quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

20 anos de Rain of a Thousand Flames do Rhapsody!!!


Chamemos apenas de Rhapsody, pois em 2001 era o nome da banda italiana. Um dos pilares do symphonic metal, com grande carga de melodia e uma música sempre comparada a trilhas sonoras de cinema, eles chegavam a seu quarto álbum. Amado por muitos e odiado por alguns fãs mais radicais do Heavy Metal, o Rhapsody colocava a Itália no mapa dos grandes do metal, atraindo olhares para outros gêneros metálicos que começavam a despontar, como o Lacuna Coil. Este álbum é um pouco econômico, mesmo que passe dos 40 minutos, temos apenas 5 músicas com letras (as outras 2 são instrumentais). A faixa título carrega todas as prerrogativas inerentes à banda, mesmo que possamos perceber um avanço nas orquestrações, ocupando mais espaço que o heavy metal em si. Não é uma música que ficou registrada como um grande clássico, como podemos encontrar nos álbuns anteriores, mas vale a pena a audição. Após a bela instrumental "Deadly Omen" temos uma longa faixa chamada "Queen of the Dark Horizons" com corais femininos no início (que duram quase 3 minutos) mas que chama a atenção quando Fabio Lioni abre a boca. Sua voz é única e uma marca registrada para o estilo. Esta música é um espetáculo à parte, com direito a coral em italiano no refrão e interpretação sensacional nos vocais, além de uma letra bem mais obscura sobre bruxaria e não dragões, mesmo que faça parte da história criada pela banda e permeia seus álbuns.. Alessandro Lotta (baixo), Alex Staropoli (teclados) e Luca Turilli (guitarra) se fazem presentes a todo momento, mas aquela passagem aos 10 minutos com solos de Turilli e Staropoli, com o baixo fazendo a camada, ficou linda. Ouça as demais faixas, caso ainda não conheça este trabalho e sinta a magia por trás de uma banda que estourou, mas que após alguns anos ficou maculada por brigas internas. O início de "The Wizard's Last Rhymes" parece o anúncio de uma batalha. Pegue sua espada e aumente o volume!

 

terça-feira, 28 de dezembro de 2021

20 anos de Megalomania do Enslavement of Beauty


Sabe aquele tipo de álbum que você não dá nada por ele ao observar uma prateleira (ou uma exposição no site, que seja), pois quase nunca ouviu falar na banda. A forma do logo da banda talvez faça pensar em algo gótico e o título um death melódico e a imagem talvez será a junção de tudo isso. Mas o pezinho da banda está fincado no black metal sinfônico, com uma enorme porcentagem gótica e a banda nem é sueca, é norueguesa mesmo. Acrescente a este caldeirão uma pitada generosa de Shakespeare e um pano de fundo teatral com letras carregadas de libido. Megalomania é um álbum acima de tudo, muito prazeroso. Você não vai bater cabeça ou cortar os pulsos. Vai saborear como um vinho ou uma peça de teatro onde todos os atores trajam vestes de séculos passados e têm feições vampirescas. Os teclados são o centro das atenções nos instrumentos, mas os fraseados de guitarras parecem fugir da tendência black metal e mergulhar no gótico mais negro que puder encontrar. Você encontra referências a "Covenant" antigo, Cradle of Filth, e coisas do gênero. Os vocais são na maioria das vezes rosnados, com algumas frases e gritos femininos e masculinos e até intervenções eletrônicas de forma comedida, mas o forte mesmo são as melodias que permeiam todo o trabalho. Uma música que indico para quem não conhece a banda seria "Benign Bohemian Brilliance". Ela contém tudo que descrevemos e que irá fazer você amar (ou odiar) a banda. Porque gosto é gosto.
 

domingo, 26 de dezembro de 2021

20 anos de Chapter III do Agathodaimon!!!


Finalmente os músicos do Agathodaimon tiveram a calma necessária para a gravação de um álbum completo. Após os problemas com visto de entrada do vocalista Vlad no primeiro trabalho e os problemas com produção do segundo play, agora o capítulo III da trajetória gothic/symphonic/black ganhou vida em um trabalho, no mínimo, espetacular. A capa, em tons azuis como de praxe, é belíssima, e ganhou nome do álbum e logo da banda em baixo relevo prateado, bonito e raro há vinte anos. O som do Agathodaimon ficou um pouco mais direto, reduzindo aquelas nuances black metal que dão certa crueza, fazendo com que sua música tivesse mais pompa, com uma produção lapidada nos padrões do death melódico, e se a banda objetivava uma qualidade superior na produção, ela conseguiu. Infelizmente não temos nenhuma música cantada em romeno, era um diferencial nos álbuns anteriores, pois a língua da terra da Transylvânia tem um apelo maligno que casou perfeitamente com o black metal com passagens doom que eles praticavam. Mas aqui temos vocais rasgados por todos os lados com vocais góticos de beleza negra, algumas vezes estes vocais limpos estão à frente, como em "Departure", mas comumente eles são um complemento. "Chapter III" é um trabalho a ser ouvido do começo ao fim, e apreciado a cada bela nota, mas preciso citar duas músicas que fazem dele um dos melhores trabalhos do gênero. A primeira é "Spirit Soldier", a música mais brutal do álbum, com os vocais rasgados inspirando ódio maquiavélico sobrenatural e riffs rápidos que te farão bater cabeça e cair no mosh sem medo de ser feliz. A segunda é um épico que mistura uma tristeza tão real, intercalada a momentos de desespero tão repugnante, que farão com que ela grude em sua mente de imediato. Falo da linda "Sacred Divinity", música que veio para competir com a clássica "Tristetea Vehementa" do primeiro álbum, em beleza, melodias dark e aquele pé no black/doom. Riffs quebrados e um trabalho de bateria de cair o queixo fecham o petardo com a ótima "Burden of  Time". Se você ama este estilo e não conhece este opus, está perdendo uma das melhores obras compostas nesta vida. 

 

quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

20 anos de The Dreadful Hours do My Dying Bride!!!


A faixa título que abre The Dreadful Hours tem uma introdução de mais de 2 minutos inesquecível. Você pode ficar anos sem ouvir este que é o sétimo filho dos ingleses mais pesados da trindade death/doom mais famosa do limbo, que esta introdução, extremamente triste, lhe trará todas as lembranças desgracentas no primeiro acorde, pode ter certeza disto. De certa forma o My Dying Bride resgata neste álbum um pouco da aura de eras mais sombrias, como no debut. A capa, que para alguns pode se passar por um borrão abstrato, mostra um anjo em radiografia, em uma paisagem carregada, onde os tons fortes de laranja e verde traduzem um nascer ou pôr do sol. Engana-se quem pensa que este é um daqueles casos em que a melancolia arrastada e por vezes entediante levam você sempre na mesma direção. MDB tem o poder de te fazer percorrer os caminhos da tristeza e desilusão e mergulhar num oceano de ódio e desespero com a naturalidade de uma batida do coração. O peso inicial absurdo de "The Raven And The Rose" não mostra que ao final a depressão seja quase tão certa quanto a morte, ou a melodia progressiva de "Le Figlie Della Tempesta", que remete ao clássico "The Angel And The Dark River" possa te arrastar para o porão escuro, enquanto você torce para não fazer nenhum barulho que chame a atenção daquele demônio que percorre as sombras no seu encalço. "A Cruel Taste of Winter" é outra faixa que te dá prazer em ser apaixonado por este estilo, pois te envolve com uma atmosfera decadente e sofrível (no bom sentido) e de repente entra um riff tão bestial, com rosnados tão demoníacos, acompanhados por teclados que fazem um coro grandioso e arrepiante. Este álbum acorda o dragão que dormia no fundo da caverna e traz o My Dying Bride de volta ao topo da cadeia Doom. 

