sábado, 1 de novembro de 2025

20 anos de Garbage Daze Re-Regurgitated do Exhumed!!!


Álbuns de covers costumam ser um terreno perigoso — e, sejamos sinceros, muitas vezes não passam de caça-níqueis. Já repeti isso mais de uma vez por aqui. Pode ser que a banda esteja há muito tempo sem lançar material inédito e queira apenas manter o nome em evidência; pode ser uma forma de homenagear suas influências ou ainda um exercício de estilo, tentando traduzir para seu próprio contexto aquilo que outros já fizeram de maneira completamente diferente. O fato é que esses discos existem — e, assim como os “ao vivo”, cabe ao fã decidir se vale ou não ga$tar com esse tipo de material, ainda mais hoje, quando a música está ao alcance de um clique.

No caso do Exhumed, norte-americano até o último fio de cabelo ensanguentado, o lançamento de Garbage Daze Re-Regurgitated em 2005 se enquadra nesse cenário — mas, merecendo ou não, merece figurar por aqui para celebrar seus 20 anos de existência.

Há aqui algumas escolhas realmente interessantes. A versão de “The Power Remains”, da banda inglesa Amebix, é uma delas — originalmente lançada em uma rara coletânea homônima de 1993, ganha aqui uma roupagem digna da sujeira que o Exhumed domina. Outro destaque é “Uniformed”, da também inglesa Unseen Terror, retirada do único full-length da banda, Human Error (1987). O resultado é brutal, fiel e totalmente a cara do Exhumed.

“No Quarter”, do Led Zeppelin, entrega logo de início que estamos fora do habitat natural da banda. Com guitarras quase psicodélicas e um baixo trovejante que parece ecoar eternamente no limbo, essa faixa surge como uma grata e curiosa surpresa na coletânea. No mesmo espírito de reinvenção está “Trapped Under Ice”, clássico meio cult do Metallica em Ride the Lightning (1984). Aqui, a faixa chega a se tornar irreconhecível em alguns trechos, mas o Exhumed consegue imprimir seu selo goregrind sem piedade.

Aliás, o próprio título do álbum — Garbage Daze Re-Regurgitated — é uma homenagem (ou uma paródia de mau gosto, dependendo do ponto de vista) ao EP Garage Days Re-Revisited, também de covers, lançado pelo Metallica em 1987.

Um dos melhores momentos fica por conta de “Pay to Die”, do Master, banda de Paul Speckmann. Um verdadeiro hino da podridão, praticamente impossível de ser estragado — e, felizmente, o Exhumed faz jus à sua essência.

Para quem prefere o grupo em uma pegada mais arrastada, vale conferir “The Ghoul”, do Pentagram, faixa do primeiro e auto-intitulado álbum da lendária banda de doom americana. É o tipo de escolha que, em tese, seria “mijar fora do pinico” — mas, curiosamente, o resultado acerta em cheio, com um solo de guitarra impecável coroando a homenagem.

Outro destaque fica com “In Fear We Kill”, do Epidemic norte-americano (há vários homônimos pelo mundo, inclusive três no Brasil). Os vocais de Matt Harvey brilham aqui, alternando entre rasgados e guturais com naturalidade impressionante. O mesmo vale para “Twisted Face”, do Sadus, que ainda traz de brinde um solo curto, mas perfeito.

No fim das contas, Garbage Daze Re-Regurgitated é um prato cheio para os fãs do Exhumed e, por extensão, para todos que apreciam o lado mais sujo, nojento e divertido do gore/grind. Não é um álbum essencial — mas é o tipo de banquete repulsivo que, uma vez servido, o fã do gênero não consegue recusar.


 

20 anos de Ghosts of Loss do Swallow The Sun!!!


Após presentear a cena com o debut The Morning Never Came — uma verdadeira obra-prima do death doom — os finlandeses do Swallow the Sun retornaram em 2005 com seu segundo trabalho, Ghosts of Loss. Desta vez, a banda reduziu um pouco o peso em relação ao álbum anterior, introduzindo mais melodia, mas ainda soando como o monstro raivoso que nasceu para ser — sem, contudo, se tornar ainda o grupo melódico que viria anos depois.

A abertura com “The Giant”, uma faixa de quase 12 minutos, já deixava claro que o Swallow the Sun não buscava nada de comercial. A proposta era atacar com unhas e dentes, entregando uma fúria genuína e envolvente. Os vocais de Mikko Kotamäki variam com maestria entre tons limpos, guturais profundos e rasgados surpreendentes, revelando uma versatilidade que se tornaria marca registrada da banda.

As guitarras de Juha Raivio e Markus Jämsen transitam entre o death metal técnico e o gótico, alternando riffs pesados com melodias arrastadas e dedilhados melancólicos. A música “Descending Winter” ilustra bem esse amálgama, evidenciando a principal diferença entre o debut e este segundo disco: uma diminuição da raiva onipresente e um aumento da aflição e do desespero, enquanto a letra anuncia a chegada de um inverno gélido e mortal.

“Psychopath’s Lair” é um dos momentos mais impactantes do álbum, evocando as bases secas e densas da escola My Dying Bride, com pequenos breakdowns que impulsionam nossas cabeças no movimento instintivo de todo headbanger. Essa faixa se aproxima bastante do primeiro álbum, com uma crueza e rispidez que remetem às origens da banda.

Depois dessas duas músicas mais diretas e menos arrastadas, o álbum mergulha em composições de tom mais melódico, com riffs longos e atmosferas quase beirando o funeral doom. O melhor exemplo é a bela “Forgive Her…”, uma canção que certamente agradará aos ouvidos mais exigentes.

“Fragile” começa com vocais limpos e belíssimos, mas, ao longo da execução, surgem riffs dissonantes que a fazem destoar do restante do trabalho — um contraste proposital que mostra o lado mais inquieto da banda. Já “Ghost of Laura Palmer”, arrastada e dominada pelos guturais, pode muito bem ter inspirado a capa sombria criada por Tuomo Lehtonen. O título, aliás, remete à icônica série Twin Peaks e à clássica pergunta: “Quem matou Laura Palmer?”

O álbum encerra-se com “Gloom, Beauty and Despair” — título que sintetiza perfeitamente a essência do Swallow the Sun — e “The Ship”, concluindo uma jornada densa e melancólica.

Com Ghosts of Loss, o Swallow the Sun consolidava-se definitivamente como um nome poderoso na cena mais sombria e moribunda do metal extremo.


 

20 anos de Transgression do Fear Factory!!!


O sétimo álbum de estúdio da banda americana Fear Factory começa com a faixa “540.000º Fahrenheit”, um título curioso que faz referência à temperatura no centro de uma explosão termonuclear — algo em torno de 300.000º C. A metáfora não poderia ser mais apropriada, já que acompanhar a formação do Fear Factory ao longo dos anos é, por si só, uma experiência explosiva. Para muitos fãs, a formação de Demanufacture continua sendo a definitiva.

Ainda assim, a banda havia se saído muito bem no ano anterior com Archetype, lançado sem o fundador Dino Cazares. Já em Transgression, o resultado não é tão sólido. Não que o álbum seja um fracasso — longe disso —, mas a aura agressiva característica do Fear Factory aparece apenas em alguns momentos, como se a banda estivesse à base de Rivotril.

A faixa de abertura já dá sinais disso: embora apresente uma base interessante, o excesso de vocais limpos faz o álbum perder parte de sua força. A sequência com a faixa-título, porém, funciona como um antídoto — é o Fear Factory retomando o vigor, com Burton C. Bell entregando aquilo que amamos: violência sonora e intensidade.

Bell, aliás, continua demonstrando sua habilidade em equilibrar agressividade e melodia, mas aqui o vocal limpo acaba predominando demais para uma banda de industrial thrash metal.

A trinca seguinte — “Spinal Compression”, “Contagion” e “Empty Vision” — mantém o álbum em um nível interessante. “Empty Vision”, em especial, traz uma veia melancólica bastante marcante na interpretação de Bell.

Entretanto, as quatro faixas seguintes soam como puro preenchimento. Ou talvez como uma tentativa de explorar influências mais progressivas. Difícil saber a intenção da banda — se buscar novos caminhos ou simplesmente se distanciar do rótulo “industrial”. O problema é que o resultado lembra aquele “feijão sem tempero”. Sempre foi comum o Fear Factory inserir uma faixa mais experimental em seus discos, mas quatro de uma vez? E sim, o cover do U2, “I Will Follow”, entra nessa conta.

Se o grupo tivesse mantido apenas “Echo of My Scream” como a balada emocional do álbum, e deixado de lado “Supernova”, “New Promise” e o próprio cover do U2, o disco soaria mais coeso. Ainda bem que o álbum se redime no final com “Millennium” (cover do Killing Joke) e a pesada e matadora “Moment of Impact”, que fecham Transgression com o peso e a fúria que esperamos do Fear Factory.

