O Tourniquet dos Estados Unidos sempre foi uma banda meio incompreendida, seja no meio cristão, onde suas letras se encaixam, seja no meio metálico, onde seu som sem se prender a rótulos assusta até hoje aqueles que não se acostumaram ainda com a diversidade musical dentro do estilo. Microscopic View Of A Telescopic Realm é o sexto álbum dos caras e a prova de que não há regras neste som, mesmo que a base por onde caminham seja o Thrash Metal. A música "Besprinkled In Scarlet Horror" de cara já mostra que se você não aceita mudanças bruscas e instrumentos como a flauta naquela parte final da música onde parece que o Metal tenha fugido do contexto, melhor colocar outro CD para ouvir. Mas "Drinking From The Poisoned Well" finca mais os pés no Thrash e mesmo com várias mudanças de andamento e vocalizações, onde os mais graves acompanhem as partes mais cadenciadas e os mais abertos ficam nas partes mais aceleradas e lembrem mais trabalhos como Vanishing Lessons. Na faixa título temos partes mais hardcore, como na primeira faixa, e bons riffs, e uma bela e triste melodia lá pelos 4 minutos numa parte em que Steve Rowe do Mortification empresta sua voz. Em "The Tomb Of Gilgamesh" temos um belo cartão de visitas para quem deseja conhecer melhor a banda, um andamento bem legal, com riffs bem feitos e até uma passagem inusitada de violoncelo. Fica a curiosidade para saber como condensariam toda complexidade em uma faixa mais curta, já que as 4 primeiras giram em torno dos 7 minutos, daí "Servant Of The Bones" começa dando a entender que será uma semi balada, mas logo os gritos dizem o contrário e ela basicamente vai e volta nestas viradas, onde podemos destacar o trabalho técnico do baterista Ted Kirkpatrick, que ajudou a gravar o baixo junto com o guitarrista Aaron Guerra. Nos vocais Luke Easter que volta a cantar como em seu primeiro álbum com a banda na faixa "Erratic Palpitations Of The Human Spirit", antes de descambar pro hardcore novamente, mas em seus últimos momentos temos talvez as melhores harmonias de guitarras do álbum. "Martyr' s Pose" começa acústica, traz algo parecido com um berimbau, e é a faixa que mais sai do contexto neste play. A instrumental "Immunity Vector" serve para apresentar os músicos em seus instrumentos, com passagens evidenciando o baixo, a guitarra e um solo de bateria, além de novamente apresentar um som de flauta bem legal. O início de "Indulgence By Proxy" flerta com o New Metal, mais uma das loucuras destes caras, e para nossa sorte e salvação do álbum, isso ficou apenas nesta música. "Caixa de Raiva" também apresenta bons riffs e de português tem apenas o título. O álbum fecha com a bela e longa "The Skeezix Dilemma Part II (The Improbable Testimony Of The Pipsisewah)" (ufa), com direito a mais violoncelos, inserção de música clássica e muito peso. Se você gosta de um som audacioso tocado por músicos experientes e nunca deu chance ao Tourniquet somente por se tratar de uma banda com ideologia religiosa, está na hora de rever seus conceitos.
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