 

quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

20 anos de Digimortal do Fear Factory!


Os americanos do Fear Factory chegavam a seu quarto álbum em 2001, e ficava claro que o processo de digitalização de seu som foi elaborado de forma gradativa a cada trabalho. Se em "Souls of a New Machine" tínhamos uma banda de Death Metal com incursões industriais, em Digimortal temos uma banda de Industrial com elementos post-thrash agressivos com muito groove. Mesmo que o som mantenha a pegada e a distorção do álbum anterior, o acima da média "Obsolete", aqui o metal perde mais espaço. Mas o peso está lá, fazendo os alto-falantes vibrarem como se estivessem prestes a explodir. Os vocais de Burton Bell continuam sendo um dos maiores atrativos, mesmo que as partes mais clean às vezes soem enjoativas, quando o cara berra, se torna uma fera descontrolada. Na faixa que abre o play, a ótima "What Will Become?" ele até soa como Max Cavalera, em trabalhos do Soufly ou Cavalera Conspiracy, Em "Invisible Wounds (Dark Bodies) o frontman surpreende com vocais que vão dos limpos (com uma captação excepcional) aos gritos com uma propriedade que poucos (naquela época) se arriscavam. "Acres of Skin" é uma das músicas mais pesadas da carreira, mostrando que o carismático Dino Cazares se consolidava como um dos guitarristas mais pesados do planeta. Se você aprova misturas inusitadas no metal, "Back The Fuck Up" é um prato cheio, com o vocalista B-Real do Cypress Hill dando uma palhinha num rap rasgado, daqueles que se tu botar pra rolar no talo, seu vizinho vai chamar a polícia achando que alguém invadiu sua casa e ligou seu som sem seu consentimento. Estas miscelâneas ficam legais, desde que você faça em uma única música em toda sua carreira. O baixo de Christian Wolbers não quer aparecer mais que ninguém, mas se faz presente e preenchendo espaços, como na agressiva "Hurt Conveyor". E o batera Raymond Herrera continua martelando muito bem seu kit, principalmente nas partes mais furiosas. Produção, equalização e timbragens perfeitas. O álbum fecha com a forte e introspectiva "(Memory Imprints) Never End".



 

domingo, 12 de dezembro de 2021

Vamos de HeadHunter DC, criaturas!


Vamos de Headhunter D.C. criaturas!
Música: Why Wars
Álbum: Burn...Suffer...Die...(1991)
Selo: Cogumelo Records
Por quê Guerras?
O sofrimento, a dor e a solidão
Entre suicídios e terror
O medo cria desespero
Será que este inferno tem um fim, ou não?
Gritos de sofrimento espalhado
Através do obscuro
O sentido da vida é matar
Ou morrer agora!
Morte, sangue, dor
Guerras, por quê guerras?
Porcos sujos lutando contra si mesmos
Se destruindo lentamente
Basta pensar sobre seu próprio poder
E foda-se o resto!
Não podemos deixar que esses filhos da puta
Fodam com tudo
Porque um dia tudo vai terminar
Não haverá lugar para o verde ou azul
Haverá um mundo podre
Onde a dor e a solidão vai reinar
Acima de lágrima de sangue e de culpa
Não há nenhum significado para essas coisas
As guerras não têm nenhum sentido!
Nós não precisamos delas para viver
Nós não precisamos de um pesadelo
Precisamos de paz e conscientização
Que a vida não é apenas o poder e os triunfos


 

20 anos de Rebirth do Angra!!!


A vida do Angra nunca foi das mais tranquilas, principalmente após o sucesso alcançado com o primeiro álbum, o aclamado "Angels Cry" de 1993. Em 2001 a banda, que já era um sucesso gigante, em mercados como o nacional e o japonês, lançava seu quarto trabalho sob o olhar apreensivo de fãs e atento dos críticos, pois apresentava um novo vocalista, o pouco conhecido Edu Falashi, até então frontman do Symbols, assim como o baixista Felipe Andreoli, (Karma, Firesign, Di'Anno) e do baterista Aquiles Priester (Hangar), depois da ruptura repentina de André Matos, Confessori e Luis Mariutti. A arte, mais uma vez criada por Isabel de Amorim, é de tirar o fôlego, e mesmo que a imagem original da estátua do anjo já existisse e também estampou capas de álbuns do Death SS e The Doors anos depois, a montagem da artista sobre um mundo com o que parecem reservatórios de petróleo (10 anos antes vivíamos a guerra no Golfo e o controle do petróleo foi um dos maiores motivos) e as cores utilizadas por ela, deram vida própria à imagem que é uma das mais belas do Angra até hoje. Já o som do Angra foi um deleite para seus admiradores, considerado por muitos uma volta às raízes da banda, sem muitas influências brasileiras (ok, Unholy Wars parece desmentir isso) ou a velocidade inerente ao power metal melódico. "Rebirth" é um álbum com mais alma, e os novos integrantes chegaram prontos para fazer história, cada um se destacando em seu posto, mesmo que as guitarras de Kiko Loureiro e Rafael Bittencourt ditem a maioria das regras. Complicado citar as melhores, temos momentos excelentes em todo o álbum, aquela sensação meio "Savatage" na faixa título, a complexidade muito natural da já citada "Unholy Wars", os momentos de teclados e violão de "Judgement Day"... Um grande álbum, senão um dos melhores da carreira da banda. A prova de que mudanças trazem desafios àqueles que tiverem inteligência e talento para se superar,  

 

quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

20 anos de Monumension do Enslaved!


Este é um dos álbuns em que mais tive dificuldade em começar a resenhar. Começando pela arte da capa, que parece simples, mas contém vários elementos embutidos, e sentindo falta do logo clássico. E mesmo que a clareza não seja sua maior qualidade, é uma bela arte. Mas e o som? Longe de ainda ser o clássico e indecifrável black metal norueguês, Monumension se inicia com "Convoys To Nothingness", uma das músicas mais estranhas que você ouvirá na vida. As mudanças de andamentos, ritmos e melodias é tão abrupta e repentina que a sensação é de estar num carrinho de trem fantasma dentro do labirinto de Fauno numa velocidade não permitida. Os vocais de Grutle Kjellson de início caminham pela escuridão a que estamos acostumados, mas o instrumental parece uma jam frenética. O primeiro sentimento é de desorientação e uma certeza de que será a última audição do opus. Quando entra "The Voices" esta certeza vai ganhando força e você já não sabe porque ainda não apertou o stop e venceu a tentação de colocar Frost no lugar. E quando rola "Vision: Sphere of the Elements" você já descobriu que quer ouvir o álbum até o fim. Sim, em meio ao borrão de piche ainda se encontra muitas flores e o jardim das trevas poderia ser aquele rodeando a torre negra perseguida pelo pistoleiro e Vision... em especial, é uma faixa bem interessante, assim como outras como "The Cromlech Gate", "Enemy I" e a quase tradicional "Smirr". Os vocais limpos acabam sendo um aperitivo bem vindo e a faixa bônus "Sigmundskvadet" uma canção viking sensacional. Imaginei que não voltaria a ouvir este trabalho após a resenha, mas já voltei a algumas músicas enquanto termino. Como é louco e caótico o nosso mundo.

 

domingo, 5 de dezembro de 2021

20 anos de At The Gates of Utopia do Stormlord!!!