No balanço geral, Transgression tem mais acertos do que falhas e mantém a banda entre os grandes nomes do metal moderno — mesmo sem a mesma intensidade guitarrística de seus melhores momentos.


 

sábado, 25 de outubro de 2025

20 anos de Angel Whore do Desaster!!!


Hoje o Desaster da Alemanha é um grupo conhecido no cenário do metal extremo mundial, e isso talvez se deva ao fato de que, em 2005, eles lançaram seu 5º trabalho, pela gravadora Metal Blade, abrindo novos caminhos para a banda, que já mostrara muita qualidade em seus lançamentos anteriores, angariando vários adeptos no underground. Com uma arte de capa simples, de Chris Moyen, que já fez inúmeras artes, incluindo Incantation e Vital Remains, mas na sua maioria em singles e EPs, talvez a capa de Angel Whore seja sua arte mais conhecida. Após a intro "The Arrival" a aniquilação sonora se dá com "The Blessed Pestilence", talvez uma unanimidade quando falamos deste artefato. Ela já começa com um riff gelado e uma bateria puxando um headbanging. A forma descompromissada com que Sataniac berra a letra conclamando os horrores da peste negra medieval, nos dá uma ideia de uma banda crua e desgracenta, mas os riffs de guitarra somados a uma passagem em que o baixo aparece de forma clara, mostram que não é uma horda de submundo berrando maldições de forma pueril, mas um nome que chegou para ficar. O riff da faixa título é bem thrash, evocando primórdios de bandas como seus conterrâneos do Kreator, com um vocal mais gutural e uma interpretação incomum, mostrando que o vocalista não se acomodaria berrando sempre da mesma forma obscena. Ótima música! "Conqueror's Supremacy" é outra faixa excelente, já num esquema mais épico, com andamento mais mediano e vocalizações diferenciadas contendo até narrativa. Tem até música pra quem curte death metal, com "Nihilistic Overture" o Desaster aposta em bases old school, com peso e velocidade mediana, enquanto Sataniac manda guturais cavernosos. "Angel Whore" é um álbum essencialmente extremo, onde fãs de thrash, death e black irão se deleitar com uma banda que encontrava seu caminho de glória (ou danação) há 20 anos.

 

sábado, 18 de outubro de 2025

20 anos de The Inventor of Evil do Destruction!!!


O Destruction é, indiscutivelmente, uma das maiores forças do thrash metal mundial. Desde o início dos anos 80 até os dias atuais sempre foi assunto no mundo do metal, por seus lançamentos e principalmente por apresentações carregadas de energia, com seu líder Schmier (baixo e vocal) sendo uma das figuras mais carismáticas e metaleiras (se me permite o termo) da cena. "Inventor of Evil" é o seu 9º trabalho de estúdio, lançado em 2005 pela AFM Records. Após 2 álbuns icônicos, o sensacional "The Antichrist" e o plástico, mas ainda bom "Metal Discharge", "Inventor of Evil" finalmente trouxe de volta à sua capa o mascote Mad Butcher, com todo sangue e carniceria que lhe é peculiar. Produzido por Marc Reign e a banda e mixado por Peter Tägtgren, a sonoridade ficou melhor que o trabalho anterior, apesar de que o som meio digital que a banda empregou em seus álbuns daquele período e tentou fugir disso nos últimos anos, sempre me deixou um pouco chateado. Seria muito bom ouvir um álbum do Destruction com uma gravação analógica como nos anos 80. Enfim, o trabalho tenta se diversificar um pouco, mas acaba permanecendo um som típico dos caras. O início de "The Calm Before The Storm" e sua estrutura mais clássica é um diferencial bem planejado e ficou legal. Já a participação de 1 milhão de outros artistas na música "The Alliance of Hellhoundz" soou forçada e meio bagunçada. Talvez Tobias Sammet, que também é alemão, pudesse dar uma forcinha a Schmier sobre como colocar vários vocalistas em um projeto de forma organizada, hehe. Mas nesta faixa temos a participação ilustre de grandes nomes como o finado Paul Di'Anno, Biff Byford do Saxon, a rainha Doro Pesch, Shagrath do Dimmu Borgir (aehhh), Björn Strid do Soilwork, Messiah Marcolin do Candlemass, Mark Osegueda do Death Angel e Peavy do Rage. Uma de minhas músicas preferidas do álbum é "The Defiance Will Remain", com uma pegada elétrica e riffs rápidos. Outra bem legal é "Under Surveillance" com uma base mais quebrada bem thash e refrão forte. Mike Sifringer conservava seu pulso forte para palhetar as 6 cordas e Marc Reign em seu segundo álbum de estúdio mostrando que não era só no metal extremo que ele se destacava. 

 

20 anos de Chimaira do Chimaira!!!


A banda Chimaira, de Cleveland nos Estados Unidos, é comumente associada ao NWOAHM, uma versão americana dos anos 2000 em contrapartida à New Wave da Inglaterra dos anos 80. Com um álbum autointitulado em 2005, seu terceiro trabalho, o sexteto (?) abdicou de alguns elementos mais eletrônicos de seus 2 primeiros álbuns para ostentar uma vertente mais tradicional, apesar de ainda continuar soando como uma banda de groove/metalcore. Mas os fãs de Thrash Metal se surpreenderam com vários riffs extremamente encaixados na proposta post thrash, principalmente nos elementos encontrados em alguns capítulos de Machine Head e Lamb of God. Acostumado a trabalhos mais groove da banda, ao ouvir esta pancada, fiquei muito entusiasmado, pois até o momento este álbum é o mais próximo daquilo que eu realmente aprecio quando o assunto é agressividade e peso no groove. O groove por si só é um bolo que você aprecia no momento, mas ele te deixa empanzinado e pode causar vômitos. Já o groove com thrash é aquele bolo que você come e repete 2 pedaços antes de libertar um sonoro arroto de satisfação. As 2 músicas de abertura, "Nothing Remains" e "Save Ourselves" definem bem a magnitude deste trabalho. Mesmo que a estrutura destas músicas caminhem pelo metal mais gordo, volta e meia entra um riff old school (pero no mucho) para te fazer levantar da cadeira e olhar o que realmente está acontecendo. Os vocais de Mark Hunter também ajudam a curtir este som, na linha de Randy Blythe, porém caminhando na direção de Burton C. Bell, ex Fear Factory. As músicas são longas, passando em sua maioria de 5 minutos e as letras às vezes me parecem bem individuais, contando algumas situações de vida e família do vocalista, como em "Left for Dead". A arte da capa, criada por Garret Zunt, que também fez a anterior (branca e vermelha), agora se concentrou no preto e branco, e para ficar melhor eu colocaria o logo da banda maior e sobre as figuras. O baterista recrutado para este petardo foi Kevin Talley, que na época socava os kits da banda de death metal Dying Fetus, portanto, acostumado a groove e desgraceiras. Completam o time os guitarristas Rob Arnold e Matt DeVries, o baixista Jim LaMarca e o tecladista Chris Spicuzza. Outro grande momento no play fica com solos de guitarra. Ouça "Everything You Love" e comente sobre o solo.
 

domingo, 12 de outubro de 2025

20 anos de Doomsday Machine do Arch Enemy!!!


Se fizer um top 10 da discografia do Arch Enemy, "Doomsday Machine", sexto opus da banda sueca, ficará em terceiro. Isso é bem positivo em se tratando de gosto, mas se eu também disser que nenhum outro trabalho posterior superou este álbum, estamos quase alegando que "Doomsday" seja a última grande obra do Arch Enemy. Há um pouco de verdade nisso, mas é também real que houveram sim belos trabalhos desde então, mas nenhum me fisgou com a mesma intensidade que estes trabalhos da época em que Angela Gossow esteve à frente do microfone. Pode ser apenas gosto pessoal, mas...
Com uma intro carregada de melodia e um estrondoso gancho de guitarra, "Enter the Machine" chega causando ótima impressão. "Taking Back My Soul" cumpre bem seu papel de música inicial e pós intro, com as características esperadas de uma banda de melodic death no mainstream. Vocais rasgados, peso, melodia e uma trilha fácil de lembrar. "Nemesis" é a música de trabalho e merece tal posto, a melhor do álbum, mesmo que com o passar dos anos ela soe comercial, se é que podemos chamar death metal de comercial. Gosto muito de "My Apocalipse", são bases pouco convencionais, onde Michael Amott toca como nos tempos de Carcass, levando uma base sem muita lógica nem melodia bonitinha, apenas metal incomodando, e bem feito. Bom citar "I Am Legend/Out For Blood", uma faixa diferenciada, com Daniel Erlandsson soltando a mão (e os pés) na bateria, além de melodias de guitarras criativas e enriquecedoras, além de seu riff principal bem direto. A penúltima música do álbum, "Machtkampf" é bem enérgica, beirando o thrash, e o começo da bateria lembra demais aquele início de "Territory" do Sepultura. Já a derradeira "Slaves of Yesterday" é bem trabalhada, tem um riff bem pesado e palhetadas abafadas, mas as melodias inseridas são bem interessantes, e o solo de guitarra também é uma viagem. Bela faixa para te pedir um novo play de todo o petardo. "Doomsday Machine" não se perde repetindo os trabalhos anteriores, ele segue o mesmo molde de "Anthems of Rebellion", mas não tem o mesmo brilho. Ele também não soa repetitivo, cada faixa tem mais ou menos criatividade que as outras, mas as suas particularidades não deixam o som enfadonho. Certamente foi um álbum pensado para grandes arenas.

