A Dorsal Atlântica foi uma das primeiras bandas de metal extremo do país e "Dividir & Conquistar", seu segundo álbum, lançado em 1988, apresentava um grande salto em qualidade e técnica em relação ao clássico debut. As letras, como sempre críticas, estão bem mais inteligíveis na voz gutural e gritada de Carlos Lopes, o baixo de seu irmão Cláudio Lopes é um tapa na cara com luva de pedreiro, a bateria de Toninho Hardcore não dá trégua, ao passo que a guitarra de Carlos (o Vândalo) despeja riffs sensacionais. "Tortura" é um furacão, que passa levantando poeira em seus 2 minutos de pancadaria. "Vitória" tem riffs ultra rápidos e solos bem elaborados, mesmo que estejam um pouco mais altos que o necessário e os vocais fortes. Uma das melhores músicas compostas pela banda é "Violência é Real", com várias mudanças de andamento, intercalando partes rápidas e outras cadenciadas, com uma letra interessante sobre esperança e que 9 em cada 10 headbangers no Brasil sabem cantar, um hino do metal nacional. E com uma letra que continua atualíssima, "Metal Desunido" discorre sobre os hoje chamados "fiscais do metal", aqueles que criam regras do que você pode ou não ouvir, ser ou não ser, dentro de um estilo que nasceu pregando a liberdade. Culpam a internet por isso, mas você tinha intenet em 1988? É mais fácil encontrar um bode expiatório que aceitar algo inerente ao ser humano. "Lucrécia Bórgia" traz até uma passagem de teclado bem legal, criada pelo Celso Suckow, que tocava no Metalmorphose na época do Ultimatum, split que as 2 bandas dividiram. O álbum ainda tem "Morador das Ruas", "Velhice" e "Preso ao Passado", grande músicas, com vocalizações que, mesmo que sigam uma linha constante no álbum, buscam se diversificar com criatividade. "Dividir & Conquistar" é um trabalho de Thrash Metal, mas tudo nele nos dá uma ideia de vanguarda, o que digamos, sempre foi um prato cheio para os fiscais.
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