 


O Stormlord de Roma, na Itália, continua percorrendo os caminhos do underground e acredito que exclusivamente por ter nascido em um país de quase nenhuma expressão no metal extremo, salvo alguns exemplos, porque se dependesse apenas do som excepcional que praticam, com certeza teriam cruzado oceanos conquistando o mundo. Em "At The Gates of Utopia", seu segundo trabalho, os italianos seguem o mesmo caminho de "Supreme Art of War", com um black metal rápido e épico, com temática bélica e muitos teclados acompanhando riffs ora cavalgados, ora beirando a antiga escola do thrash alemão. A diferença é que este play está melhor produzido dando um pouco mais de força nas guitarras de Pierangelo Giglioni. Um segundo guitarrista foi adicionado ao grupo pouco depois, Giampaolo Caprino, e o vídeo clipe nojento para a ótima "I Am Legend" foi produzido com ele no line up. O vocalista Cristiano Borchi se soltou bem mais neste play, além de melhorar a performance nos vocais que não são os tradicionais rasgados. A cozinha continua sendo preparada por David Folchitto na bateria e Francesco Bucci no baixo, e para os teclados foi recrutado desta feita Simone Scazzocchio, que continuou a proposta inicial de acompanhar o instrumental sem destoar da pancadaria. O álbum em um todo é melhor que o debut, porém é mais homogênio, o que torna o debut um clássico com músicas que têm vida própria. "At The Gates of Utopia" tem no peso da guitarra quase death metal de músicas como "A Sight Inwards", "I Am Legend" e a poderosa "The Curse of Medusa" um diferencial que alegra os batedores de cabeça. A versão mexicana do álbum, pela Scarecrow Records, traz 2 covers, um para "Baphomet" do Death SS e outra ao vivo para "Creeping Death" do Metallica, mostrando que o lado thrash presente no instrumental da banda não é por acaso.

domingo, 28 de novembro de 2021

20 anos de M-16 do Sodom!

 


O poderoso trio alemão que havia criado "Code Red" dois anos antes retornava ao mercado com uma obra seminal chamada M-16. Neste álbum, que leva o nome do rifle que o exército americano adotou principalmente na guerra do Vietnã, Tom Angelripper explora todo seu entusiasmo bélico, ao lado do baterista Konrad Bobby e do guitarrista Bernemann, a começar pela bela capa criada por Axel Hermann (conhecido por trabalhar com inúmeras bandas como Unleashed e Asphyx), com um soldado carregando um M-16 e um colega morto em meio a um ambiente com helicópteros de guerra e muita fumaça e fogo. As músicas são um deleite para apreciadores do thrash metal germânico, agressivo, sem firulas, porém muito trabalhado e bem executado. O peso está gritante em faixas como "Genocide", com um som vivo da caixa de bateria, riffs certeiros e aquele vocal rouco de Tom sempre carregado de ódio. O álbum não é tão acelerado como em trabalhos anteriores, e nem melódico como outros posteriores, então o Sodom encontrou aqui um mezzo termo muito interessante para sua música. Qualquer uma das 12 músicas são um convite a aumentar o volume do play e chacoalhar o cérebro. Produzido por Harris Johns, que fez um excelente trabalho, além de tocar guitarra na faixa "Surfin' Bird", ele sempre dá uma palhinha em estúdio para as bandas com quem trabalha, seja na guitarra ou nos vocais. Difícil citar destaques em uma obra como esta, que para mim é o melhor trabalho do Sodom nos últimos 20 anos, mesmo tendo "In War and Pieces" e "Decision Day" entre eles, mas podemos destacar a faixa título, a já citada "Genocide", a aura maligna de "Marines", o instrumental destruidor de "Lead Injection" e a trinca de abertura, composta por "Among The Weirdcong", a grudenta "I Am The War" e uma das melhores músicas da carreira do Sodom, "Napalm In The Morning", com a fala clássica do filme "Apocalypse Now" de Francis Ford Coppola: "Eu adoro o cheiro de napalm pela manhã. Tem cheiro de vitória!". M-16 com certeza foi mais uma vitória na carreira do Sodom.

domingo, 21 de novembro de 2021

20 anos de Empiricism do Borknagar!!!

 


Em 2000 o Borknagar da Noruega havia gravado seu álbum de maior destaque até então, o ótimo "Quintessence", contando com I.C.S Vortex nos vocais e baixo, tendo ele recebido prêmio de melhor vocalista de metal do seu país com este trabalho. Mas a turma de Shagrath e Silenoz foi esperta o bastante para contratar Vortex quando montaram um dream team do black metal para gravar Puritanical Euphoric Misanthropia. Porém Oystein Garnes Brun, que não quis ficar para trás, tratou de levar para a frente de sua banda um vocalista muito talentoso e já conhecido da cena mundial, o grande Vintersorg, famoso no Otyg e na banda que levava seu nome. Apresentando a mesma versatilidade que seu antecessor, no sentido de cantar rasgado e limpo, Vintersorg caiu como uma luva para o som do Borknagar, para forjar um excelente trabalho. "Empiricism" mistura com classe elementos do black metal com Folk e música progressiva, levando o ouvinte a diferentes estados de espírito no decorrer de seus 50 minutos. Mesmo sendo um músico com talento para vários instrumentos (guitarra, baixo, teclado), no Borknagar Vintersorg não assumiu o baixo, e a banda levou também o gabaritado Tyr, que já tocara em turnês com Emperor e Satyricon. O álbum é bem homogênio, com exceção de "Matter & Motion" que destoa um pouco com sua primeira metade apenas num arranjo de teclados de Lars Nedland, que é um ótimo músico, mas esta sonoridade me soa estranha até hoje, mas eu admito que preciso abrir melhor minha mente para aquilo que carrega o termo "progressive" no nome. Apesar da homogeneidade podemos citar momentos de beleza extrema, como em "The Stellar Dome", com guitarras preciosas de Oystein e Ryland, além de vocais limpos excepcionais, sejam em destaque ou com vocais rasgados em dueto. "The Genuine Pulse" que abre o álbum e "Four Element Synchronicity" também devem ser destacadas, além da indispensável "Gods of My World", o maior destaque do trabalho e "The View of Everlast" com toda a sua melancolia. "Empiricism" completa 20 anos e ainda é um trabalho atual, tendo influenciado muitas bandas de progressive black que surgiram desde então, muitas delas sequer conseguindo se igualar ao  Borknagar. 

quinta-feira, 18 de novembro de 2021

20 anos de The Grave Digger do Grave Digger!!!


Uma saída recente do guitarrista Uwe Lulis, e após um clássico excepcional chamado "Excalibur". Este era o cenário em 2001 para os alemães do Grave Digger e sinônimo de dor de cabeça. Mas podemos chamar o álbum The Grave Digger de superação. Eles simplesmente deixaram de lado toda aquela pompa das fábulas de batalhas e Rei Arthur e mergulharam no Heavy Metal puro e direto com Edgar Allan Poe de pano de fundo. E o novo guitarrista Manni Schmidt mostrou que você tinha todo direito de sentir saudades de Uwe, mas jamais abandonar a banda por sua causa. Temos uma sequência belíssima de canções para ouvir chacoalhando a cabeleira e uma caneca de cerva gelada. A capa com o coveiro em tons sombreados cinza e o fundo totalmente negro mostra que a banda queria mostrar seu lado obscuro e direto até no visual, mas você que está acostumado com as capas lindíssimas da banda, sempre com muitas cores e ilustrações fantásticas, não se decepcione, há alternativa da capa colorida, com o coveiro na mesma posição mas com o cemitério todo à mostra preenchendo o espaço. Destaques são sempre bem vindos, e "Scythe of Time" com seu ritmo mais arrastado e o som do baixo de Jens Becker comprimindo seu cérebro, é sensacional. Uma de minhas preferidas é a abertura com "Son of Evil", com seu refrão mais tenebroso em meio a um instrumental perfeito, além da indispensável faixa título com aqueles riffs pra deixar qualquer fã de metal tradicional com sorriso no rosto. O batera Stefan Arnold desce a mão em faixas como "Spirits of the Dead" e Chris Boltendahl, ahhh, Chris é a alma do Grave Digger e a banda não existiria sem ele. O tom de sua voz casa perfeitamente com o instrumental, até em momentos brandos como no início de "The House", outra música nota 10, com peso atingindo as mais altas constelações quando os riffs entram e uma beleza sobrenatural nas partes suaves com a ajuda do tecladista Katzenburg. Chris inclusive arrisca alguns agudos nesta música, relembrando os velhos tempos. The Grave Digger completa 20 anos sem envelhecer, sua beleza e poder transcenderam o tempo.