 

20 anos de Harzadous Mutation do Municipal Waste!!!


Agora sim a banda americana Municipal Waste teve seu merecido suporte para um crescimento na cena de thrash - crossover. Seu segundo play, "Hazardous Mutation", de 2005, foi lançado pela grande Earache. Com uma arte de capa bem bacana, a cargo de Ed Repka, aquele caminhão carregado de gente legal numa metrópole apocalíptica, e cores vivas como o artista gosta, o play ganhou mais minutagem, dos 17 do debut, pularam para pouco mais de 26 minutos de metal agressivo e rápido. Se você ama crossover, hardcore e thrash em sua veia mais speed, "Hazardous Mutation" é um banquete. E músicas como "Blood Drive" ainda tem tempo para riffs menos acelerados e solo de guitarra e tudo, mesmo com pouco mais de 1 minuto de duração. Com uma nova cozinha (Dave White na bateria e Land Phil no baixo) a banda se manteve com Tony Foresta nos vocais e Ryan Waste na guitarra. Impossível não lembrar de bandas de hardcore de Nova York ao ouvir uma música como "Guilty of Being Tight" e aquela energia que vem das ruas e guetos repletos de gangues barras pesadas. Curto uma pancadaria desenfreada, mas é tão legal quando acrescentam uma melodia diferente como em "Nailed Casket". São as músicas mais lembradas durante as próximas audições. E a punk "Black Ice" com seus 23 segundos serve para você apresentar a banda a seu amigo desavisado. Ele vai amar ou odiar o Municipal para sempre e é sempre bom separar o joio do trigo. O fato de se repetir na maioria das músicas (estou falando de fórmula e não do mesmo som) pode cansar um pouco quem não conhece, mas é bom que saibam, além da duração do CD ajudar neste quesito. A música "The Thrashing of Christ" tem aquele riff cavalgado, com uma pitada de groove, e ficou muito legal. Indicamos essa pancada para quem quiser se divertir sem constrangimentos.

 

sábado, 11 de outubro de 2025

20 anos de Frozen in Time do Obituary!!!


Obituary, minha banda favorita de death metal, estava a 8 anos sem lançar um álbum. Após especulações do término da banda após "World Demise" de 1994 eles retornaram 3 anos depois com "Back From the Dead" e mesmo sem mais rumores 8 anos foi um tempo difícil de esperar sem especular mais uma pausa. Só que a espera acabou dia 18 de julho de 2005 com "Frozen in Time". O cenário da capa traz o esqueleto de aparentemente um dragão, em um local deserto e aterrador, como já havíamos visto nas capas de "The End Complete" e da coletânea "Anthology", mais uma arte fenomenal do mago dos desenhos do metal da morte, power metal e outros, Andreas Marschall. Lançado pela Roadrunner, e com apenas 34 minutos de duração, um tempo muito curto para a era de CDs, o trabalho não trouxe muitas novidades musicais. É o velho Bitu com seu slow death cativante e regido com maestria por um dos melhores vocais de death metal do planeta. A pancadaria começa com uma instrumental icônica, apesar do nome esquisito, "Redneck Stomp" é de encher os olhos com aquele peso descomunal e muito groove remetendo aos tempos de "Cause of Death" e "The End Complete". Mesmo sendo longa (3:30) vale a pena pra começar o caos. Tudo bem que as demais faixas não carregam nenhuma necessidade especial em ser diferente, a banda já usou isso nos 2 álbuns anteriores. São riffs até bem parecidos entre si, e algumas faixas têm apenas um riff em seu ouvido do início ao fim, mas carácolas, é Obituary em sua essência, não tem que ter nenhuma fórmula mágica de divindade celestial, basta provocar um movimento retilíneo uniforme de cabeças para frente e para trás. "On the Floor" parece tirada dos anos 90, alternando partes lentas e aceleradas. Allen West e Trevor Peres continuam esmagando tudo com suas 6 cordas. "Insane" foi o primeiro vídeo clipe que vi deste play, então foi o cartão postal do álbum e cumpriu seu papel, mesmo sendo bem retona, dando uma floreada no pós solo. A velocidade de "Lockjaw" é bem interessante, se você se cansar rápido do som arrastado. Não chega perto de ser um álbum icônico do Obituary, mas caminha no solo arrastado com segurança e não deixa o deserto para respirar outros ares insalubres.

 

sábado, 27 de setembro de 2025

20 anos de Supreme Black Victory do Perpetual Dusk!!!


A horda Perpetual Dusk teve uma vida curta. Oriunda de Belo Horizonte, Minas Gerais, a banda durou apenas 7 anos, de 2000 a 2007, e parece que ficou satisfeita em realizar o sonho de lançar um álbum completo, finalizando atividades pouco depois. O trabalho em questão é este "Supreme Black Victory", de 2005, lançado pela Cogumelo Records. A linha de black sinfônico não era uma tendência muito comum nas terras de Sarcófago e Sepultura, muito menos no catálogo da Cogumelo, mas o Perpetual conseguiu romper uma barreira, e com muita personalidade, diga-se de passagem. Com uma arte de capa cheia de detalhes, desenhada por Carina Alok, guitarrista do Agaurez e tatuadora, e produzido por Marcos Amorim, guitarrista do Drowned, o álbum tem seus instrumentos muito distintos numa produção cristalina. Os teclados de Renata Brandi são um grande destaque. Eles permeiam todas as músicas em camadas envolventes e de belas passagens. A bateria de Victor Bergamaschi tem quase sempre batidas rápidas, mas também acompanha os momentos mais melódicos e sinistros. As guitarras de Rafael Tamietti e Christian Leonhardt ficam sempre em segundo plano. Elas não possuem aquele peso característico da música sobre o palco, mas ficam entre riffs e aquele som de abelhinha (não gosto da expressão mas não há outro bom sinônimo disponível). Alguns solos são bem inspirados, como em "Unhallowed on My Lips", música que também apresenta vocais limpos, não muito constantes no petardo. O vocalista e também baixista é Arthur Bergamaschi, que tem os vocais rasgados. O baixo pode ser ouvido em passagens mais atmosféricas, como em "Promised Key to the Unholy Gates of Evil", música conhecida da demo de 2003 e uma das melhores do álbum. Uma pena o Perpetual Dusk ter se dissolvido tão cedo, seria interessante ouvir a progressão sonora deste artefato. Fãs do submundo metálico, o álbum ainda pode ser encontrado para aquisição e vale à pena. 

 

sábado, 30 de agosto de 2025

20 anos de In Memory of the Old Spirits do Helllight!!!


Formado na capital paulista em 1996, o Helllight surgiu de forma arrastada nos porões do underground. Após lançar a demo "Fear No Evil" em 1998, viveu um hiato até que conseguiu gravar seu primeiro opus, este "In Memory of the Old Spirits" em 2005, de forma independente, e 9 anos após sua formação. Parece que os selos não estavam prontos para o funeral doom nacional, mas o Helllight estava. O trabalho tem quase 80 minutos condensados em 8 músicas de puro sofrimento. Gravado por Rafael Sade nos teclados, Luis Comitre no baixo, Robson Silva na bateria e Fábio de Paula, vocal e guitarra e único remanescente de outrora, apenas uma canção da demo foi aproveitada, a faixa "Alone". Com os teclados um pouco exagerados, preenchendo muitos espaços em que as guitarras deveriam se sobressair, um detalhe que seria melhor pensado em lançamentos futuros. Mesmo assim, algumas passagens acústicas são extremamente bonitas, como na segunda metade de "Fear No Evil", música que leva o nome da demo de estreia, quando o peso se dissipa e entra uma melodia de teclado acompanhada por um solo sensacional de guitarra até os segundos finais da faixa. Outra característica latente no som do Helllight são os vocais limpos. Neste debut, eles disputam meio a meio em quantidade com os vocais guturais, apresentando uma atmosfera degradante e humanamente sentimental. Uma de minhas faixas favoritas é "The Lord of Shadows". Com mais de 12 minutos ela não soa cansativa, e alterna melodias sufocantes e tristes e uma dosagem perfeita do instrumental, onde você ouve o baixo em meio às guitarras e teclados de forma natural. Outra faixa que chama muita atenção é "Winter's Theatre", com uma melodia de guitarra que poderia estar em um álbum recente do Iron Maiden, mostrando o quanto progressivo o Helllight poderia soar. E o mais legal de tudo isso? Presenciar a imersão de mais um representante do underground nacional e acreditar que nosso metal não tem barreiras, quando falamos de seus subgêneros. "In Memory of the Old Spirits" na realidade trouxe novos espíritos para nosso dia a dia metálico.
 

domingo, 24 de agosto de 2025

20 anos de A Volúpia Infernal do Luxúria de Lillith!!!


