sábado, 6 de dezembro de 2025

20 anos de De Volta ao Front do Holocausto!!!


Acho que eu realmente não estava preparado para um retorno do Holocausto. É essa a sensação que tenho hoje ao revisitar seu quinto álbum, “De Volta ao Front” (2005). Para ser honesto, o único trabalho da banda que conheço a fundo — e que sempre admirei — é o debut “Campo de Extermínio”, e toda a guinada de estilo posterior nunca desceu muito bem pra mim. Mas, ouvindo este petardo duas décadas depois, percebo nuances que na época simplesmente deixei escapar.

O disco tem ecos fortes de Ratos de Porão e Brujeria, algo muito distante daquele início death metal em que o Holocausto duelava em brutalidade com conterrâneos como o Sarcófago — que eu amava, amo e continuarei amando. Só que justamente essa aproximação maior com o hardcore e o crossover acabou tornando o álbum bem mais interessante aos meus ouvidos hoje do que foi no lançamento.

Um acerto absoluto aqui é o uso predominante das letras em português. Mesmo com algumas inserções em inglês, a língua nativa deu uma cara muito mais autêntica ao som: direta, agressiva e condizente com o clima de guerra urbana que o Holocausto sempre carregou.

Musicalmente, poucos momentos remetem ao passado mais death metal, mas eles existem — como em “Imagens da Violência”, cujos riffs parecem arrancados do velho “Campo de Extermínio”, especialmente da faixa “Scória”. O jeito descompromissado de cantar, com rosnados e rasgados divididos entre Valério Exterminator, Anderson Guerrilheiro e Rodrigo Führer, remete justamente à estética caótica do Brujeria: três vozes, três níveis de fúria.

A produção é tosca — como deveria ser — e a completa ausência de melodias reforça essa intenção de soar cru, sujo e com a farda rasgada. Uma das faixas mais curiosas é “Warfare Noise”, homenagem direta à coletânea que lançou o Holocausto no cenário. A música ainda conta com participações de Sílvio Bibica (Mutilator) e Vladimir Korg (Chakal), ambos também presentes no lendário volume original. Não duvido nada que tenham tentado convocar Wagner Lamounier para fechar o pacote.

Com o álbum completando 20 anos, talvez seja a hora da Cogumelo relançá-lo. Daria uma chance para gente como eu — que na época não soube apreciar este capítulo novo, torto e esfrangalhado da lenda chamada Holocausto.


 

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