 

segunda-feira, 15 de novembro de 2021

20 anos de First Strike Still Deadly do Testament!!!

 


A produção dos dois primeiros álbuns do Testament é uma merda! Eis uma frase (para alguns, injusta) que justifica o lançamento de "First Strike Still Deadly" quase 15 anos após o debut. Mesmo com produções abaixo da média, os álbuns "The Lagacy" e "The New Order" estão recheados de clássicos que levaram o Testament ao nível mais alto do Thrash Metal mundial então, nada mais justo que algumas canções obrigatórias ganhassem versões que não te irritassem pelas guitarras agudas demais. Você pode dizer que estas músicas não precisavam ser regravadas mas a turma de Chuck não estragou nada, apenas deu uma nova roupagem (menos extrema e mais lenta eu concordo) ao Thrash visceral de outrora, mas possibilitou que você as ouvisse com mais sobriedade. E elas estão da forma que a banda as toca ao vivo por todos estes anos, então, ainda são muito honestas. Entre ouvir "Disciples of the Watch" no "The New Order", neste "First Strike..." ou no "Live in London" eu fico com a versão ao vivo que é destruidora e se aproxima mais da regravação. Enfim, um álbum controverso recheado de clássicos, (concordo que o início de "The Preacher" ficou horroroso aqui) que te dá a opção de ouvir somente o original, mas que também pode te fazer ouvir as duas versões (sendo que no caso do álbum resenhado você poderá colocar o som no máximo sem risco de não conseguir entender nada do que está sendo tocado). Impossível indicar destaques num "best of", mas neste caso, ouvir "Alone In The Dark" e "Reign Of Terror" cantadas pelo vocalista Steve "Zetro" Souza (Exodus e Hatriot) que integrou a banda quando ainda se chamava The Legacy, é um diferencial extraordinário.

domingo, 14 de novembro de 2021

20 anos de Down To Earth do Ozzy Osbourne!!!

 


Pode não ser o maior vocalista do heavy metal (para muitos é), mas com certeza se você pudesse escolher um ser humano que representasse o estilo, certamente seria Ozzy Osbourne. Então seus lançamentos, sejam abaixo ou acima da média, sempre serão esperados e lembrados. "Down To Earth" pode não estar no topo da lista dos trabalhos do Madman, mas não é material descartável como muitos (e ruins) críticos costumam classificar. É verdade que o trabalho soa um pouco moderno (para 2001), mas nada que pudesse ser chamado de Nu metal. Temos ótimos momentos do guitarrista Zakk Wylde, como nos solos aqui e ali e nos riffs, destacando "That I Never Had", a música que mais aproxima o álbum dos trabalhos anteriores, ou em "Gets Me Through", a melhor faixa com direito a vídeo clipe cheio de belas garotas e o morcegão digno de um filme de drácula. Sobre a letra desta música vale ressaltar a necessidade do "frontman" de escancarar que é uma pessoa normal ("não sou o tipo de pessoa que você pensa que sou - não sou o anticristo ou o homem de ferro"). Esta frase já é espetacular frente à imagem que ele criou como vocalista do Black Sabbath, mas ("eu gostaria de ter começado a andar antes de correr") talvez seja uma das melhores frases que um rock star pudesse dizer, porque o sucesso para Ozzy veio muito rápido, e tudo que ele trouxe junto talvez fosse um pouco pesado demais para o então garoto de 21 anos. Outra faixa a ganhar um vídeo foi a balada "Dreamer", cheio de garotinhas de negro e muita neve, mostrando que as produções visuais ainda estavam inve$tindo bem no morcegão e, claro, o álbum foi lançado pela major Epic. O time de Ozzy contou ainda com o baterista Mike Bordin e o baixista (com as madeixas lisas) Robert Trujillo. "Down To Earth" não foi responsável por nenhuma canção clássica a ser eternamente lembrada como "Perry Mason" ou "Mr. Crowley" mas não é aquele play pra deixar muito tempo cheio de poeira na prateleira.

terça-feira, 9 de novembro de 2021

Vamos de Overdose, criaturas!


 

Musica: Strangers in Our Own Land

Álbum: Addicted To Reality (1990)

Selo: Cogumelo Records

Estranhos em nossa própria terra.


Levantando nossas mãos

Dançamos para nossos deuses

E diz

Uma velha oração

Chorando mais uma vez

Ainda somos estranhos em nossa própria terra

Um dia

Você cruzou a água azul

Vindo de lugar nenhum

De terras distantes

Dizendo palavras tão estranhas para mim

Nós pensamos que vocês eram amigos

O homem branco veio

Nos trouxe dor

Com raiva em seus corações

Espalhando medo

Sangue e lágrimas

Rasgando nossas almas

Nós fugimos

Escondendo-se de suas grandes armas

Tentando escapar

Era tarde demais

Estávamos muito doentes e cansados

Quase morrendo

Homem branco mentiu

Meu povo chorou

Podíamos ouvir os sons mortais

Terras invadidas

Mãos gananciosas

Apodrecendo nosso solo sagrado

Hoje a mesma história ainda continua

Eles disseram que levariam nossas terras

Então está feito

Mas agora meu coração está enterrado em minha terra

Estou correndo pelas montanhas

Estou andando com o vento

segunda-feira, 8 de novembro de 2021

20 anos de Secret of The Runes do Therion!!!

 


Chegando a seu décimo álbum de estúdio, e aproveitando sua melhor fase com uma sequência de symphonic metal da melhor qualidade, a banda que ainda continua única naquilo que faz de melhor nos presenteou com mais uma pérola, chamada Secret of the Runes. Trazendo um tema oculto e místico sobre uma teoria paralela de significados aleatórios a respeito das runas, defendida por Uthark, o álbum novamente vem carregado de corais belíssimos, permeando o heavy tradicional dos músicos suecos. "Vovin" e "Deggial" continuam sendo meus preferidos da banda, mas Secret vem na sequência com sua aura nórdica. "Ginnungagap" é a abertura perfeita, com um peso no instrumental (estou falando dos instrumentos metálicos) que lembra o álbum Hammerheart dos conterrâneos do Bathory. Algo deve ser colocado sobre a mesa antes da partida para o campo de batalha. Este álbum não vai ser amado por você na primeira audição, ele não tem a característica de ser agradável com a simplicidade que guia os clássicos, mas se ouvido com perseverança, poderá se tornar seu escudo na guerra mais sangrenta. Tem um coral masculino nesta primeira faixa que lembra um canto gregoriano, algo que se repete na sequência "Midgard", porém sem a magia de um templo mas com um sentimento viking tão carregado que faz seus olhos marejarem. Ela vai te ensinar que nem só de passagens heavy o Therion vive, pois tem um apelo acústico e profundo, que também irá agradar os amantes do doom. O álbum segue numa mistura entre corais femininos e masculinos e andamentos lentos, apresentando momentos exuberantes como em "Muspelheim" que acelera inesperadamente ou  na opereta "Helheim" cantada em sueco, algo que deu ainda mais propriedade à canção. Se você gosta do Therion, e deixou passar batido este petardo que completa 20 anos, lembre-se: nunca é tarde demais enquanto se vive!

sábado, 6 de novembro de 2021

Entrevista com HeadHunter DC!!!