Luxúria de Lillith, projeto solo do multi-instrumentista Alysson Drakkar criado em 1998 na cidade de Goiânia em Goiás, nasceu com o intuito de proliferar um black metal sinfônico com temas de ocultismo e vampirismo. Após várias demos, singles, coletânea e até álbum ao vivo, em 2005 o Luxúria gravaria seu primeiro full álbum, sob a alcunha de "A Volúpia Infernal". O trabalho foi idealizado pelo pequeno selo Zenor Recordz com uma arte diferente desta mais conhecida que postamos e que foi desenhada para o relançamento do trabalho através de vários selos em conjunto anos depois. Por se tratar do primeiro rebento de uma horda "one man band" de black metal do underground brasileiro, e com uma arte batida (nudez feminina e bodes), o trabalho tinha tudo para passar despercebido nas prateleiras de sebos como um daqueles trabalhos feitos com suor, mas sem nenhum capricho, e que uma a cada 100 criaturas noturnas da escuridão possam ter ouvido falar, correto? Sim, mas não passou e muito menos foi feito nas cochas. "A Volúpia Infernal" é uma obra que desafia qualquer fã de black metal, seja melódico ou não, a virar as costas para sua orquestração sangrenta carregada de ódio. A qualidade está muito acima do que se espera de um lançamento assim, com todos os instrumentos audíveis. Os teclados são essenciais, mas não escondem ótimos riffs de guitarras. A estrutura das músicas em alguns momentos remetem ao Cradle of Filth, mas aqui temos menos mudanças de andamentos e menos variações nos vocais, o rasgado quase sempre prevalece. Mas vocais femininos aparecem vez ou outra, dando aquele clima de sedução que as letras pedem, citando orgias e tentações. Drakkar gravou todos os instrumentos, além das vozes masculinas, e se mostrou um músico do underground de raro talento e competência, conseguindo materializar música extrema sem se perder ou nos entediar. Para quem curte as letras, o trabalho do Luxúria de Lillith é todo cantado em português, valorizando ainda mais o rico underground nacional. Destaco a música "Da Morte Para Todo Fim", com um refrão perfeito, em que Drakkar rosna em conjunto com a vocalista convidada Sônia Freitas de forma sublime. Se você é fã de Miasthenia (DF), "Volúpia Infernal" vai satisfazer todos os seus desejos proibidos.

 

sábado, 16 de agosto de 2025

20 anos de Darklife do Silent Cry!!!


O quarto full da banda mineira Silent Cry, sediada em Governador Valadares, chamado Darklife, saiu pela Hellion Records em 2005. A banda, conhecida no cenário nacional por seu gothic doom metal numa carreira de trabalhos memoráveis, desde o precioso debut "Remembrance", nos presenteando com obras (ou lamentos, como costuma dizer o líder, vocalista e guitarrista Dilpho Castro) de bom gosto inexorável, apresentava em seu novo trabalho sua terceira voz feminina, a cantora Sandra Félix. Ficando pouco tempo na banda, Sandra participaria no ano seguinte do também maravilhoso álbum da banda baiana Malefactor, o Centvrian e depois não tivemos mais notícias de sua voz em algum outro trabalho de metal nacional. Uma pena, pois sua voz foi fundamental para consolidar "Darklife" como mais um trabalho importante na carreira do Silent Cry. Este é talvez o álbum mais pesado da banda, com riffs pesadíssimos, como podemos ouvir na faixa "My Tears Are Still Falling". Os vocais guturais de Dilpho contribuem para esta projeção agressiva, enquanto os riffs pesados de início dão lugar a outros muito bem encaixados, mostrando que mesmo uma banda doom pode proporcionar momentos de headbanging. Os teclados como sempre exercem papel importante no som do Silent, introduzindo melodias tristes. "The Wine's Dance" é uma música que mostra a qualidade dos mineiros, assemelhando-se a trabalhos de bandas reconhecidas internacionalmente, uma canção que em momento algum chega a ser pop, mas que tem uma aura mainstream, seja pela qualidade de seus teclados, as guitarras góticas e os vocais masculinos que aparecem de forma limpa também, elevando a canção ao status quo da banda em 2005. Alguns solos de guitarra, algo nem tão inerente ao gênero, aparecem de forma natural e enriquecem faixas como a abertura com "Sufocated in Dakness", uma faixa curta que serviu para mostrar a nova vocalista e a nova fase da banda. "Sweet Serenades", a música mais longa e mais introspectiva do álbum, não deixa que você se esqueça das raizes doom entremeadas ao gótico, e nesta toada, creio que temos a melhor interpretação de Sandra no álbum. A capa mais uma vez mostra a figura feminina e do anjo, apresentando um nu artístico de forma alguma constrangedora ou apelativa, em tons escuros, mais uma vez captando a aura gótica das canções. Além de Sandra e Dilpho, o álbum a banda ainda tinha o guitarrista Albenez Carvalho, Roberto Freitas no baixo, Ricardo Meireles na bateria e Phillipe Dutra no teclado. Ouça uma das faixas mais belas da história da banda, "Last Goodbye" e apaixone-se instantaneamente por "Darklife".

 

20 anos de Touched By the Crimson King do Demons And Wizards!!!


Demorou 6 anos para que os líderes de Blind Guardian e Iced Earth pudessem novamente colocar em prática seu projeto Demons & Wizards. Ele veio em 2005 sob a alcunha de "Touched By The Crimson King".  Musicalmente o segundo ato não difere muito do primeiro. Este projeto não é apenas a junção dos líderes das 2 bandas citadas, ele é a condensação sonora das 2 bandas. Os riffs parecem sobras das produções de Jon Schaffer. E nem sempre as sobras podem ser consideradas ruins, mas não cabiam no trabalho principal naquele momento, ou até uma ou outra melodia pode não ter sido bem aproveitada pelo vocalista do Iced naquele período. Já a voz de Hansi Kürsch está perfeita. Pode até ser que ele não tenha a mesma potência de outrora, mas seu timbre inconfundível eleva as músicas a um patamar magistral. O início do trabalho é melhor que o final. A abertura com "Crimson King" é para te captar rapidamente, por meio dos riffs cavalgados e um ritmo que começa acelerado e tem uma descaída com bastante peso, até lá pelos 3 minutos entrar um dedilhado e a melodia vocálica para mostrar que Hansi é realmente um bardo de terras distantes. Já "Beneath The Waves" na sequência não é tão bombástica, lembrando até algumas coisas que Schaffer faria futuramente quando Stu já estava comandando as vozes de sua banda principal. Enquanto isso "Terror Train" ataca com seu power thrash épico e pode ser considerada uma das melhores faixas do petardo. Para fechar a boa quadra de abertura temos uma semi balada sensacional chamada "Seize the Day" que prova mais uma vez a importância do vocalista alemão para o Heavy Metal. Aliás é importante salientar que existem algumas baladas pesadas no trabalho, o que não deixa o álbum enjoativo, a exemplo da excelente "Love's Tragedy Asunder". Um ponto importantíssimo que deixei para o final são as letras de "Touched by the Crimson King". Um prato cheio para amantes da leitura, a obra é baseada na literatura de Stephen King, a saga "A Torre Negra", minha história favorita do escritor que tem 8 volumes e que li 2 vezes e pretendo ler novamente. Nem todas as músicas remetem claramente à história de King, mas várias delas sim, além da capa, que tentou unir a banda, com um feiticeiro e um demônio na capa, diante da rosa, que é a obsessão do pistoleiro Roland de Gilead. Procure no You Tube o lyric video para a ótima faixa "The Gunslinger" com várias ilustrações inerentes à obra e divirta-se. O álbum fecha com um cover para "Immigrant Song" do Led Zeppelin que ficou bem legal na voz de Hansi.

 

sábado, 2 de agosto de 2025

20 anos de Issue VI do Dew Scented!!!


