disse recentemente que tem o sonho de lançar “The First And The Last” e “Blood On The Rocks” remasterizados em um único trabalho, assim como já aconteceu com o Chakal em “The Man Is His Own Jackal” e “Death Is A Lonely Business”. Existe essa possibilidade? Há algo adiantado entre vocês e a Cogumelo?
Casito: Vamos regravar o 'The First and the Last', tocando tudo de novo, novos arranjos, solos e vocais. Queremos manter a coisa toda bem fiel ao original, mas vamos dar uma ajeitada nos tempos. É um disco honesto, cru, metal mesmo da gema. As ideias são ótimas, a execução nem tanto. Queremos remasterizar o 'Blood on the Rocks' também. A ideia é relançar esses dois em um pack legal, com fotos e um pouco da história da banda também. Não há nada entre nós e a Cogumelo por enquanto.

M&L - Em que o Casito músico é melhor, como vocalista ou como baixista?
Casito: Jogo bem nas duas.

M&L -  Assim como recentemente houve um renascimento do thrash a nível mundial, com várias bandas clássicas lançando bons álbuns e o surgimento de outras bandas, você acredita em um novo boom da cena heavy de Minas Gerais?
Casito: Acredito sim. Tudo tem seus ciclos e renasce. Mas as pessoas do Metal têm que se ajuntar mais, pra sair do frio. E compor com violão também. Ligar uma sonzêra do capeta, abaixar uns tons, e esguelar o ampli, tudo fica legal, né não? Pensando na sua pergunta novamente, vi que você relacionou o fato do renascimento do thrash com a possibilidade de uma repercussão da cena em BH, né? Agora eu te volto a pergunta: você acha que o tal 'novo boom' só aconteceria caso o 'Thrash' renascesse e explodisse o  movimento de novo?

M&L - Olha, não acho que esse novo boom depende do renascimento thrash, mas com certeza estes ciclos são essenciais para nos dar esperança de que a cena pode melhorar. Assim como existe um renascimento do hard na Suécia e o novo gás das bandas da bay area, também pode retornar com força total o movimento black metal norueguês, a explosão do metal melódico ou a cena mineira. Depende de tudo que você disse, das bandas antigas continuarem o legado e das mais novas como Drowned por exemplo, de manterem o foco.

M&L - Por favor, comente em poucas palavras cada um dos 4 álbuns do Witchhammer.

The First and the Last - cru, tosco, mal executado, ótimas letras que contêm o sumo do que éramos e pensávamos, hormônio puro, irmandade era pesada nessa época, a ideia era fazer Metal pra arregaçar na podrêra, agredir sonoramente e politicamente. O disco traz uma lenda, Mr. Walker, um neurótico de guerra e estuprador, que acorda no hospital onde nós trabalhamos, digamos (risadas). Aí tocamos um blues (Medicine Blues) para ninar o 'neném' (risadas, em família). Mas ele foge e faz sua primeira vítima, na segunda faixa do disco(The first...). Aí vai. O disco é todo uma grande estória só, passando por temas que envolvem medicina, estupro, obesidade (diz aí, galera Oldschool!), até que termina com o Mr. Walker, estuprando sua última vítima, Pamela, num mix de estória real e fantasia. Essa Pamela se suicidou mesmo nos States e deixou uma carta numa cabine telefônica que é a oração do salmo 23, da Bíblia, mas de outra forma conhecida como "King Heroin" ou "King Heroin is my Shepherd", algo assim. Então na música ela é salva por Walker, que faz com que ela desista depois que ele dá nela uma 'carcada'!(muitas risadas, hahahahahahahhaaaaa...)




Mirror, my Mirror - feito por várias mãos amigas, inovador, poético, lírico, carismático, eclético na essência, político. A gente tinha envolvimento com o PC do B, o Paulinho mais. A gente bebia pra cacete também nessa época. O 'Mirror' foi feito em grande parte na madrugada. A gente ensaiava no DCE da UFMG, perto da Praça da Liberdade, perto da Savassi. E rolavam altos agitos por lá. Já viu, né? A gente morava no DCE. Tinha um palco do lado do quarto de ensaios! Palco que abrigou todas as bandas daqui em shows históricos! Sylvia Klein e Andréia Dário foram killers demais! A estória do espelho também é real, tenho a cicatriz ainda no punho. Dartherium renasce. Tem Hard Core, blues, gaita, thrash, pancadaria, muito mosh. Disquinho bom mesmo.


Blood on the Rocks - é um ataque a tudo, às políticas de guerra  dos EUA, às religiões, à política brasileira e mundial. Estávamos raivosos essa época, fortes. Zangados mesmo. A gente vivia nas ruas, nos bares. O 'Thrash' era mais forte que nunca em nós. Queríamos as palhetadas mais matadoras e os solos mais 'do mal' do planeta. Meu favorito.








Ode to Death - monstruoso, um thriller, mais técnico, mais pesado, letras mais elaboradas, tem como linha central o tema da morte. Falamos de todo tipo de morte, física, espiritual, psicológica, a morte de conceitos, ideias, atitudes, amizades, a morte da arte, da esperança, do convívio, da paz. Tem vários convidados que cantam, como  Ricardo Sarcinelli, da banda Poison God (Colatina, ES), Tchesco (Pathologic Noise), Celso Grassi, Aender, Mr. Korg (Chakal). Solos maravilhosos de Rogério Sena, que entrou pra banda como se sempre tivesse sido. Foi ótimo o reencontro dos velhinhos de cabelos brancos, meus irmãos.




Agradecemos pela entrevista. É uma honra ter em nossa página alguém que ajudou de forma tão expressiva a construir a cena de metal no Brasil.