 



Carregando a bandeira do metal da morte desde 1987, a banda baiana HeadHunter DC hoje está no topo do death metal nacional em atividade. Com 5 full albuns e vários lançamentos durante tantos anos, o incansável Caçador de Cabeça persevera na brutalidade com humildade, força e qualidade inquestionável. Conversamos com o grande Sérgio Baloff, que você percebe nas respostas, continua empolgado e valoriza seu trabalho, com a simplicidade de um garoto começando no metal e a experiência de quem se tornou uma lenda em nosso meio, e falamos do início de carreira da banda, além das novidades. Com vocês: Mr. Baloff!

M&L – O Headhunter D.C. não pára. A maior pausa entre lançamentos foi entre Punishment At Dawn e ...And The Sky Turns To Black…. E agora saiu a coletânea A Hail To The Ancient Ones... Podemos dizer que é um tributo da banda a seus ídolos?



Baloff - 666 saudações deathmetálicas a todos!!! Sim, com certeza o é! Nós já temos um 'know how' em participações em álbuns-tributo desde 1996 quando fizemos parte do antológico "Omnisciens - Tributo ao Dorsal Atlântica", mas ainda antes disso a banda já prestava homenagens a algumas grandes e inegáveis influências e fontes de inspiração para a nossa música e nossa história, tocando covers dessas bandas em nossas apresentações ao vivo. Lembro que por volta de 87 a banda tocava "Blasphemer" do Sodom e em 89 chegaram a tocar "Children of the Grave" do Black Sabbath, ambas ainda com o primeiro vocalista Eduardo "Falsão". Depois, já comigo nos vocais, costumávamos tocar outra do Sodom, "Sodomy and Lust", "Deceiver" do Napalm Death, isso ainda no início dos 90s, depois "Buried Alive" do Venom, Call from the Grave" do Bathory em meados daquela década, "Zombie Ritual" do Death a partir de 2004 e mais recentemente "The Exorcist" e "Burning in Hell" do Possessed e "Seven Gates of Hell" do Venom, essas sendo as que me vieram à mente no momento, então como podem ver já temos um histórico de tocar covers que vem dos primórdios da banda. Alguns deles estavam planejados para serem incluídos na coletânea através de gravações ao vivo e de ensaios que tenho em meus arquivos, mas isso infelizmente não foi possível porque o tempo total do tracklist passou do limite da mídia do CD, que é de 80 minutos, então tivemos que limitar a compilação em 14 músicas, caso contrário teria que ser um lançamento duplo e assim encarecer o seu valor final de venda. De qualquer forma, fiquei bem satisfeito com o resultado final de "A Hail to the Ancient Ones…", o qual se trata de uma grande oportunidade de se ter todos os covers gravados em estúdio pela banda reunidos em um único lançamento. Um verdadeiro brinde aos Antigos que foram (e continuam sendo) tão importantes para nós enquanto banda e para nossa própria formação como metalheads. Últimas cópias disponíveis através da banda!

M&L – Temos algumas versões bem antigas, como Álcool da Dorsal. Claro que algumas formações diferentes gravaram todas estas versões, mas quais são as versões favoritas neste álbum e por quê?


Baloff - Difícil citar essa ou aquela versão como favoritas, cara, pois cada uma delas representa uma formação, uma era, um momento diferente na história da banda, então apesar de se tratarem de covers e não músicas próprias, tem muito de diferentes pessoas que já passaram pela banda em cada uma delas. A do Dorsal, como já foi citada, realmente tem uma representação especial por ter sido nossa primeira participação em tributos, por ter sido gravada totalmente ao vivo em estúdio, por ter sido para o primeiro álbum tributo a uma banda de Metal brasileira, além da verdadeira história alcoólica que cerca sua gravação - confiram nos 'liner notes' no booklet do CD! Outras versões que gosto muito por diferentes (e não menos importantes) aspectos são as que fizemos para músicas do Mortem, Necrovore, Sanctifier, ThrashMassacre (2 tracks!), Possessed, Black Sabbath (pelo desafio de se fazer uma versão deathmetalizada para um clássico do Heavy Metal - assim como a do Maiden), Bathory e por aí vai. Se eu continuar falando acabarei citando todas as 14 versões aqui, hahahaha!!!


M&L – Apesar de a banda estar sempre ocupada, já fazem 9 anos deste o último álbum de inéditas, o excelente ...In Unholy Mourning... Há previsão para um próximo full?


Baloff - Pois é cara, dessa vez a maldição dos hiatos entre álbuns alcançará o seu maior patamar de 10


anos, mas tenham certeza de que todas esses atrasos independem totalmente de nossa vontade e não condizem aos nossos planos de entrarmos em estúdio para registrarmos nossas músicas mais atuais. É claro que, como costumo dizer, sempre precisamos de um tempo especial para termos a inspiração certa, afinal de contas não fazemos música efêmera ou sazonal, mas a verdade é que diferentes fatores têm nos levado a espaços cada vez maiores de tempo entre um álbum e outro e sei como esses longos hiatos atingem o fã e admirador da banda, que mal podem esperar por um novo lançamento de inéditas. Lembro de quando o Immolation demorou 5 anos para lançar o "Here in After" ou como o Sadistic Intent demora até hoje pra lançar seu tão longamente aguardado début full length "The Second Coming… of Darkness", e eu como fã de ambas ficava e fico tentando conter a ansiedade… De qualquer forma, já temos o próximo álbum 100% escrito já há algum tempo, mas infelizmente veio a pandemia para atrasar ainda mais o que já estava atrasado e mais recentemente as 3 (três!) mudanças de formação de 2017 pra cá que nos forçou a voltarmos ao processo de passar as novas músicas aos novos integrantes, mas temos trabalhado duro pra cumprir essa etapa da melhor e mais prazerosa forma possível e assim estarmos finalmente prontos pra entrarmos em estúdio e darmos vida em forma de morte total ao nosso novo álbum. A idéia é gravarmos no início de 2022 e termos o álbum lançado ainda no primeiro semestre ou no início do segundo. Aguardem!

M&L – São 30 anos do lançamento de Born...Suffer...Die. Você esperava chegar aos dias de hoje com o Headhunter D.C. quando gravou o primeiro álbum?



Baloff - É difícil dizer hoje se eu imaginava que chegaríamos tão longe quando gravamos o "BSD", mas tendo em vista todos os meus esforços e dedicação voltados ao Headhunter D.C. durante esses quase 35 anos seria no mínimo justo que fôssemos lembrados como uma banda referência em Death Metal no Brasil, mesmo que não existíssemos mais - e nem estou falando em talento e qualidade musical aqui, mas de um legado de resistência e fidelidade ao gênero de Metal que um dia escolhemos tocar e defender. Felizmente toda a história conquistada pela banda ao longo de tantos anos e com tantas pedras no caminho se mostra hoje pelo respeito e reconhecimento dos fãs, a quem todos esses esforços sempre foram voltados, e por tudo o que a banda representa para todo um cenário de Metal da Morte no Brasil, na América do Sul e no mundo subterrâneo. Ainda falando sobre nosso début, vê-lo ainda sendo uma referência em termos de Death Metal no Brasil após 30 anos é motivo de muito orgulho para mim!

M&L – Por falar no debut, tivemos uma edição comemorativa de 25 anos com DVD que ficou linda. Já pensaram em uma edição de 30 anos? Ficaria perfeita com o logo atual da banda, que é um dos logos mais belos do metal.