Como o próprio título do álbum entrega, "Issue VI" é a sexta obra dos alemães do Dew Scented, lançado em 2005 e completando 20 anos em junho passado. A arte da capa é bem legal, com todos aqueles braços pendurados e sangrando. Com um novo baixista na formação, Alexander Pahl, função acumulada pelo guitarrista Hendrik Bache em "Impact", além dos dois ainda temos o demônio Leif Jensen nos vocais e o igualmente monstro nas baquetas Uwe Werning. O som continua infernal, Thrash e Death metal mesclados como serpentes. Um rolo compressor de riffs cortantes e palhetadas  abafadas, com solos de guitarra muito bem construídos, uma bateria avassaladora e um vocalista urrando como um bezerro enlouquecido. Novamente sob a tutela de Andy Classen, não temos muitas mudanças no som do Dew Scented, mas uma ouvida criteriosa mostra certa evolução. O trator continua passando sobre escombros e pessoas, mas agora ele troca de marcha e não desce a ladeira de forma descontrolada. Não que você vá vê-los tocando uma balada e falando de amor, mas apenas tomando impulso para uma nova acelerada e mais um tufo de fumaça negra saindo pelo carburador. Os blast-beats se fazem presentes com intensidade, se você ouvir apenas a bateria de "Conceptual End", certamente vai confundir o som com uma banda de genuíno death metal. O final é avassalador com "Evil Dead" com 1 minuto de agressividade. É um cover mas, não, não é o que você está pensando, é berrada em castelhano e pertence a alguém chamado Zeke, que não sei quem é, mas por pouco é o nome do meu cachorro. Se você gosta de um som pesado, com muita fúria, sem muitas invencionices, sem muitas mudanças, mas arrasador e bem feito, ouça Issue VI.

 

20 anos de ReliXIV do Over Kill!!!


O álbum RELIXIV (reli 14) na verdade é o 13º da carreira dos americanos do Overkill, assim como "Killbox 13" é o 12º full. Acredito que este incidente se deva à banda considerar o EP "Fuck You!!!" de 1987 na contagem geral, e tudo bem, seguimos fazendo contas e apreciando o som desta banda que não se cansa de soltar trabalhos soberbos para nossa apreciação. Mesmo já conhecendo outras obras da banda, como o indispensável "Taking Over" e "Feel the Fire", "ReliXIV" foi o primeiro trabalho do Over Kill que adquiri para minha coleção e, portanto, não poderia deixar de sentir um carinho especial por ele. Lançado em 2005 pelo selo "Spitfire Records" o álbum tem mais groove que a maioria dos lançamentos da banda. Aqui, definitivamente, não temos aquele Speed Metal de início de campeonato, quando todos estão com fôlego para 90 minutos e mais prorrogação, se necessário. Mas a empolgação certamente ainda permeava os músicos, com D.D. Verni e Bobby Blitz à frente, e nas guitarras Dave Linsk em seu terceiro álbum com a banda e Derek Tailer em seu segundo álbum, além de Tim Mallare que encerraria sua participação na bateria do Over Kill justamente neste álbum, após entrar em 1992 e vários trabalhos gravados. Credito a esta dupla de guitarristas a responsabilidade de recolocar o Over kill entre as maiores bandas de Thrash novamente, pois desde "Killbox 13" eles lançaram petardos incríveis um após outro. A abertura do álbum com "Within Your Eyes" foi certeira. Mesmo sendo uma música longa, passando de 6 minutos, seus riffs iniciais arrastados, entremeados ao baixo sempre muito audível de Verni, serviram como uma espécie de marcha para uma música empolgante, ótima para um headbanging. "Love" pode ter aquela passagem esquisita em que Bobby canta sobre uma guitarra quase de Rage Agaisnt The Machine, mas tirando isso ela ainda se torna uma boa música, com o vocalista arriscando agudos e até um gutural. Lá pelos 3 minutos entra um riff que torna a música ainda melhor daí em diante. "Loaded Rack" é a terceira faixa e que fique bem claro. Ela não tem nada que chame atenção, nenhum defeito ou ousadia, ela até passa despercebida entre os nomes de faixas do álbum, mas é a típica faixa comum e metal que toda banda deveria gravar. Ela é simples e perfeita, e você só vai perceber isso se a ouvir com muita atenção dentro do contexto do álbum. Ao contrário dela, a faixa que me vem de imediato à mente quando penso neste álbum é "Bats in the Belfry". Ela tem um lance de guitarra que lembra alguma coisa do debut do Machine Head. É uma faixa diferente, com um refrão forte e um solo de guitarra que combinou demais com as bases. "A Pound of Flesh" é acelerada e forma qualquer mosh que se preze, ótima para aumentar o volume do seu system. "Keeper" fica marcada pela parede sonora reforçada pelos backing vocals do refrão, além de um belo trabalho de bateria, enquanto "Wheelz" já mete um solo curto de cara, com Blitz e as guitarras te obrigando a bater cabeça instintivamente. "The Mark" tem uma primeira parte sem tempero, mas seu final cheio de groove acaba compensando ou salvando a faixa de ser um fracasso. "Play the Ace" é a faixa doom de ReliXIV", queira você goste ou não, mas nem chega perto de incorporar um Black Sabbath como na "Crystal Clear" do trabalho anterior, sendo esta bem mais simples. O trabalho fecha com a diferentona punk country "Old School" cujo nome não faz jus ao que normalmente esperaríamos, mas é um momento divertido, com participação de Eddie Trunk, apresentador do "That Metal Show" nos vocais. A capa, mesmo sem o verde característico, traz a caveira morcego em tons marrons e dourados. Não vá na onda do "torça o nariz como os outros". A balança pesa muito mais para o lado bom do que o lado questionável deste álbum.

 

20 anos de The Vanished Pantheon do Mythological Cold Towers!!!


Conheci a banda Mythological Cold Towers na coletânea "The Winds of a New Millenium" de 1995, da extinta Demise Records, e sempre achei a música apresentada pela banda de Osasco, "Golden Bells of Eternal Frost", um dos destaques da coletânea. Os anos se passaram e a banda se consolidou como uma das mais poderosas do estilo death doom metal brasileiro, chegando a seu 3º petardo em 2005, o excelente "The Vanished Pantheon"! Gravado pelo vocalista Samej, os guitarristas Shammash e Nechron, Hamon na bateria, Lord Morpheus no baixo e Flagellum nos teclados, o trabalho foi lançado pelo selo Somber Music, com livreto de 16 páginas e imagens ancestrais, e no capricho. São apenas 5 músicas, mas que ultrapassam 48 minutos de puro Doom extremo, com vocais guturais na maioria das vezes, e narrado em alguns momentos. Vozes em coro ainda aparecem como surpresa no som, como em "Ancestral Solar Emblem", e termina em "fading out", dando a impressão de fim, mas apenas um efeito para enfatizar um momento importante da canção. As letras do M.C.T., assim como o próprio nome da banda indica, navegam por mitologias, crenças e povos ancestrais, civilizações extintas, deuses, monólitos, totens e profecias milenares. Os teclados têm um papel fundamental no som deste álbum, pois trazem um complemento às guitarras, tornando o som épico, transportando o ouvinte às enormes construções antepassadas e perdidas no tempo. Mesmo estando no mesmo patamar de bandas de death doom, o M.C.T, tem características épicas e extremas, e seu som é claramente peculiar, saindo do lugar comum do doom, principalmente pelas vocalizações diferenciadas, narradas ou brutais. Ouvir "The Vanished Pantheon" traz sentimentos distintos, de prazer, fúria e perturbação, e mostram um grupo acima da média, e um orgulho para os amantes do som arrastado. São 20 anos deste trabalho, mas pelo capricho e competência com que foi elaborado, poderia ser um lançamento recente. 

 

sábado, 26 de julho de 2025

20 anos de Mezmerize do System of a Down!!!


Eu ouvia falar no System of a Down no início dos anos 2000 mas sempre corri de sua música, já que a banda era (ou ainda é) classificada como Nu Metal. Mas em 2005 no horário de intervalo no trabalho a TV estava ligada em algum canal e passava o vídeo de "BYOB". Se você já foi um peixe em outra vida, e teve o desprazer de ser pescado por um anzol, vai entender o que senti naquele momento. Uma banda que eu julgava pelo estilo em que era enquadrada e que me fisgou de imediato com uma música que achei fantástica, misturando 3 estilos de vozes diferentes, mudanças bruscas de andamento, energia e nada daquela coisa dançante e bagunçada com afinação de guitarras quase nos dedos do pé a que eu associava o Nu Metal (e ainda associo). Meu grande amigo Lenilson, que alguns meses depois foi morar no Japão, viu minha empolgação com aquilo e me ofereceu o álbum Mezmerize para ouvir. Caramba, me surpreendi com as músicas destes caras, uma maluquice que em palavras seria pouco provável de dar certo, mas que musicalmente preenchem um álbum sensacional. Aquele som havaiano de "Radio/Vídeo" com certeza é algo que eu não procuraria para ouvir caso lesse em uma resenha, mas faz dela uma das faixas mais legais do álbum. Algumas coisas mais estranhas como "This Cocaine Makes Me Feel Like I'm On This Song" que tem o título maior que a duração da faixa, ainda assim é muito legal. A estrutura das músicas deste álbum é brilhante, a criatividade da trupe estava em um nível muito acima de mentes normais, e com a sorte de ter um vocalista como Serj Tankian com todos os coelhos alucinados que tirou da cartola neste play, começo a acreditar que o S.O.A.D. tenha sido abduzido em algum momento da carreira e voltado à Terra com ideias não convencionais para a música, em especial ao metal e toda a sua mania de não olhar pros lados (não me excluo), e pronto para criar uma música totalmente insana, que eu proibiria veementemente de ser executada em casas de recuperação para pessoas com problemas psicológicos. Mesmerize é pesado, ousado, melódico, criativo, agressivo e mesmo que estas qualidades possam ser encontradas em muitos outros álbuns por aí (mas quase sempre não no mesmo álbum), ele ainda tem a qualidade de desmistificar um estilo e mudar o conceito (ou preconceito) de quem possa ver a banda sem brilho nos olhos. Destaque ainda para as ótimas "Cigaro", "Revenga", "Old School Hollywood"e a balada "Lost In Hollywood".

