Mas o Exodus fez o que sempre soube fazer: resolveu a crise na base da agressão. Entraram em cena o excelente Rob Dukes nos vocais, o guitarrista ucraniano Lee Altus e, na bateria, ninguém menos que Paul Bostaph – mais conhecido pelo Slayer, mas que na época estava no (também gigante) Testament. Com apenas Gary Holt e o baixista Jack Gibson remanescentes da formação anterior, a banda soltou em 2005 o insano Shovel Headed Kill Machine.
O resultado? Uma cacetada seca, direta e sem misericórdia.
Colocando esse álbum e Tempo of the Damned lado a lado, até hoje tenho dificuldade em dizer qual é o melhor. A capa já entrega a proposta: uma máquina híbrida de tanque com retroescavadeira esmagando um tapete de crânios. É exatamente essa imagem que você “vê” enquanto ouve o disco. Violência sonora pura.
Seja nos momentos mais acelerados, como a abertura brutal com “Raze” ou na minha favorita, a absurdamente poderosa “I Am Abomination”, seja nas faixas mais longas e cadenciadas como “Deathamphetamine” e “Altered Boy”, o álbum despeja peso, riffs inquietantes, solos técnicos e uma energia quase física, além de um vocalista que parece ter nascido para comandar a linha de frente do Exodus. Seu vocal é tão rasgado quanto o de Zetro ou do lendário Paul Baloff, mas com um timbre mais gutural, mais áspero, que exala raiva real. Não é só canto, é agressão sonora. Quem já viu o Exodus ao vivo com esse brutamontes no palco sabe: ele não canta, ele comanda batalhas — mosh pits e walls of death viram parte do ritual, tornando o espetáculo impiedoso e gratificante. E ele ainda surpreende nos detalhes. Feche os olhos durante o refrão de “.44 Magnum Opus” e fica impossível não enxergar Tom Araya com o microfone erguido.
Não são muitas as bandas capazes de lançar dois álbuns tão fortes em um intervalo de apenas um ano, ainda mais com formações quase completamente diferentes. Mas o Exodus conseguiu. E conseguiu com sobra.

Nenhum comentário:
Postar um comentário