sábado, 6 de dezembro de 2025

20 anos de Dark Ages do Solfly!!!

 


É curioso revisitar Dark Ages hoje, duas décadas depois, e perceber como o Soulfly de 2005 parecia perdido entre a ânsia de soar brutal e a vontade quase infantil de experimentar tudo ao mesmo tempo. Nunca foi uma das bandas que guardei com carinho na estante mental — e ainda acho que Max sempre funcionou melhor quando menos tentava provar algo — mas Dark Ages tem seu valor, mesmo tropeçando no próprio excesso.

O problema é que, para um álbum que vende a ideia de volta às raízes, existe aqui uma quantidade absurda de passagens alongadas, momentos contemplativos que mais parecem enfeites colados de última hora. Em vez de funcionarem como respiro, acabam quebrando o ritmo e tirando a força da proposta direta que o disco tenta sustentar. É como se, a cada vez que o álbum engrena, alguém puxasse o freio de mão para encaixar uma ambientação “viajante” que não conversa com o restante.

Ainda assim, quando Dark Ages acerta, acerta com força. Os riffs secos e desgrenhados, a percussão tribal que Max não consegue abandonar (e nem deveria), aquela sujeira meio controlada que lembra a fase mais nervosa do Sepultura pós-Chaos A.D. — tudo isso aparece em vários momentos e mostra que o Soulfly sabia onde queria chegar, mesmo que tenha se distraído no caminho.

A produção é áspera, quase propositalmente feia, como se quisessem reforçar um clima de mundo pós-apocalíptico. E funciona, em certa medida. As letras, por sua vez, continuam naquele ciclo de indignação e espiritualidade torta que Max tanto gosta, mas sem grandes lampejos. É honesto, mas pouco memorável.

O que fica, no fim, é a sensação de um álbum irregular, cheio de energia, mas também recheado de escolhas que estendem demais o que deveria ser curto e direto. Dark Ages não é um desastre — longe disso — mas também não é um disco que envelhece com a imponência que talvez Max imaginasse. Para mim, resta no território do “ok”: dá para ouvir, dá para reconhecer alguns méritos, mas não é aquele tipo de obra que faz falta quando acaba.

Talvez Dark Ages seja isso mesmo: um registro de transição, de inquietação e de tentativas que não se encaixam totalmente. E, olhando de 2025 para 2005, acho que faz mais sentido agora do que fazia na época — mesmo sem ter se tornado um álbum indispensável.


Nenhum comentário:

Postar um comentário