 

20 anos de Catch Thirtythree do Meshuggah!!!


Nos anos 90, época de MTV e VHS, coisas que os mais novos nem saberão o que significa, gravei um clipe do Meshuggah no Fúria, e por muitos anos este ficou lá entre incontáveis horas de vídeos, até que tive que me desfazer de todo este material antigo, muita coisa mofada ou sem nenhum aparelho para assistir e, numa era de Youtube, sem muito sentido. Não vou me lembrar qual era a música, mas talvez algo do álbum "Destroy, Erase, Improve", mais pelo ano de seu lançamento que por qualquer outra coisa. Já aquele vídeo onde a própria banda com uma câmera na cabeça filmava os caras tocando em um cômodo ou algo assim, não me trouxe nenhuma vontade ou necessidade de procurar outro material da banda. Portanto, após 30 anos, cá estou novamente ouvindo algo desta banda sueca, seu quinto trabalho, "Catch Thirtythree", que está fazendo aniversário de 20 anos. A arte da capa é legal, com as serpentes sobre o fundo escuro, combinou bastante com o logotipo da banda. Quando comecei a ouvir o álbum, aberto com "Autonomy Lost", nem percebi quando passou por "Imprint of the Un-Saved", nem mesmo "Disenchantment", e quem perceberia, caso não estivesse vendo o tempo de músicas e as faixas sendo trocadas num aparelho, o que não era meu caso? Se fosse uma única música de seus 5 minutos, seria um som até legal, meio monótono porque sem muita variação, mas a falta de variação nunca foi um problema pra mim se a invariável fosse boa, o que digamos, não é bem o caso aqui. Mas quando começa "The Paradoxical Spiral" e a variação existe, porém é mínima, tudo começa a ficar entediante de verdade. Porque este é na verdade um álbum de 47 minutos de uma música só, fatiada em vários pedaços, como nas casas com muitos filhos de antigamente, em que a mãe cortava em partes iguais uma bisnaga de pão francês para 10 filhos, mas ninguém queria as pontas. A impressão que fica, ouvindo "Catch Thirtythree" é que estamos comendo as pontas sempre, com quase zero miolo, apenas casca sem resquícios de manteiga. Mastigamos, mastigamos e não ficamos satisfeitos. O que se pode tirar de bom é a produção, o timbre da guitarra, o baixo bem apresentado, um bom baterista e um ótimo vocalista, mas um som enfadonho que, se ouvido ao volante, abra bem a janela para te manter acordado. Porque acordar em outra dimensão com esta música na cabeça seria um pé no saco. 

 

domingo, 13 de julho de 2025

20 anos de Strength Power Will Passion do Holy Moses!!!


O Holy Moses da Alemanha acabou. Lançou seu último trabalho em 2023 e também fez sua última apresentação, após 13 "full albuns" de estúdio. Mas sempre será lembrada como aquela que apresentou uma das vocalistas mais brutais da história do metal, precursora dentro do Thrash Metal, a bela (e fera) Sabina Classen. Depois de 2 demos ela entrou na banda para o terceiro registro de demonstração, intitulado "Satan's Angel" de 1982 e a história de sucesso começou em 1986 com o primeiro full "Queen of Sian". "Strength Power Will Passion" chegou em 2005, o 9º trabalho, e neste momento outra banda já despontava com uma vocalista feminina como referência, os suecos do Arch Enemy de Angela Gossow, que tiveram tanta visibilidade que ajudaram bandas como o Holy Moses a alcançar um maior público, mesmo que tenha chegado primeiro. Coisas da arte e do mundo. Portanto acredito que o sucesso deste trabalho muito se deva àquilo que Gossow trouxe, mesmo que seja realmente um ótimo trabalho. Para ser ainda mais incisivo no onda, colocaram o rosto da vocalista na capa, à frente de um pentagrama e com uma cruz invertida na testa. Os alemães realmente queriam chamar atenção e aproveitar o bom momento. O guitarrista Andy Classen, marido da vocalista, havia se despedido da banda com o ótimo "Disorder of the Order" de 2002 e em seu lugar entrou Michael Hankel, que trouxe ótimas ideias para a banda. O som não é apenas thrash, agora temos muito de melodic death em sua veia mais extrema, uma cara nova para a banda que tirou um pouco da fúria e atitude de outrora, mas que em nada minimizou o som do Holy Moses. Se você pegar as 2 faixas que abrem o petardo, "Angel Cry" e "End of Time", vai perceber que o som está mais próximo do mainstream como nunca. E músicas como "Examination" até te trazem nostalgia do Death na era Symbolic. Há também aquele coro básico e masculino, como no refrão de "I Will" que não deixa o som decolar muito às alturas, lembrando que pertencem ao underground com aquela pegada hard core. Mesmo que eles não consigam manter o mesmo pique por todos os mais de 40 minutos do trabalho, ele ainda soa bastante homogêneo e em nenhum momento te obriga a mudar de faixa. Vale muito a pena botar essa bolacha pra girar.

 

20 anos de Candlemass do Candlemass!!!


Com tantas trocas de formação ao longo da história e vários vocalistas, ainda fica a sensação de que o icônico Messiah Marcolin seja a figura mais emblemática da clássica banda sueca Candlemass. E aqui, no oitavo álbum autointitulado está sua voz marcante novamente. Talvez até a banda sinta um pouco esta sensação, ou sentia 20 anos atrás, já que um álbum com o nome da banda muitas vezes significa reafirmação do tipo: somos a essência do Candlemass e este nome basta, apesar de que em algumas vezes é apenas falta de criatividade mesmo, o que, ouvindo o álbum, passa bem longe disso. Porque "Candlemass", com sua capa branca não se resume a um bom vocalista, mas a um conjunto de pequenos hinos fantásticos de Doom Metal Épico. Ok, não temos a mesma aura de "Nightfall" ou "Epicus Doomicus Metallicus", mas a banda do baixista e fundador Leif Edling construiu músicas pesadas e consistentes, onde as guitarras de Lars Johansson e Mappe Björkman, que ente idas e vindas vieram para este play e não saíram mais, exercem um papel fundamental calcado em riffs muito bons. Todas as faixas são contempladas com bons riffs, alguns melhores que outros, mas até a instrumental "The Man Who Fell  From the Sky" não deixa a desejar. "Born in a Tank" talvez seja a que deixe menos lembranças após ouvir o petardo, mas ainda assim pode ser considerada a que tem um dos melhores solos de guitarra, e aqueles riffs cavalgados que alguns odeiam e outros amam (incluindo eu). Já minha favorita é a faixa de abertura, "Black Dwarf". Sei que ela não representa muito a banda, pois é mais acelerada e Marcolin imprime um tom mais grave, mas seus riffs me cativaram de primeira e ainda permanecem depois de tantos anos. Já os mais tradicionalistas podem preferir "Spellbreaker" ou "The Day And The Night", as faixas que encerram o álbum, em especial esta última, que tem aquela pegada mais tradicional, com alguns dedilhados e um riff estourando os P.A.s que ficaram maravilhosos, além daquela interpretação vocal que faz a alegria das criaturas noturnas. Este trabalho marcou o fim da era Messiah Marcolin no Candlemass em álbuns de estúdio, e trouxe de volta a banda para os holofotes, mostrando que o doom, mesmo sendo um dos estilos mais pisoteados do metal, sempre se reergue poderoso, enfrentando tudo e mostrando que velocidade só é imprescindível nas auto-cars. Clássico!

 

domingo, 6 de julho de 2025

20 anos de Antithesis of Light do Evoken!!!