Baloff - Obrigado pelos elogios ao nosso logo! Perceba que o mesmo vem evoluindo em sua concepção desde 1993 quando o fiz já nesse formato para o "Punishment At Dawn". De lá pra cá ele veio sendo desenvolvido em seu estilo, ganhou nova perspectiva e aparece como é hoje. Sim, eu tenho esperado por algo especial para uma edição de 30 anos do "Born...Suffer...Die" para 2021, principalmente por um novo lançamento em vinil, seja ele em picture ou não, mas a verdade é que até agora a Cogunelo não se manifestou sobre uma nova edição comemorativa do álbum, seja ela qual for. Apesar do ano já estar chegando ao seu fim, vamos esperar um pouco mais e ver o que acontece.


M&L – A banda trabalhou com a Cogumelo no início de carreira e viveu um tempo da cena mineira bem de perto. É verdade que vocês moraram em Belo Horizonte entre 91 e 93?


Baloff - A primeira vez que pisamos em BH foi em 91, quando ficamos na capital mineira entre 10 e 15


dias para gravamos o primeiro álbum, mas foi em 93, ano da gravação de "Punishment At Dawn", que resolvemos passar uma temporada maior e acabamos morando por quase 1 ano por lá. Temos uma história de profundo respeito e admiração pela cena mineira, pois a acompanhamos desde os seus primórdios e sempre tivemos contatos com suas bandas, desde as mais conhecidas até as mais obscuras, e esse tempo que moramos em Belo Horizonte só estreitou ainda mais esse elo. Eu fazia parte do fã clube do Overdose entre 85 e 86, recebia os newsletters pelo correio e peguei o split com o Sepultura com a banda assim que saiu. Também tinha contato por carta com o Magela, que era o empresário do Sarcófago, na época da Warfare Noise 1 e tal, então daí começaram os meus laços com o Metal mineiro, portanto fazer parte desse cenário tão de perto e fazer parte do cast da gravadora que fez tudo aquilo acontecer numa proporção maior também é um grande orgulho e muita honra para nós.


M&L – Algumas bandas de BH já estavam gravando seu segundo ou terceiro álbum quando vocês chegaram. Como foi a recepção ao Headhunter em BH, pelas bandas e pelo público?


Baloff - A melhor possível! Nos sentíamos em casa e assim continua sendo sempre que estamos no berço do Death Metal brasileiro. Estávamos em contato direto com as principais bandas de BH, como Chakal, Overdose, SexTrash, Impurity, Atack Epiléptico, The Mist, Lou Cyfer e outras que ainda estavam começando, como Lustful, Pathologic Noise, Aberration, Sanatório, Insurrection, Divine Death entre outras apenas para citar algumas, e tínhamos todas essas bandas e seus membros como grandes aliados, assim como todos os maníacos e maníacas com os quais tínhamos contato e que ajudaram a nos fazer sentir como se estivéssemos na própria Salvador. Nosso show no antológico Metal BH 3 com Chakal, Holocausto e Calvary Death foi um grande exemplo do quão fudida foi a receptividade do público mineiro para o Headhunter D.C.. Quem estava lá sabe do que estou falando! Enfim, são tantas histórias daquele período que um dia escreverei um livro a respeito em algum lugar do futuro… (risos)


M&L – Punishment At Dawn é um dos maiores álbuns da história do death metal. Em 93 ouvi uma entrevista de vocês para o programa Headbanger Attack apresentado pelo Laranja do Chakal, e vocês disseram que buscavam uma sonoridade do death europeu neste play. Quais eram estas influências?



Baloff - Putz, bem lembrado esse programa do Laranja! Não lembro quem deu essa entrevista, se o Ualson, eu ou ambos, mas lembro muito bem do mesmo. Sim, para as então músicas novas que fariam parte do então novo álbum, estávamos altamente influenciados pelo que acontecia na Europa em termos de Death Metal àquele momento. Apesar da dificuldade que ainda existia em estarmos antenados em tempo real com o que rolava por lá naquele período, sempre tivemos bons contatos no exterior que nos deixavam sempre atualizados com as novidades que vinham do Velho Mundo. Naquela época, o Ualson tinha contato com todos os selos mais importantes do Metal Underground mundial, então sempre recebíamos lançamentos da Century Media, Peaceville, Nuclear Blast, Roadrunner, sem falar de nossos contatos com as próprias bandas através das quais adquiríamos seus materiais via trocas de fitas e LPs. Bandas como Morgoth, Entombed, Dismember, Unleashed, Merciless, Convulse, Carcass, Carnage, Pungent Stench já chamavam nossa atenção desde sua fase de demos e primeiros EPs e álbuns, e àquele momento eram bandas que estávamos ouvindo bastante e que inevitavelmente acabaram exercendo uma grande influência em nossas novas músicas, porém sem jamais esquecermos das tradicionais bandas americanas de Death Metal que nos influenciaram desde o início, como Possessed, Death, Morbid Angel e Immolation.


M&L – Baloff, essa pandemia veio para mudar geral muitas coisas. Na cena metal, o que você acha que mudará quando as coisas se normalizarem?


Baloff - Na verdade eu acho que muita coisa já vinha sendo mudada dentro da cena brasileira ainda antes da pandemia, entre essas coisas a queda definitiva das máscaras de muita gente que se escondia em pele de lobo, mas que se revelaram verdadeiros cordeiros de deu$ conforme foram se aproximando as eleições de 2018. Muitos outrora "mestres do Metal nacional", inquisidores da cena, "anti-uaite", pseudo-radicais e os então chamados formadores de opinião de internet passaram a mostrar suas verdadeiras faces e condutas cheias de conservadorismos, preconceitos e demais "valores" cri$tãos, contradizendo tudo aquilo que um dia falsamente pregaram para criar uma imagem de fodões. Posers! 100% gado


bozonarista apoiadores do fascismo e do "deu$ acima de tudo"! Sem salvação para esses aí, a não ser o reino dos céus como promete a cristandade hipócrita! Fora isso, eu realmente não sei como serão as coisas quando voltarmos à normalidade - se é que teremos uma novamente. Hoje vemos muita gente sentindo falta dos shows, shows esses que eles mesmos não iam quando rolavam vários. De qualquer forma, espero que todo esse pesadelo tenha servido para se criar uma consciência coletiva referente a diferentes aspectos, entre eles as próprias relações humanas, caso contrário teremos um mundo ainda pior fadado a um fim triste e catastrófico.


M&L – Uma honra gigantesca ter um dos maiores representantes do death metal nacional em nossa página, para comemorar 12 anos de amor ao metal. As palavras são suas!


Baloff - Foi um prazer responder às suas perguntas, e desde já agradeço pelo suporte e pelo espaço para espalharmos nossa palavra. Vida longa ao Metal e Loucuras e parabéns pelos 12 anos! Aguardem pelo nosso novo álbum e por um Headhunter D.C. ainda mais comprometido com a verdadeira essência do Death Metal! Espero ver todos na estrada em 2022, no jubileu profano de 35 anos do Headhunter Death Cult! Nós cavalgamos nas asas da resistência! Death Metal rules supreme! I.D.M.W.T.!!! 666


HEADHUNTER DEATH CULT Anno Pestilentia 2021:




*Sérgio "Nekrobaloff666" Borges:

Screams of Unsalvation & Rotten Death Prayers...

*Danilo "D. Morbidus" Coimbra:

Mass Death 666-String Guitar...

*Tony "T. Ungodly" Assis:

Pestilential 666-String Guitar...

*Stanley "Pandaemonic" Serravalle:

Low-end Fretless Damnation...

*Daniel "De La Muerte" Brandão:

Drumonster from Beyond...


