Participando de um grupo de colecionadores de material metálico no último dia de Novembro, percebi que um dos participantes, o amigo Jorge Luiz, postou vários álbuns do metal nacional durante o mês com o título "30 Dias Brasil". Interessado, voltei às suas postagens no início do mês e li várias delas, ao mesmo tempo em que eu, apaixonado pelo metal nacional, já bolava algo parecido para postar no mesmo grupo. Porém, pensando melhor, vi nisso uma grande oportunidade de criar o Dezembro Verde e Amarelo aqui no Metal e Loucuras, e resenhar 1 álbum por dia até a virada do ano. Afinal o último especial que fizemos neste formato foi o dos Melhores álbuns do Metal Nacional, há um bom tempo. E nada melhor que começar pelo álbum que eu estava ouvindo justamente no momento em que lia as belas resenhas de meu amigo, o grandioso Use & Control dos cariocas do Avec Tristesse. Não vou omitir os fatos, quando este álbum foi lançado em 2013 eu não lhe dei a mínima chance. Baseado no que li na época e ouvindo apenas alguns segundos numa loja especializada, descartei de cara a chance de adquirir o trabalho. Primeiro que a palavra "progressivo" sempre me causou alergias, e segundo que eu era apaixonado pelo álbum anterior, o fantástico "How Innocence Dies" de 2004, um trabalho de Dark/Doom com algumas pitadas progressivas, devo admitir. Mas Use & Control é aquele típico trabalho no limiar da esquisitice. Eu explico, o trabalho é tão ousado e ilimitado, que se sua loucura percorresse mais alguns metros na estrada da sanidade, se tornaria um álbum sem pé nem cabeça. E é justamente por caminhar na fronteira do absurdo que o Avec Tristesse conseguiu dar à luz a uma obra sensacional. As músicas nunca seguem o caminho que você espera ou prevê. Quando acha que uma delas acabou ou terá uma melodia de um minuto inteiro em "fading out" aparece uma melodia ainda mais bonita ou uma pancadaria pra encerrar com ódio. Você acha "The Human Nature" inspiradora, mesmo que seu ritmo se distancie um pouco da melancolia e se surpreende em seguida com a agressividade de "I've Learned To Hate", mas quando entra um chorinho no minuto final você fica desnorteado e pensa, "que porra é essa, alguém mudou pro rádio?". Aí você volta na música e percebe que a mudança foi tão natural que aquele estilo repugnante deixou a música muito interessante. Até aquele instrumento bizarro com a alcunha de saxofone aparece no álbum sem que te faça torcer o nariz, e isso é algo raro. O bom é que ouvindo o álbum por completo ( e fiz isso 5 vezes seguidas de ontem pra hoje) percebemos que toda aquela aura melancólica do trabalho anterior ainda é a alma da banda, seja nas passagens mais acústicas e vocais limpos, seja nas mais agressivas com vocais urrados e alguns barulhos eletrônicos (ouça a maravilhosa "Selfish"), o Avec Tristesse evoluiu, assustou, e conquistou, através de um trabalho ousado, muito bem produzido e, infelizmente, ofuscado pela luz de seu antecessor.
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