Parece que estão tocando harpas no inferno. Esta foi a frase que me veio à mente quando ouvi "Antithesis of Light", o terceiro trabalho full dos americanos do Evoken, lançado em 2005 pela Avantgarde Music. As melodias de baixo e guitarra quando são apresentadas em contraste ao restante ou simplesmente destacadas sozinhas, algo utilizado em todo o álbum, passam esta sensação de harpas mortuárias tocadas no funeral de alguma criatura soterrada nas profundezas, ou até mesmo de alguma alma conduzida ao purgatório para refletir sobre sua vã existência. O Evoken consegue soar como uma banda de death doom que ultrapassa os limites da existência em direção ao funeral doom, pois mesmo que esteja claramente musicando neste terreno, carrega influências de seus predecessores dos anos 90, aqueles que transformaram tristeza, solidão, sofrimento e angústia em música. Como alguém dificilmente consiga a fórmula para transformar um álbum de funeral doom em um conjunto de canções totalmente distintas umas das outras, não podemos classificar a similaridade entre elas como ponto negativo para esta antítese da luz, portanto é fácil dizer que o terceiro full deles beira a perfeição dentro do estilo. Músicas longas, todas entre 10 e 13 minutos, arrastadas com raros momentos mais rápidos, como naquela evolução de "In Solitary Ruin" em que blast beats são adicionados, algo já realizado no álbum anterior e executado em perfeição extrema no álbum "Serenades" do Anathema, guitarras a cargo de Paradiso e Nick Orlando ultra pesadas e distorcidas que nunca se tornam emboladas ou inaudíveis, trazendo inclusive alguns solos sinistros em alguns momentos, teclados, a cargo do novo membro Denny Hahn que remetem a montanhas distantes numa paisagem escurecida e assombrada, além de uma bateria extremamente bem tocada por Vince Verkay, fazendo seu melhor trabalho até aqui no Evoken, com timbres claros e altos, soando como pedras rolando em catacumbas nos momentos mais reverberantes. Os vocais de Paradiso são extremamente guturais e abertos, bem diferente daqueles vocalistas que parecem prender um pregador de roupas no nariz na hora da gravação. Tirando a baixa diversificação que já comentei, poderiam ter lançado um álbum com uma intro e uma faixa de 71 minutos subdividida em etapas que o efeito seria o mesmo. Mas soa melhor da forma que foi lançado. Ouça! 

 

segunda-feira, 30 de junho de 2025

20 anos de A Book of Shadows do Goat of Mendes!!!


"A Book of Shadows" é o 4º full length da banda alemã Goat of Mendes. Apesar de gostar mais dos 2 primeiros álbuns, mais calcados no black metal, não posso esconder que gosto muito desta banda, que ocupa as fileiras de baixo no escalão do underground mundial, não sendo muito conhecida pela maioria. Lançado pelo micro selo "Mendes" da própria banda, este registro é ainda mais relegado ao gueto que na época em que a banda pertencia ao selo "Perverted Taste" (Carpathian Forest, Taake e outros), mas tenho uma cópia em MP3 desde 19elávaikafunga, que passei para o CDR também. O som é muito responsável, a banda sempre seguiu um caminho de trabalho e confiança em sua música. A produção pode não ser das melhores, caso contrário é certo que a banda teria um público ainda maior. Em minha opinião um dos grandes trunfos do Goat of Mendes é o trio de vocalistas, que estavam lá desde o início da banda, Maia, Surtur e Marco (também guitarra e baixo). As vozes, sejam narradas, cantadas ou gritadas, são praticamente as mesmas que ouvimos desde "Hymn To One Ablaze" (1996) e isso é a identificação imediata da banda. Principalmente porque não são vozes típicas de um estilo, daquelas que 1 milhão de bandas possui, você saca que são eles sem precisar que te mostrem a capa do play. Este álbum supera o anterior "Thricefold" (2002), onde a banda fincou de vez os pés no Pagan Metal, porque aqui temos um maior equilíbrio com o black metal de outrora. O primeiro grande destaque fica para a faixa título, uma das mais curtas do álbum, com 4 minutos e quarenta, com todos os elementos condensados de forma que você pode ser apresentado aos alemães com esta canção. Os riffs de Marco e Larz são um detalhe crucial, podem não ter a técnica de mestres mas fazem toda diferença no som. Outro detalhe nascido do álbum anterior que perdura aqui é o uso do violino. Ouça a faixa "Guardian Spirit" e se surpreenda com um som que poderia estar em qualquer álbum do "My Dying Bride", triste e profundo, ao passo que a banda diminui o ritmo para fazer um efeito doom nos momentos que o violino entra. O som é quase sempre rápido, mas nada exagerado e outra faixa épica de extremo bom gosto é "Staff and Chalice, Sword and Stone", cheia de reviravoltas e uma de minhas preferidas. A arte da capa imitando a capa de um livro não é das melhores, se fosse preta ao invés de marrom seria mais impactante, mas este é apenas um detalhe para um álbum de metal extremo bem interessante, que tanto fãs de Cruachan quanto de Opera IX deveriam ouvir. Sério, sem invencionices risíveis e de extremo bom gosto.

 

domingo, 15 de junho de 2025

20 anos de The Archaic Abattoir do Aborted!!!


A banda belga Aborted lançava em 2005 seu quarto registro, intitulado "The Archaic Abattoir". Quero começar pela arte da capa. Lançado no Brasil pela Malignant Art sob licença da Listenable Records, a cópia que tenho em mãos vem envolta em um belo slipcase, com uma arte totalmente diferente da capa original, algo muito enriquecedor que venho falando constantemente. Selos, lancem splicases com uma arte diferente da capa do encarte, isso é fantástico para os colecionadores. Neste caso, temos um "doutor" mascarado com uma serra elétrica pronto pra dividir um corpo, enquanto o slipcase mostra o lado externo da construção onde se dá a cena. Tudo naquela aura de jogos modernos de terror, mas mesmo assim casando perfeitamente com o som brutal do Aborted. A pancadaria come solta no petardo e se você não prestar atenção vai terminar os 36 minutos do álbum achando tudo a mesma coisa so início ao fim. Ok, os caras não criaram alguns hits em meio a preenchimentos, isso é coisa de banda de hard rock, mas podemos perceber particularidades que definem cada música como única, mesmo que todos toquem o mais brutal que sabem. "Hecatomb" por exemplo tem uns breakdowns que os fazem se aproximar do deathcore, além de um riff no final muito thrash metal, enquanto a excelente "Gestated Rabidity" tem alternâncias expetaculares e um solo de guitarra que se não tem nenhum super poder, consegue carimbar a faixa com uma melodia que diz: "I don't give a fuck" pra qualquer um. "The Gangrenous Epitaph" tem um peso avassalador, com andamentos um pouco mais contidos, como um cruzamento de Gorefest com Carcass. Os vocais de Sven duelam entre o ultra gutural, que eu acho mais legal, e o gritado, que acaba dando uma pegada metal core ao som em alguns momentos. Outra faixa matadora é "Threading on Vermillion Deception", com sua letra em torno da necrofilia, mas um instrumental tão coeso e doentio quanto sua letra. Enfim, não ouça "The Archaic Abattoir" fazendo aquela faxina na casa. Pare e preste atenção nos riffs, nos vocais, na bateria destruidora. Certamente encontrará um álbum poderoso, uma ameaça aos ouvidos sensíveis. 

 

segunda-feira, 2 de junho de 2025

20 anos de Command To Charge do Suidakra!!!


Eu, particularmente, sempre achei "Command to Charge" o trabalho mais diferente da banda alemã Suidakra. Com um início bem calcado no black/folk, a banda liderada por Arkadius gravou no final de 2004 e lançou em 2005 seu sétimo trabalho, com a pegada mais melodic death possível. Nem os solos de guitarra mais folk conseguem deturpar a sensação de um som calcado em Gotemburgo, e a música "Second Skin" é um exemplo perfeito desta afirmação, tanto em seu título, que remete verdadeiramente a uma segunda pele apresentada pela banda, como o som diferente de outrora, como em suas bases death, seu belíssimo solo tipicamente celta e os vocais limpos que bandas como In Flames e Soilwork tanto imprimiram em seu som naquele período. Temos instrumentais mais folk para quebrar o clima, momentos deliciosos, que se não forem sublimes, conservam a etiqueta original da banda, como "A Runic Rhyme" e "Haughs of Cromdale". A capa do play, criada por Kai Swillus, me incomoda bastante, apesar dos tons azuis que tanto gosto, mas achei a caveira muito digital, e me faz lembrar bandas de metalcore, arte bem aquém da que ele  criou para "A Light in the Dark" do Metal Church. "Gathered in Fear" já é um belíssimo tema folk, cantada com a voz limpa do guitarrista Matthias Kupka sobre cordas acústicas, dando aquele toque existencial de floresta que toda banda deste segmento adora presentear seus fãs. "Dead Man' s Reel" é uma música que lembra música tradicional escocesa e é um dos momentos que faz você se esquecer do death melódico por 4 minutos, o que é bem legal. Tenho que admitir que taxar "Command to Charge" como um álbum de melodeath é algo puro e crucialmente um sentimento de recordação, nascido em meu âmago há 20 anos quando comprei este álbum pensando nas maravilhas de "Lays From Afar" e mais precisamente no inquestionável "Emprise To Avalon", mas quando o laser destrincha as ranhuras do CD, este sentimento fica relegado a segundo plano, uma vez que o sétimo filho do Suidakra joga tanto no ataque quanto na defesa, e hoje, proporciona momentos muito mais eficazes que na época de seu lançamento. Essa dualidade pode ser identificada na faixa que deveria fechar o trabalho, não fosse uma hidden track, a "The End Beyond Me", que esconde um final que apresenta após alguns segundos a vocalista Tina Stabel em "Moonlight Shadow", bem interessante e encantador, e dali em diante ela faria várias participações nos álbuns da banda. É necessário dar uma chance a este play, caso não o tenha ouvido nestes últimos anos.