Contatos do Culto da Morte:

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youtube.com/user/headhunterdc87

headhunterdeathcult@hotmail.com

terça-feira, 2 de novembro de 2021

20 anos de Supercharger do Machine Head!

 


O estrago que um álbum pode fazer na carreira de uma banda, muitas vezes demora anos para ser reparado. E geralmente o mais afetado de uma história destas é o álbum posterior, mesmo que ele tenha vindo ao mundo na melhor das intenções e com o objetivo de recolocar o trem de volta trilhos. Ouvindo Supercharger após o decepcionante "The Burning Red" (a menos que você ame New Metal), não dá para ter certeza que ele foi concebido com este motivo, já que em vários momentos mantém a pegada Hip Hop (White-Knuckle), o tom de narrador com protesto chorão (Crashing Around You), que ganhou um vídeo, ou o hardcore (Kick You When You're Down), a melhor influência alheia ao thrash metal (ou post thrash) que consagrou o grupo. "Only The Names" resgata o peso dos primeiros álbuns, mesmo que Flynn cante a maior parte de forma melódica. "American High" poderia ser uma música a se odiar, caso fosse apenas descrita, mas não é que ficou ótima? É que aquele som que os DJs de antigamente adoravam fazer girando o vinil pra frente e pra trás substituem as guitarras em vários momentos, mas esta heresia não conseguiu destruir a energia da música. Um grande destaque do álbum é "Deafening Silence", com boas melodias e interpretação impecável de Flynn e a porrada faixa título, uma das mais agressivas. Supercharger pode não significar a volta por cima, mas é com certeza uma tentativa e foi importante para a sequência do Machine Head. 

domingo, 31 de outubro de 2021

20 anos de Unholy March do Evil do EvilWar!!

 


Este opus excepcional da horda curitibana EvilWar está completando 20 anos de lançamento, mas já foi resenhado duas vezes em nossa página. A primeira, em 13 de julho de 2014 quando fizemos uma seleção com os melhores álbuns do metal nacional, e a outra, em 13 de dezembro de 2020 (13 de novo por pura coincidência?) quando fizemos o dezembro verde & amarelo, e falamos de 31 álbuns fantástico de nosso cenário, cada um num dia do mês. Agora Unholy March completa 20 anos e não é mais tão necessário descrever tudo sobre ele, mas deixaremos os links dos posts citados para quem tiver interesse. Vale ressaltar que para o Black Metal nacional, que já estava consolidado, este trabalho trouxe uma dimensão de qualidade impressionante, tanto na arte gráfica quanto no som, que traz características death metal incrustadas no metal negro. Fica o registro de uma obra que dificilmente voltará a ser relançada, porque a banda está inativa há (novamente) 13 anos!!! 

http://blast-metaleloucuras.blogspot.com/2014/07/unholy-march.html

http://blast-metaleloucuras.blogspot.com/2020/12/dezembro-verde-amarelo-10-unholy-march.html



sábado, 30 de outubro de 2021

Entrevista com Overdose!!!

 


O mundo dá voltas e mais voltas e poeticamente falando, isto é incrível. Ter a oportunidade de conversar com alguém que há quase 30 anos já era seu ídolo, tocando numa banda que você ama desde a primeira audição de Século XX num split emprestado por amigos, é mais que sonho realizado, é um dos ápices nesta jornada gratificante que se tornou o Metal e Loucuras. Overdose faz parte da gênese do metal nacional, e sua importância para a prosperidade desta cena está cravada nos pilares da existência do Heavy Metal. São dinossauros vivos em um país de terceiro mundo que não valoriza esta arte imortal que é o metal e isso já é digno de muito respeito. Cláudio, guitarrista fenomenal e pessoa sensacional, com seu jeito mineirês de ser, desceu do palco de um festival no estacionamento do Mineirão em 1997, quando tocaram junto de Megadeth, Queensrÿche e Whitesnake, e foi abordado por dois moleques que pediram autógrafo num pedaço de papel de pouco mais de 3 centímetros, que ele concedeu com um sorriso no rosto. Um destes moleques era eu, que jamais imaginava que estaria aqui hoje trocando palavras com este músico fenomenal. Um pouco da história do Overdose segue para vosso deleite, criaturas noturnas. Aproveitem, pois o mundo continua dando voltas!

M&L – Há mais ou menos 1 ano conheci uma pessoa, tratando de serviços profissionais e, conversa vai e conversa vem, quando ele soube que tenho um espaço do Heavy Metal em casa, ele disse que tinha o prazer de fazer parte do início do metal em Minas. Pensei que ele estava “viajando” mas se tratava de Rubão, o baterista de uma das primeiras formações do Overdose. O que vocês lembram desta época?

Cláudio - Rubão é um grande cara e foi muito importante no começo do OverDose em 1983. Foi uma época muito divertida, pois foi o nascimento do OverDose. Tudo era novo e nós éramos a primeira banda de Heavy Metal de BH. Os shows eram muito legais, e aos poucos fomos polarizando todos os fãs de Metal. Ensaiávamos na sala de estar da casa do Rubão e vários amigos começaram a ir aos nossos ensaios. Época de ouro, na qual o OverDose começava a se definir enquanto banda e a criar nome no espaço musical da cidade.


M&L – Há muitas lendas envolvendo Sepultura e Overdose nos primórdios, como aquela que diz que vocês convidaram o Sepultura para o split de 1985 e que os caras arranhavam o lado do Século XX do vinil quando iam apresentar o álbum aos gringos. Mas nunca ouvimos o Overdose depreciando a banda dos Cavalera por estas coisas. Elas realmente não passam de lendas ou o Overdose não se ressente delas porque sabe que teve sua oportunidade e espaço no exterior?

Cláudio - Não sei exatamente quais são as lendas, ou o que elas possam trazer de verdade. Essa história dos caras do Sepultura falarem para os amigos arranharem o lado do OverDose foi uma das que mais ouvi, não sei se é verdade ou não. Ainda somos amigos do Paulo e do Andreas, mas não tem como negar que esperávamos ter tido mais apoio do Sepultura em determinados momentos, principalmente quando estávamos no mercado mundial.

M&L – Na virada dos anos 80 para 90 tínhamos bandas do Brasil gravando em Belo Horizonte e procurando um contrato de lançamento com a Cogumelo. Por que Overdose lançou o ...Conscience... pela Heavy Discos (Dorsal, Azul Limão e outros)?

Cláudio - Fizemos uma reunião com os caras do Sepultura e fechamos um acordo no qual iríamos


pressionar a Cogumelo para aceitar algumas exigências no contrato para os próximos discos. Depois de um tempo, sem nenhuma comunicação prévia, ficamos sabendo que o Sepultura tinha assinado com a Cogumelo e já ia lançar seu próximo disco. A Cogumelo acabou negando a nossa proposta e ficamos sem gravadora. Tivemos que gravar o Conscience com o nosso próprio dinheiro e depois fizemos um acordo com a Heavy Discos para distribuir o álbum.

M&L – You’re Really Big! veio com capa futurística e com Nuclear Winter como carro chefe. Muitos fãs aguardam este relançamento. Fale deste álbum.


Cláudio - O Big é um dos álbuns que mais gosto do OverDose! Considero esse álbum como um dos precursores do Prog Metal, pois em 1989 ainda nem existia nada que fosse classificado nesse estilo. As guitarras são muito trabalhadas, com um virtuosismo que não existia na época no Brasil, foi inspiração para muitos guitarristas por aqui. O disco contou com a participação especial do Fábio Ribeiro, tecladista que depois integrou o Angra e o Shaman, entre várias outras bandas. Realmente está sendo um dos relançamentos mais esperados e está previsto para o começo do ano que vem.

M&L – E Addicted To Reality apresentou, além de um logo novo, um som um pouco mais pesado que os dois full anteriores. A receptividade deste álbum foi fundamental para o que viria nos álbuns posteriores?


Cláudio - Pelo contrário, pois a receptividade não foi tão boa na época, hoje em dia mais pessoas gostam dele do que quando foi lançado. O Addicted é um disco de transição entre o Prog Metal do Big e o Thrash do Circus, e acho que ficou mais marcado por isso do que pela qualidade de suas músicas e da originalidade da mistura. Acho que foi muito injustiçado, pois nosso antigo público achou ele muito pesado e a galera do Thrash achou muito leve. Pessoalmente, gosto muito do Addicted, pois acho as músicas muito boas, indiferentemente do rótulo.

M&L – Chegamos em 1992, com um dos melhores registros que o metal nacional já teve, o Circus of Death. Essa mudança de um som mais melódico para a agressividade do Thrash foi natural ou o Overdose resolveu sair do lugar comum e tentar algo diferente?

Cláudio - As duas coisas, de uma certa forma. Tivemos que sair da nossa zona de conforto, pois já tínhamos um estilo próprio de compor e tocar. Mas eu, o Bozó e o André estávamos ouvindo mais bandas de Thrash do que qualquer outra, a pesar de que nunca fomos radicais em nada. Só o Fernando relutou um pouco para aceitar a Sweet Reality, pois achou muito pesada. A partir daí, comecei a compor músicas mais na onda das bandas que estávamos curtindo: Metallica, Anthrax, Forbidden, Exodus, Pantera...

M&L – E por que Circus of Death foi relançado com aquela capa horrível tempos depois? (político com nariz de palhaço) “risos”. Imposição do mercado americano ou a banda queria fugir da imagem de crítica religiosa que a capa original passava?

Cláudio - Por um lado, realmente sofremos muitas críticas pela capa original, como se fosse uma falta


de respeito com Jesus Cristo. Mas a crítica religiosa é somente uma das que pretendemos fazer na capa, acabou ficando uma coisa meio chata ser taxado de satanista! (risos). Mas, o que foi decisivo foi a tentativa de criar um estilo mais próximo do Progress e do Scars, que já haviam sido lançados no exterior. Queríamos que fosse uma foto ao invés de desenho, mas também não gostamos do resultado, por isso o relançamento voltou a ter a capa original.

M&L – Progress of Decadence traz uma sacada no título e na imagem da capa, podendo ser lido como Decadence of Progress. A crítica social foi muito além neste trabalho, que também é um dos mais pesados da carreira. Nele o Bozó começou a tocar percussão, incorporando um pouco de ritmo brasileiro ao som.


Cláudio - A crítica social acompanha o OverDose desde os seus primórdios, mas realmente ficou mais ácida e menos poética nesse álbum. A saída do Fernando contribuiu pra isso. Antes o Fernando era o meu parceiro nas letras, e o Fernando é um puta escritor, muito bom nas rimas e nas poesias. Já o Sergio, que passa a ser o meu parceiro com a saída do Fernando, é mais pro Punk e Hardcore de New York. As minhas letras sempre foram políticas, mais descritivas do que realmente poéticas, então perdemos esse lado poético e ganhamos em críticas sociais. A percussão do Bozó surgiu das brincadeiras que o Bozó fazia nos ensaios desde os anos 80. Ele costumava fazer percussões brasileiras no surdo da bateria. Daí surgiu a ideia de acrescentarmos elementos percussivos no som da banda, queríamos fazer algo que fosse realmente novo dentro do Metal. Logo após o Circus, ainda em 92, já tocávamos Street Law nos shows. Como todos gostaram da ideia, outras músicas com percussão foram surgindo.

M&L – Em 1995 o Overdose lançou Scars por um selo gringo, e só em 2018 este álbum foi lançado no Brasil. Acha que isso fez com que o público tivesse um conhecimento menor deste play? Nele Bozó até criou um dialeto novo que ficou sensacional.

Cláudio - Acho sim, não só por não ter saído no Brasil, mas também porque não teve apoio da


gravadora na divulgação e investimento em geral. Quando o Scars foi lançado, a diretoria da nossa gravadora tinha acabado de ser trocada. O presidente que foi embora foi o A&R que contratou o OverDose, mas o novo presidente contratou o My Dying Bride. Nesse momento deixamos de ser a atenção da gravadora, pois todos os investimentos estavam voltados para a nova banda. O Scars é um disco que não foi trabalhado pela gravadora, considero o mais injustiçado do OverDose!

M&L – A banda encerrou atividades por volta de 1997 e ficou quase 20 anos fora de cena. Os fãs imploravam por um retorno e ele veio. Uma das primeiras apresentações foi aquela ao lado do Mineirão promovida pelo Bloco dos Camisas Pretas. Confesso que a única vez que chorei num show foi naquele dia ouvindo Anjos do Apocalipse, algo que pensei que nunca aconteceria de ouvir. O que significou pra vocês aquela apresentação?

Cláudio - Que doido o lance da Anjos, muito massa saber isso! O Bloco dos Camisas Pretas foi muito foda, mais de 20 mil pessoas, foi emocionante demais!!! A sensação de estar de novo no palco é muito foda, tinha muitos anos que eu não tocava! Foi muito massa ver a galera cantando as músicas do OverDose, principalmente a meninada! É muito gratificante ver que o som da banda sobrevive há décadas!

M&L – Tiago Vitek foi anunciado recentemente como novo baterista e já está ensaiando. Há planos de voltar aos palcos assim que vencermos esta pandemia?

Cláudio - Há sim, estamos ansiosos pra voltar aos palcos!!! E aproveitem, pois eu e o Bozó somos dois velhinhos de 55 com corpinho de 80!!! (risos) Daqui a pouco não vamos mais conseguir subir no palco, principalmente ele cantar! (risos).

M&L – A pergunta que não quer calar. Todos anseiam por um novo álbum do Overdose. Isso está nos planos?

Cláudio - Não temos planos de lançar um novo álbum, talvez um single com 2 músicas. Tenho duas músicas novas guardadas aqui, esperando o Sergio fazer letra pra elas. Também estou na torcida, vamos ver se a gente consegue engatilhar pelo menos essas 2 músicas novas!

M&L - O que vocês acham que vai mudar na cena metal e no mundo, em relação à pandemia que vivemos nos últimos dois anos?

Cláudio - Difícil prever quais serão as mudanças. Acho que uma maior interação entre os fãs e os músicos através das lives e redes sociais deve continuar. Ainda estou preocupado com o fim da pandemia, pois ainda há muita gente morrendo. Após a pandemia, a crise econômica me preocupa muito, pois a bomba sempre estoura para o lado dos mais fracos. Me preocupo muito com a miséria e a fome, que vêm aumentando muito nos últimos anos e cresceu muito com a pandemia. Em um mundo onde temos um incrível acúmulo de riquezas, a fome não pode ser aceita.

M&L – Uma honra ter o Overdose em nossa página, neste momento especial em que comemoramos 12 anos. O espaço é todo seu!

Cláudio - Eu gostaria de agradecer pela oportunidade, é um grande prazer participar dessa comemoração! Gostaria também de agradecer aos fãs de OverDose por quase 40 anos de reconhecimento e carinho. Continuamos na estrada por causa de vocês!!! Sigam o OverDose no Facebook e no Instagram e ouçam no Spotify, Deezer e outras plataformas. Se alguém se interessar pelos relançamentos do OverDose, pode me procurar no Facebook -"Claudio David", que tenho algumas cópias pra vender, ou procurar nas lojas especializadas. Os relançamentos são em digipack, com o CD completamente remasterizado, com DVD de shows de época e livreto com letras e fotos. Abraços para todos!!!