 

domingo, 25 de maio de 2025

20 anos de The Code Is Red... Long Live The Code do Napalm Death!!!


"The Code Is Red... Long Live The Code" é o segundo lançamento do Napalm Death pela gravadora Century Media, e o primeiro de inéditas já que o debut foi um álbum de covers. O que temos aqui sem dúvida é um play do Napalm, com todas as características que você, criatura noturna, conhece. Bateria incansável e em alguns momentos (Sold Short) com levadas que remetem a estilos totalmente diferentes do death/grind e nem por isso soando como um bêbado numa reunião de AA. Temos algumas participações especiais ajudando Barney Greenway com seus gritos insanos. Estamos falando de Jeff Walker do Carcass na faixa "Pledge Yourself to You", que estava longe da cena a aproximados 8 anos, mas achei que seu vocal rasgado foi um pouco suplantado por Greenway em volume. Jamey Jasta do Hatebreed está presente em duas faixas, "Instruments of Persuasion" e na citada "Sold Short" e a presença mais significativa em termos de casamento bem sucedido, Jello Biafra do "Dead Kennedys" e outros, na ótima faixa "The Great and the Good", minha preferida no petardo. O momento estranho ficou com "Morale", uma faixa progressiva e pouco agressiva que, estranhamente ganhou um vídeo para divulgação do álbum, além da porrada de abertura "Silence Is Deafening".  Todos os músicos desempenham um papel crucial na configuração do som, seja Mitch Harris nos riffs sujos, porém bem produzidos, ora mijando fora do pinico grind e nos presenteando com aquela sonoridade death inglesa de anos 90, mas quase todo o tempo carregando no grind clássico, Shane Embury com as 4 cordas estourando e enchendo o ambiente de peso e distorção, ou Danny Herrera empregando muita velocidade em todas as faixas. Tenho certeza que há 20 anos muitos fãs julgaram "The Code Is Red..." apenas mais um álbum do Napalm e hoje o tenham como um clássico.

 

quarta-feira, 21 de maio de 2025

Entrevista com Gabriel Andrade (OSFIDECRUZCREDO)!!!

 





Metal e Loucuras – Gabriel, um prazer tê-lo em nossa página Metal e Loucuras. Se apresente para nossos seguidores.

 Meu nome é Gabriel, como você me disse, sou comediante stand up e faço vídeos de humor pra internet. Foi um jeito fácil que achei de largar a engenharia.

M&L – A primeira coisa que chamou nossa atenção em seus vídeos, foi a temática de metal extremo. A vida de cara do metal extremo numa cidade do interior de Minas. Você é realmente um fã de metal?

Sim. Desde criança. Meu pai ouvia algumas bandas de metal mas ele era mais do rock nacional e progressivo. Acabei depois eu mesmo descobrindo esse universo por conta própria.

M&L – Desde quando e quais bandas você mais curte?

Desde que nasci. Não me lembro quando comecei. Eu curto todo o universo do metal. Desde Black Sabbath até Rotting Christ. Sepultura, Velho, Sarcófago, Venom, Death, Mayhem. Se tem guitarra, eu tô ouvindo.

M&L – Você tem postado a criação de uma banda, com o hilário nome “Os Fi De Cruz Credo”. É só mais uma brincadeira, ou vocês estão levando isso a sério? Você toca algum instrumento?

Começou como uma piada mas depois a gente começou a fazer acontecer de verdade. Eu toco guitarra e meu irmão, Vinícius, toca bateria. O cabeludo que aparece nos vídeos como o personagem “primo”. A banda somos nós dois.

M&L - Qual será o estilo de metal?

Black Metal Mineiro!

M&L - Pelos títulos, será cantado em português, como serão as letras?

As letras serão sobre coisas cotidianas de Minas Gerais. Sempre em tom de comédia, porém levando a parte melódica mais a sério para de fato parecer uma banda. Porém sem esquecer que sou humorista, portanto segue sendo uma sátira.

M&L - Você mesmo está fazendo os vocais?

Sim. Eu mesmo irei cantar. (Eu espero).

M&L - Vc citou um CD em breve num vídeo, será físico ou apenas streaming? Vocês mesmos vão lançar?

A gente mesmo vai lançar e em streaming. A princípio nada físico pelo custo que isso acaba gerando.

M&L -Existe uma preocupação em ser comparados ao pessoal do Massacration?

Seria uma grande honra ser comparado a qualquer coisa criada no Hermes & Renato. Se eu sou humorista hoje, grande parte é por causa deles. Eu costumo dizer que é como xingarem o Greta Van Fleet por parecer Led Zeppelin. Meu amigo, se eu tenho uma banda e me dizem que tá parecido com uma das maiores da história, pra mim é elogio.

M&L - Sendo o estilo o metal extremo, você tem a preocupação da galera mais radical não entender que se trata de diversão e começar a jogar pedras?

Eu não dou a mínima pra isso, honestamente. Eu olho pra quem tá gostando. O que me preocupa são as pessoas que estão rindo. Quem tá odiando nunca me afetou na internet. Muito pelo contrário. Acho até engraçado uns "marmanjo véio" se doendo porque acha que o que ele gosta é sagrado. Me divirto demais com haters. E eles ajudam no engajamento, então só tenho gratidão por eles. (risos)

M&L – E como realmente é a vida de um headbanger numa cidade do interior, ou até mesmo da zona rural?

É bem diferente da capital. A gente cresce ouvindo esse som e depois acaba conhecendo meia dúzia de malucos que também gostam. Mas não tem show pra ir, nem bar de rock. É só a gente com a gente mesmo. Bebendo vinho barato na frente dos Correios e sendo amigo de todo mundo. Punks, metaleiros e idosas. Todos juntos.

M&L – Muitos personagens aparecem nos seus vídeos, a maioria apresentada como sua família. Eles realmente são seus parentes?

Todo mundo que apareceu nos vídeos até hoje é da minha família. Namorada, primos, irmãos, avó e até minha priminha 

M&L – Qual tipo de vídeo tem maior interação dos seguidores?

Os vídeos que a gente consegue juntar a vida na roça com as coisas da banda. Esses são os que vão melhor.

M&L – O que você faz da vida, além daquilo que os seguidores seguem nas redes sociais?

Faço show de stand up há 7 anos e vivo disso.

M&L – Existe uma programação de lançamento de conteúdo ou você tem aquela luz e do nada surge uma nova ideia e põe em prática?

Vem do nada, gravamos sem roteiro e vou criando na hora. Edito no celular mesmo e posto. Sem muita alteração ou cortes.

M&L – Conta pra gente, a herança da sua avó, aquele acervo cinematográfico, foi real?

100% real. Depois que ela faleceu fomos vasculhar as coisas dela e encontramos dezenas de segredos. Dentre eles, os filmes. 

M&L – Os títulos das músicas dos Fi Di Cruz Credo fazem sentido pra todos os seguidores, ou só nós mineiros conseguimos entender perfeitamente?

Todo mundo entende, mas só o mineiro sente na alma. É a mais pura verdade do nosso cotidiano. As pessoas acham que a gente exagera. Mas Minas Gerais é um país.

M&L – Deixa um recado pros seguidores do Metal e Loucuras, que não vivem apenas de metal, mas que ainda não conhecem mas podem conhecer as loucuras do seu perfil.


Eu espero que quem estiver lendo essa entrevista cole lá no meu perfil e se divirta. Eu tô em todas as redes sociais e tem vídeo quase todo dia. E em breve lançamos camisas e disco d’Os “Fi de Cruz Credo”. Valeu demais pelo papo e espero que a gente se encontre nos mosh’s por aí.









Endereço do Instagram:

https://www.instagram.com/gabrielandrademg?igsh=aXl1N2VlaXIxdWdv